Lula deve começar revogando 11 dos 17 decretos de armas do governo Bolsonaro
Embora Lula tenha prometido durante a campanha revogar toda a política de flexibilização de armas implementada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o petista deve começar aos poucos. Primeiro devem ser revogados 11 dos 17 decretos de armas assinados pelo atual mandatário.
Desde janeiro de 2023, Bolsonaro editou 17 decretos, 19 portarias, duas resoluções, três instruções normativas e dois projetos de lei que flexibilizam as regras de acesso a armas e munições. Ao todo, foram 43 novas normas implementadas pelos bolsonaristas.
Os textos que agora devem ser revistos foram indicados pelo grupo de trabalho para Justiça e Segurança Pública da transição. O relatório final foi finalizado no dia 11 de dezembro e, ao todo, o GT indicou 30 atos para serem mudados (entre decretos, portarias, resoluções).
No caso dos decretos, os considerados principais para serem revistos são três:
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Além desses, deve ser revogada a portaria que permitiu adolescentes a partir de 14 anos praticarem tiro esportivo, também a que aumentou o número de munições para até 600 por arma, permitiu armas semiautomáticas, e dificultou o rastreamento de armas e munição. Também os decretos que cortaram impostos (IPI) de armas e munições - reduziram a alíquota em 25% a 35%.
Na próxima semana, o futuro ministro da Justiça, Flavio Dino (PSB-MA), deve definir junto com a cúpula da transição, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, se os 11 decretos serão revogados de uma vez só, assim que Lula tomar posse, ou se essa mudança inicial também será feita em partes.
O grupo de trabalho na área já começou a escrever os novos textos normativos que serão editados para substituir os atuais. Segundo um dos membros responsáveis por essa tarefa, os novos decretos do petista devem ser bem similares às regras que existiam antes das mudanças de Bolsonaro.
O número de armas nas mãos de civis teve um crescimento exponencial desde o afrouxamento no controle feito por Bolsonaro.
As armas dos CACs (colecionadores, atiradores esportivos e caçadores) eram 290 mil em 2017 e passaram pra mais de 1 milhão em julho de 2022, segundo dados obtidos por Lei de Acesso à Informação pelo Instituto Sou da Paz.
No mesmo período, as armas registradas na Polícia Federal, na categoria de defesa pessoal, saltaram de 328 mil para 891 mil.
Com isso, explodiu também o desvio de armas. Se em 2015 eram 31 armas desviadas por mês somente de CACs, este ano foram 112 armas desviadas por mês --inclusive fuzis, que passaram a ser permitidos.
O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou nesta sexta-feira (16) cinco nomes que irão compor a nova pasta.
O secretário-executivo adjunto da pasta será Diego Galdino. O cargo é o terceiro em importância do ministério.
Galdino foi chefe da Casa Civil do estado do Maranhão em 2023. Antes, também no governo do estado, foi secretário-adjunto de Cultura, secretário de Cultura e Turismo e secretário de Meio Ambiente.
O número 2 da pasta (secretário-executivo) já havia sido anunciado por Dino. Vai ser o jornalista Ricardo Capelli.
Cappelli foi secretário de Comunicação do governo do Maranhão na gestão de Flávio Dino e, atualmente, é secretário de Governo do estado.
Outro que já havia sido anunciado era o auditor federal Marivaldo Pereira, filiado ao PSOL no Distrito Federal, que ocupará cargo inédito: será secretário de Acesso à Justiça.
Nesta sexta, Dino também anunciou que o ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ) vai ser o secretário nacional do consumidor.
Advogado, Damous foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro. Além disso, presidiu a Comissão da Verdade do estado.
Para o comando do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, o futuro ministro anunciou a advogada Tamires Sampaio.
Ela já foi secretária-adjunta de Segurança Cidadã em Diadema (SP). Além disso, é pesquisadora na área de segurança pública, política criminal e racismo estrutural e atua na Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN).
A presidente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) será a advogada Sheila de Carvalho. Ela também será assessora especial do ministro para o combate ao racismo.
Ligada ao movimento negro, Sheila foi diretora de Incidência política do Instituto de Referência Negra Peregum. É professora de pós-graduação em direitos humanos.
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