UFRJ suspende projeto de extensão de futebol que tem o contraventor Adilsinho como parceiro
O campo de futebol da Escola de Educação Física e Desportos, na Praia Vermelha, sendo usado por atletas do Atlético Barra da Tijuca — Foto: Silvana Sá / Divulgação
A UFRJ decidiu suspender, por tempo indeterminado, nesta quinta-feira (1º), um 💥️projeto de extensão de futebol da Escola de Educação Física e Desportos que tem o contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, como parceiro. A decisão acontece após💥️ Associação de Docentes da UFRJ (Adufrj) denunciar o caso. A parceria é de 2023.
Adilsinho e Luís Antônio Verdini de Carvalho, professor de Educação Física da instituição, atuam no "Nova Geração Carioca: futebol como veículo de transformação social" e usam os campos de futebol da UFRJ para treinarem jovens para o Clube Atlético Barra da Tijuca, que podem ter chances de se profissionalizarem.
A dupla é sócia no clube: Aldisinho tem 99% da sociedade, e Verdini 1%.
2 de 5 Adilson Oliveira, o Adilsinho — Foto: Reprodução/FantásticoAdilson Oliveira, o Adilsinho — Foto: Reprodução/Fantástico
Ambos foram alvos de mandado de prisão na última semana na Operação Smoke Free, contra uma organização criminosa armada e especializada na venda ilegal de cigarros deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. 💥️O contraventor está foragido. Já Verdini foi preso.
De acordo com documentos da Superintendência de Formação Acadêmica de Extensão, ligado a pró-reitoria de Extensão, 150 adolescentes são atendidos no programa. No Sistema de Informação e Gestão de Projetos (SIGProj) da universidade, o Clube Atlético Barra da Tijuca aparece como parceiro.
Luís Antônio Verdini de Carvalho já foi treinador da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e ocupa atualmente o cargo de assessor da Secretaria Nacional de Futebol e Direitos do Torcedor, do Ministério da Cidadania. Ele é docente da Educação Física desde 1996 e é professor, com carga de 20 horas semanais.
Em Brasília, ele atua com o programa “Academia e Futebol”, que tem a participação de 39 universidades públicas de todo o Brasil.
3 de 5 Ernani da Silva Thomaz: servidor da UFRJ atua como coordenador de futebol — Foto: Reprodução
Ernani da Silva Thomaz: servidor da UFRJ atua como coordenador de futebol — Foto: Reprodução
Segundo a UFRJ, o coordenador do projeto é o técnico administrativo Ernani da Silva Thomaz. Na universidade desde 2010, ele é servidor lotado na Escola de Educação Física e Desportos.
Entretanto,💥️ ele se apresenta como coordenador das categorias de base do Clube Atlético Barra da Tijuca. Ao g1, ele confirmou as atuações. A pró-reitora e a reitora da universidade viram conflito de interesses na situação (), mas não apontaram ilicitudes na parceria.
Ernani, entretanto, destacou que não tinha ciência do conflito de interesses.
"Hoje eu tive noção de que era conflituoso a minha atuação na universidade e trabalhar para o clube. Só tive noção do problema e do tamanho. (Só tive) a partir do mandado de prisão dos dois. Por conta disso, eu estou encerrando essa parceria e não quero usar mais essa marca", disse.
O servidor destacou que começou a parceria com o time de futebol do contraventor em 2023 a partir de uma conversa com o professor Luís Antônio Verdini de Carvalho.
"Ele via a minha luta de procurar clubes. Ele falou que o clube estava com a categoria parada e a gente poderia usar. Esse projeto vem desde 2017. Os trabalhos de extensão precisam de um público-alvo externo. E a gente, como é um projeto de futebol, procura clubes que tenham interesse e que estão com as categorias paradas para que possamos colocar o trabalho dos nossos alunos à prova, com outros clubes de bases. O primeiro clube foi o América. Em 2018/19 foi o Mesquita. Em 2023 iniciamos com o Barra da Tijuca", disse Ernani.
4 de 5 O professor da Educação Física da UFRJ, Luís Antonio Verdini de Carvalho — Foto: ReproduçãoO professor da Educação Física da UFRJ, Luís Antonio Verdini de Carvalho — Foto: Reprodução
Questionado sobre não ter interrompido o projeto em 2023, após Adilsinho ser alvo da Operação Fumus, Ernani da Silva Thomaz se defende: "O professor Verdini é da universidade. De verdade, não tínhamos noção disso tudo (da ligação de ambos). Para mim foi uma surpresa bizarra, um negócio preocupante. Não quero mais", informou.
De acordo com a investigação, do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal, 💥️Adilsinho é um dos cabeças de uma quadrilha, ao lado do irmão Cláudio Nunes Coutinho – chamados de "patrão" pelos comparsas, segundo a denúncia do MP –, e primo de Hélio Ribeiro de Oliveira, o Helinho, presidente de honra da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio.
Adilson tem negócios ligados à construção civil, e teria sido com esses negócios que ele criou o time de futebol Yasmin, em 2010. O nome foi dado em homenagem a sua filha. Depois, o time se profissionalizou e, em 2013, virou o Clube Atlético da Barra da Tijuca, que chegou a disputar a segunda divisão do Campeonato Carioca.
Apaixonado por futebol, Adilson chegou a jogar no seu time como atacante reserva. O time tem as mesmas cores do Fluminense, time do coração de Adilson.
O professor João Torres de Mello Neto, presidente da Adufrj, criticou a forma de utilização do campo de futebol e a falta de transparência com que o tema é tratado na universidade.
“Parece um uso privado de um espaço público. Por que este clube e não outro?”, questionou o dirigente ao jornal da instituição, que completou: "Parece um paradoxo dos movimentos na UFRJ: lutam contra a privatização dos espaços públicos, mas ocultam a utilização privada desses mesmos espaços.”
O programa de extensão "Nova Geração Carioca: futebol como veículo de transformação social" está sob a coordenação da professora Katya Gualter, diretora da Educação Física de Desportos (EEFD), que está sob o guarda-chuva do Departamento de Arte Corporal da Escola da UFRJ.
Ao💥️ g1, Gualter afirmou que decidiu "suspender o projeto por enquanto", já que "o clube entrou dentro de um campo duvidoso de investigação". Além disso, ela confirmou que o Clube Atlético Barra da Tijuca é parceiro do projeto de extensão.
5 de 5 A sede do Clube Atlético Barra da Tijuca funciona neste edifício de alto padrão na Barra — Foto: Silvana Sá / DivulgaçãoA sede do Clube Atlético Barra da Tijuca funciona neste edifício de alto padrão na Barra — Foto: Silvana Sá / Divulgação
"💥️O clube consta como parceiro no projeto. Ele está cadastrado no Sistema de Informação e Gestão de Projetos (SIGProj). O projeto oferece aula para alunos de comunidade e muitos clubes aproveitam e contratam esses alunos. Esse clube não tem ingerência sobre o projeto", disse a pró-reitora, que completa:
"O projeto é lícito e essas pessoas 💥️(do clube) não têm nada a ver com a universidade. Mas, vamos findar qualquer relação com o clube. Ele não será mais parceiro. Além disso, vamos suspender o projeto por enquanto. Como existiu esse entrevero e o clube entrou dentro de um campo muito duvidoso de investigação, o melhor a fazer nesse momento é suspender o projeto", informou Katya Gualter.
Por sua vez, a reitora da UFRJ, a professora Denise Pires de Carvalho disse que a universidade não tinha conhecimento da 💥️ligação do contraventor com o clube e que o técnico administrativo Ernani da Silva Thomaz trabalhava para o Clube Atlético Barra da Tijuca.
"Não tínhamos nenhum conhecimento. Esse é um projeto legal, mas a gente não tinha conhecimento de quem era o dono do clube. A partir disso, vamos abrir uma sindicância para apurar a conduta do servidor", informou.
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