Prefeitura de Magé gasta R$ 4 milhões em decoração de Natal, enquanto guardas municipais denunciam falta condições nos alojament

A Prefeitura de Magé, na Baixada Fluminense, gastou só com decoração de Natal, este ano, quase R$ 4 milhões. Um aumento de 135% em relação ao gasto do ano passado. Enquanto isso, guardas municipais denunciam que faltam água e alimentação no alojamento deles.

Segundo a prefeitura, 25 pontos da cidade receberam adereços natalinos que atraem a população tanto de manhã quanto à noite, com a iluminação.

O Natal de luz do prefeito Renato Cozzolino custou R$ 3.873.960 aos cofres públicos.

Enquanto isso, os servidores enfrentam problemas financeiros. Os professores da rede municipal reclamam dos salários, que não respeitam o piso nacional da categoria, como destaca a dirigente sindical Patrícia Trajano.

"Quando a gente vê essa estrutura montada, a gente se pergunta por que uma parte não pode ser utilizada no cumprimento conforme a lei determina. Os professores já acumulam anos de defasagem, vivemos num contexto que o salário não condiz com a realidade, com a alta das coisas no mercado. E o que os professores esperam é valorização principalmente através do piso salarial, que além de ser uma valorização é um direito do trabalhador", disse Patrícia.

Os guardas municipais também enfrentam falta de assistência da prefeitura. Um dos servidores conta como é o alojamento da corporação.

"Quando chove alaga tudo. Ventilador e ar-condicionado quebrados, não funciona. O banho é uma verdadeira dificuldade que temos com a falta de água. Temos que tomar banho de balde, de caneca, sem alimentação no almoço, no café da manhã, a não ser se o guarda comprar do seu próprio bolso. Os seus funcionários sem assistência nenhuma da administração e o chefe da pasta que é o secretário comandante, sem nenhum apoio deles", contou um guarda municipal.

O valor gasto com a decoração de Natal este ano foi quase oito vezes o orçamento do ano inteiro para o saneamento, mais que o dobro do orçamento da cultura e também superou o valor destinado ao transporte para o ano de 2022.

Os moradores dizem que o transporte em Magé é muito ruim. A dona de casa Jussara Aparecida diz que tem um gasto elevado para chegar à Central do Brasil, no Rio.

"Para o trabalhador fica difícil. Eu gasto R$ 30 daqui (de Magé) para a Central. E demora muito o ônibus", disse Jussara.

Para a moradora Delomar Cerqueira, diante de um Natal caro como esse, a cidade deveria ter tudo funcionando bem. Mas a saúde e a educação, que são prioridades, vão mal.

"As escolas se enchendo de água, água caindo, não tem condição de ter aula no dia de chuva. Crianças chegam no colégio e o colégio está alagado", contou a moradora.

Esta semana, o 💥️RJ1 mostrou que Belford Roxo, na Baixada Fluminense, também não poupou na decoração de Natal. A prefeitura pagou quase R$ 4 milhões pelos enfeites, 70% a mais que no ano passado e oito vezes mais que o valor de 2023, quando a cidade gastou R$ 490 mil pelo serviço.

E Delomar lamenta que o dinheiro do contribuinte não seja empregado no que é prioritário para a população.

"É difícil, né? Isso é geral, no Brasil todo falta saúde, falta transporte, falta educação, mas dinheiro para tudo aparece, menos para essas áreas. Tem que vir lá de cima, o erro está lá. Não tem fiscalização. Se tem muita lei, mas nenhuma é cumprida, obedecida. Prende um dia, solta outro. É uma baderna", disse Delomar.

Vale lembrar que o Ministério Público investiga dois outros eventos de Magé. O Arraiá do Amor, que custou aos cofres públicos R$ 1,3 milhão, e a festa de aniversário do município, quando a prefeitura gastou mais de R$ 1,5 milhão so com apresentações durante o evento.

A Prefeitura de Magé disse que a contratação de serviços de decoração seguiu todos os trâmites legais de licitações públicas. Mas não se pronunciou sobre o salário dos professores e as condições de trabalho da Guarda Municipal ou sobre o transporte.

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