Corte no orçamento da Saúde causa fechamento de mais de 700 leitos em hospitais federais no Rio

Os cortes do governo federal no orçamento da saúde deixaram os hospitais federais do Rio em situação bem ruim. São mais de 700 leitos fechados e falta de material básico para atender os pacientes.

Os problemas são muitos e antigos. Atualmente, setor de anatomia patológica do Hospital Federal de Bonsucesso parou de funcionar por falta de insumos, como explica o presidente do corpo clínico da unidade, Júlio Noronha.

"Você faz o diagnóstico na anatomia patológica de câncer, de tuberculose. Quanto mais você protelar o resultado final, você vai estar impedindo o cidadão de ter um atendimento decente", disse Noronha.

E a situação tende a piorar, depois do anúncio do corte de verbas para a saúde federal, feito nesta semana, de mais de R$ 1,5 bilhão. O montante de perdas que a pasta sofreu já supera os R$ 3,5 bilhões.

O corte de verbas da União atinge a habilitação de leitos do Ministério. Hospitais e institutos federais no Rio têm 710 leitos fechados. O Hospital Federal de Bonsucesso é que o tem mais leitos bloqueados: 199.

O presidente do Sindicato dos Médicos, Alexandre Telles, destaca que a situação é muito grave.

"São hospitais de alta complexidade. O Ministério da Saúde há mais de 12 anos não tem concurso público. A solução encontrada são esses contratos temporário da União que têm uma alta rotatividade profissional", disse Telles.

Além dos leitos fechados, institutos como o Inca e o Into têm dezenas de leitos livres que não são oferecidos para o sistema de regulação encaminhar pacientes.

De acordo com o Sindicato dos Médicos, apesar de ativos, a maior parte desses leitos também não tem equipes de saúde para que os pacientes sejam internados.

Para a comissão de saúde da Câmara de Vereadores a situação tende a piorar, como observa o vereador Paulo Pinheiro.

"E agora o Ministério da Saúde corta R$ 1,4 bilhão, o resultado é que neste hospital e nos outros hospitais estamos com leitos fechados. Isso acontecem porque o Ministério da Saúde não faz concurso público, não contrata as pessoas que devia, não paga aquelas pessoas. E mais do que isso, o corte de verbas faz com que não haja recursos no hospital para comprar insumos necessários", disse Pinheiro.

E no meio disso tudo fica a população. Quem depende da saúde pública federal enfrenta dificuldades. A paciente Rosana Nery disse num vídeo que tem um mioma com sangramentos constantes. Há dois anos ela se trata no Hospital Federal de Ipanema, e precisa de cirurgia, mas não tem previsão de quando isso vai ocorrer.

"Eu tenho sangramento 24 horas por dia, eu perco muito sangue. Eu não tenho mais vida, eu não trabalho, não consigo mais limpar minha casa, não consigo mais fazer as atividades básicas", contou Rosana.

O paciente André Luiz de Lima teve um aneurisma cerebral. Há 17 anos ele recebe acompanhamento no Hospital Federal dos Servidores. Só que há dois anos ele tenta marcar uma consulta e não consegue.

"Em 2023, meu médico pediu uma tomografia. Não sei o que deu, ele me pediu outra, eu fiz outra em 2023 e até hoje não consegui levar para ele ver. Teve a pandemia e fico muito triste de ver o sucateamento dos hospitais", disse o paciente.

O vereador Paulo Pinheiro diz que o governo federal vem cometendo erros na saúde.

"O governo federal errou na pandemia e errou no atendimento à saúde, deixou um paciente sofrendo, sem dar-lhe tratamento. E agora, no final do seu governo, está fechando o caixão, que lamentavelmente muito triste para todos nós", disse Pinheiro.

A produção do RJ1 entrou em contato com o Ministério da Saúde, mas até a reportagem ir ao ar, não obteve resposta.

A direção-geral do Hospital do Fundão disse trabalhar para manter os mesmos números de atendimentos. E que o cancelamento dos repasses foi uma medida unilateral do governo federal.

A reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirmou que está se mobilizando para reverter os bloqueios.

A direção do Hospital de Ipanema disse que a paciente Rosana Nery deve fazer a cirurgia no fim de dezembro. A direção do Hospital dos Servidores disse que o paciente André Luiz de Lima será chamado para uma consulta no dia 10 de janeiro, no ambulatório de neurologia.

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