Oito anos depois da Copa do Mundo, transporte público é principal herança do evento na região da Fonte Nova, em Salvador
Localizada em área central de Salvador, Fonte Nova tem proposta multiuso — Foto: Divulgação/EC Bahia
Oito anos depois da realização da Copa do Mundo no Brasil, a Fonte Nova, reconstruída para sediar os jogos em Salvador, segue com sua proposta de arena multiuso, recebendo atividades esportivas, shows e outros eventos. De acordo com a administração do estádio, desde 2014, cerca 4,9 milhões de pessoas assistiram a jogos no local. O estádio é a casa do Esporte Clube Bahia, que costuma jogar lá as partidas que são de mando do time.
Localizado em uma área central de Salvador, a Arena Fonte Nova tem no seu entorno residências, comércio, escolas, além de importantes terminais de transporte: a estação do metrô Campo da Pólvora e Estação da Lapa – a maior estação rodoviária da cidade e que possui conexão com o metrô.
A avenida Presidente Costa e Silva, que fica em frente à arena, é uma das mais movimentadas da capital baiana: nela, passam 19 mil veículos por dia, segundo dados da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador).
A Fonte Nova ainda é vizinha do Dique do Tororó, um dos principais pontos turísticos de Salvador. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Dique abriga esculturas de orixás, obras do artista baiano Tatti Moreno, que morreu em 2022.
2 de 7 Fonte Nova conta com localização privilegiada — Foto: Matheus Pereira/Secom/BA/DivulgaçãoFonte Nova conta com localização privilegiada — Foto: Matheus Pereira/Secom/BA/Divulgação
Neste mesmo ano, as obras do Dique foram recuperadas após reforma pelo governo baiano. Muitos moradores da região usam o dique para caminhadas e exercícios, e como área de lazer.
A região onde ficam o dique e a Fonte Nova costuma sofrer com alagamentos nas épocas de chuva mais intensa. Em algumas ocasiões, as ruas da área chegaram a ser interditadas por este motivo. No final de 2023, uma via ao lado do estádio precisou passar por uma obra emergencial para mitigar as inundações.
3 de 7 Arena Fonte fica em uma das áreas mais movimentadas de Salvador — Foto: Arte g1Arena Fonte fica em uma das áreas mais movimentadas de Salvador — Foto: Arte g1
O entorno do estádio tem alto fluxo de veículos, além de estações de transporte público, como estações de metrô e a estação da Lapa, maior terminal de transbordo da cidade, que conta com serviço de metrô e de ônibus.
O serviço metroviário é a principal mudança ocorrida na capital e maior herança da Copa do Mundo. A obra fez parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade e integrava ações que seriam realizadas para a disputa.
Inaugurado às vésperas do Mundial de 2014 com apenas 5,6 km em operação, o metrô de Salvador conta hoje com 33 km de extensão e duas linhas, com 20 estações no total. Até o final de 2022, o governo do estado promete inaugurar mais duas estações, que farão com que a extensão das linhas chegue a 38 km.
4 de 7 Estação de Metrô Campo da Pólvora é a mais próxima da Fonte Nova — Foto: Divulgação/CCREstação de Metrô Campo da Pólvora é a mais próxima da Fonte Nova — Foto: Divulgação/CCR
A estação mais próxima da Fonte Nova é a Campo da Pólvora. Em dias de grandes eventos no estádio, a demanda do metrô é ajustada para atender ao público e em algumas situações, o horário de atendimento é estendido.
As estações Brotas e Lapa também ficam próximas ao estádio e são usadas por frequentadores da Fonte Nova. De acordo com a CCR Metrô Bahia, que administra o sistema, uma média de cerca de 73 mil pessoas passam diariamente pelas três estações.
Por conta da oferta de vagas e estacionamentos ao longo da região do estádio, muitas pessoas optam por chegar ao local em veículo próprio. O edifício garagem da arena tem capacidade para receber até dois mil veículos.
No entanto, a procura também causa transtornos. Em dias de eventos de grande públicos, como em jogos do Bahia ou grandes eventos musicais, as ruas mais próximas ao estádio, como a Ladeira da Fonte de Pedras e trechos da Avenida Presidente Costa e Silva, são interditadas pela Transalvador, para priorizar o fluxo de pedestres.
As interdições costumam se refletir em engarrafamentos em avenidas vizinhas, como a Bonocô e a Vasco da Gama. Na região de Nazaré, que conta com ruas mais estreitas, o trânsito também é prejudicado.
"O problema maior para a gente que mora no entorno é em relação ao número de carros estacionados. O trânsito na rua não fica tão ruim, mas em frente à casa não dá para estacionar. A gente chega com compras e não tem onde estacionar. E os guardadores fazem muito barulho, são muito chatos", reclama a dona de casa Mirian Cristina, que há 40 anos mora na vizinhança da Fonte Nova.
Para reduzir os danos, organizadores de eventos, como o Bahia, apostam em parcerias com shoppings da cidade, que ficam perto das estações de metrô. Com isso, é possível estacionar nesses centros comerciais e seguir até o estádio de transporte público, evitando os transtornos do trânsito.
No caderno da matriz de responsabilidades da Bahia para a Copa do Mundo, havia obras de microacessibilidade, compostas de sistema viário e construção de dois viadutos de acesso à Arena Fonte Nova, que foram concluídas em junho de 2013. Também integrava o caderno as obras das Rotas de Pedestres, um projeto de R$ 7,15 milhões, lançado como destaque, foi que foi perdendo espaço entre os projetos do estado ainda antes mesmo da Copa.
Ele não ficou pronto a tempo para o Mundial. Já em 2015, um outro programa do governo chamado de Plano de Reabilitação do Centro Antigo de Salvador iniciou a realização de obras de requalificação no entorno da arena.
Foram realizadas obras substituição de meio-fio, demolição dos passeios antigos e construção de novos em concreto lavado, com piso podotátil (piso tátil feito de concreto) e granito polido, assim como rampas de acessibilidade e construção de ciclovias. Intervenções semelhantes ao que estava previsto no projeto das Rotas.
A Arena já recebeu grandes shows internacionais como Elton John, Roger Waters, A-ha e de grandes artistas nacionais, como Ivete Sangalo, Roberto Carlos e Sandy e Junior, entre outros. Em 2023, o estádio foi palco da primeira missa em ação de graças pela canonização de Santa Dulce dos Pobres em solo baiano.
O local ainda é palco do Carnavalito, festa de carnaval "indoor" (em ambiente fechado). O evento ocorreu em 2023 e 2023, e deve retornar em 2023, após dois anos sem carnaval por conta da pandemia de Covid-19.
Em 2022, o estádio ainda ganhou um novo equipamento, o Museu do Bahia, que funciona na área superior da "abertura" da arena, feita em formato de ferradura. Desde a inauguração em junho deste ano, quase 6.500 pessoas passaram somente pelo equipamento.
"Já utilizamos quase que uma centena de possibilidades de configurações, com rápida transição entre uma e outra, sem a necessidade da realização de investimentos adicionais", comemora o presidente da Arena Fonte Nova, Dênio Cidreira.
Entre 2023 e 2023, a alegria comum a um estádio e casa de shows, deu lugar à tensão e o luto. A Fonte Nova cedeu espaço para ser hospital de campanha durante o pico da pandemia de Covid-19.
A unidade foi inaugurada em junho de 2023 e desativada em outubro do mesmo ano. No entanto, em março de 2023, o hospital foi reaberto e recebeu pacientes até o final de agosto de 2023, quando foi novamente desativado.
5 de 7 No pico da pandemia, Fonte Nova se tornou hospital de campanha — Foto: Leonardo Rattes/Sesab/DivulgaçãoNo pico da pandemia, Fonte Nova se tornou hospital de campanha — Foto: Leonardo Rattes/Sesab/Divulgação
Por outro lado, foi também na Fonte Nova que passaram as doses de esperança de vencer a pandemia. O estádio foi um dos locais escolhidos como posto de vacinação contra a Covid-19 desde o começo da imunização. Milhares de baianos foram diariamente ao estádio receber suas primeiras doses da vacina contra a doença que vitimou quase 31 mil baianos e quase 689 mil em todo país.
6 de 7 Oito anos após Copa no Brasil, Fonte Nova segue recebendo grandes públicos — Foto: Eric Luis Carvalho/g1
Oito anos após Copa no Brasil, Fonte Nova segue recebendo grandes públicos — Foto: Eric Luis Carvalho/g1
A antiga Fonte Nova foi demolida em 2010, após ficar interditada desde o dia 25 de novembro de 2007, quando parte da arquibancada cedeu durante um jogo, matando sete torcedores, em uma das maiores tragédias da história do futebol brasileiro. Nesses quase três anos entre o acidente e a demolição, o entorno do estádio se tornou um local sem muita movimentação e usado por moradores de rua como local de dormida.
Após dois anos e oito meses entre implosão e a inauguração, cerca de quatro mil pessoas trabalharam nas obras da nova Fonte Nova.
O estádio tem capacidade para cerca de 50 mil pessoas. Na copa chegou a receber 51.227 pessoas, na partida Bélgica 2x1 Estados Unidos, pelas oitavas de final da Copa do Mundo de 2014. O número é o recorde do estádio, mas na ocasião, havia uma arquibancada provisória para aumentar a capacidade. Após a Copa de 2014, a estrutura não foi mais instalada.
Em 2023, a Fonte Nova recebeu cinco jogos da Copa América. Em 2022, o Bahia bateu sucessivos recordes de público em partidas entre clubes. A nova marca é de 48.866 presentes, no último jogo da Série B de 2022, entre o time da casa e o Guarani.
7 de 7 Fonte Nova e seu entorno em dia de jogo em Salvador — Foto: Divulgação/ECBahiaFonte Nova e seu entorno em dia de jogo em Salvador — Foto: Divulgação/ECBahia
Em 2023, a Fonte Nova recebeu cinco jogos da Copa América. Em 2022, o Bahia bateu sucessivos recordes de público em partidas entre clubes. A nova marca é de 48.866 presentes, no último jogo da Série B de 2022, entre o time da casa e o Guarani.
O que você está lendo é [Oito anos depois da Copa do Mundo, transporte público é principal herança do evento na região da Fonte Nova, em Salvador].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments