Mulheres foram vetadas de universidades afegãs por desrespeito a código de vestimenta, diz ministro

Mulheres afegãs passam por um combatente do Talibã em Cabul, Afeganistão. As vidas de afegãs estão sendo destruídas pela repressão do Talibã a seus direitos básicos, informou a Anistia Internacional em um novo relatório publicado nesta quarta-feira, 27 de julho de 2022. — Foto: AP - Hussein Malla 1 de 1 Mulheres afegãs passam por um combatente do Talibã em Cabul, Afeganistão. As vidas de afegãs estão sendo destruídas pela repressão do Talibã a seus direitos básicos, informou a Anistia Internacional em um novo relatório publicado nesta quarta-feira, 27 de julho de 2022. — Foto: AP - Hussein Malla

Mulheres afegãs passam por um combatente do Talibã em Cabul, Afeganistão. As vidas de afegãs estão sendo destruídas pela repressão do Talibã a seus direitos básicos, informou a Anistia Internacional em um novo relatório publicado nesta quarta-feira, 27 de julho de 2022. — Foto: AP - Hussein Malla

As universidades no Afeganistão foram proibidas para as mulheres, porque "não respeitavam o código de vestimenta", afirmou, nesta quinta-feira (22), o ministro talibã do Ensino Superior, Neda Mohammad Nadeem.

Segundo o G7, a decisão pode ser classificada como crime contra a humanidade.

"Essas estudantes que iam para a universidade não respeitaram as instruções sobre o hijab (lenço que cobre a cabeça e o pescoço). O hijab é obrigatório no Islã", afirmou Mohammad Nadeem durante uma entrevista na televisão estatal.

Segundo o ministro, as meninas que estudavam em uma província distante de sua residência "também viajavam sem um 'mahram', um acompanhante masculino adulto".

"Nossa honra afegã não permite que uma menina muçulmana das províncias viaje para uma província distante sem estar acompanhada pelo pai, irmão ou marido", afirmou ele.

Em carta , o ministro ordenou na terça-feira que todas as universidades públicas e privadas do país neguem o acesso a alunas por tempo indeterminado.

Após o Talibã retomar o poder no país em agosto de 2023, as universidades afegãs viram-se obrigadas a adotar novas regras, principalmente na separação de mulheres e homens nas salas de aula.

As mulheres só podiam ter aulas com professoras ou homens mais velhos.

Este novo ataque aos direitos das mulheres chocou muitas jovens do país, já excluídas do ensino médio desde março.

O anúncio desta semana também gerou uma onda de condenação internacional.

Nesta quinta-feira, os chanceleres do G7 lembraram que "a perseguição de gênero pode constituir um crime contra a humanidade".

"As políticas do Talibã destinadas a apagar as mulheres da vida pública terão consequências na forma como nossos países interagem com o Talibã", disseram os ministros do G7 (Reino Unido, Canadá, Itália, França, Alemanha, Japão e Estados Unidos) após uma reunião virtual.

Turquia e Irã, dois países de maioria muçulmana, também criticaram a medida imposta pelo Talibã. A Unesco disse condenar "firmemente" a medida e pediu sua "revogação imediata".

"Esta proibição não é islâmica nem humana. Esperemos, se Deus quiser, que renunciem a essa decisão", declarou o chanceler da Turquia, Mevlut Çavusoglu.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanani, disse esperar que o Talibã "abra rapidamente o caminho para a retomada da educação de meninas em todos os níveis".

O Irã vive uma onda de protestos populares desde setembro, após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que estava sob custódia da polícia da moral por descumprir o rígido código de vestimenta que obriga as mulheres a cobrir os cabelos em público e usar roupas discretas.

Pela manhã, cerca de vinte afegãs desafiaram o regime islâmico e se manifestaram em uma rua de Cabul para defender seu direito à educação.

Algumas mulheres foram presas, disse à AFP um manifestante que pediu anonimato. Duas foram posteriormente libertadas, mas outras permaneciam detidas, segundo a mesma fonte.

"Direitos para todos ou para ninguém", gritavam as manifestantes, segundo imagens de vídeo obtidas pela AFP.

Os protestos de mulheres se tornaram cada vez menos frequentes no Afeganistão desde a prisão de ativistas proeminentes no início deste ano.

As mulheres que participam das manifestações correm o risco de serem presas, submetidas à violência e estigmatizadas.

"As meninas afegãs são um povo morto (...) elas choram sangue", lamentou Wahida Wahid Durani, uma estudante de jornalismo da Universidade de Herat (oeste).

"(As autoridades) estão usando toda a força contra nós. Receio que logo anunciarão que as mulheres não têm nem o direito de respirar", acrescentou a estudante.

A decisão é particularmente preocupante porque, há menos de três meses, milhares de jovens afegãs haviam passado no exame de admissão para as universidades do país.

Ao tomar o poder no ano passado, o governo talibã no Afeganistão prometeu exercê-lo de forma menos dogmática do que no período anterior, entre 1996 e 2001.

Mas, desde o retorno ao poder, seus líderes vêm retomando a mesma visão ultraconservadora do Islã e multiplicando as medidas contra as mulheres.

Em 23 de março, o Talibã fechou as escolas de ensino médio poucas horas depois de sua reabertura.

Nos 20 anos de ocupação por forças internacionais, sucessivos governos afegãos apoiados pelo Ocidente permitiram que as meninas fossem à escola e as mulheres trabalhassem.

Agora, as mulheres são excluídas de diversos empregos públicos ou mal remuneradas para ficar em casa.

Elas também não podem viajar sem a companhia de um parente do sexo masculino e devem se cobrir com uma burca ou hijab ao sair.

Em novembro, o Talibã também proibiu as mulheres de acessar parques, jardins, academias e banheiros públicos.

Os islâmicos também retomaram o açoitamento e as execuções públicas de homens e mulheres.

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