Museu Afro Brasil passa por reforma e abre nesta terça com novo nome para homenagear artista Emanoel Araújo

Museu Afro Brasil Emanoel Araujo — Foto: Divulgação 1 de 4 Museu Afro Brasil Emanoel Araujo — Foto: Divulgação

Museu Afro Brasil Emanoel Araujo — Foto: Divulgação

A partir desta terça-feira (27) o Museu Afro Brasil passa a se chamar Museu Afro Brasil Emanoel Araujo em homenagem ao artista, curador e fundador da instituição que morreu em setembro deste ano aos 81 anos.

O Museu Afro Brasil fica no pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do Parque Ibirapuera. O local passa por reforma desde agosto deste ano no pavilhão, banheiros e novas pinturas pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo.

A mudança de nome foi feita depois que lideranças do movimento negro e da cultura de São Paulo fizeram um abaixo-assinado para o governo do estado. Entre as assinaturas há personalidades como Lázaro Ramos, Anelis Assumpção, Ricardo Ohtake, Helena Severo e Isabel Fillardis.

"O Emanoel foi morador do Bixiga, esteve presente dentro do projeto nas ruas do bairro. Ter ele passando nas ruas do bairro é de uma importância para os moradores. Apoiar esse abaixo-assinado que traz o nome do Emanoel a todo esse pavilhão, a essa estrutura que é a maior obra dele, é muito importante para concretizar a história, concretizar essa nova página do museu", diz Wellinton Souza, curador do projeto negros do Bixiga.

Retrato de Emanoel Araújo, ex-secretário de Cultura e diretor do Museu Afro-Brasil, em São Paulo. — Foto: Vivi Zanatta/Estadão Conteúdo/Arquivo 2 de 4 Retrato de Emanoel Araújo, ex-secretário de Cultura e diretor do Museu Afro-Brasil, em São Paulo. — Foto: Vivi Zanatta/Estadão Conteúdo/Arquivo

Retrato de Emanoel Araújo, ex-secretário de Cultura e diretor do Museu Afro-Brasil, em São Paulo. — Foto: Vivi Zanatta/Estadão Conteúdo/Arquivo

O artista foi diretor do Museu de Arte da Bahia, lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York, e, entre 1992 e 2002, foi diretor da Pinacoteca do estado de São Paulo.

Ele foi encontrado sem vida por um funcionário do museu em sua residência, no bairro da Bela Vista, região central da cidade de São Paulo.

Obra no Museu Afro Brasil — Foto: Reprodução/Museu Afro Brasil 3 de 4 Obra no Museu Afro Brasil — Foto: Reprodução/Museu Afro Brasil

Obra no Museu Afro Brasil — Foto: Reprodução/Museu Afro Brasil

O Museu Afro Brasil é uma instituição pública gerida pela Associação Museu Afro Brasil - Organização Social de Cultura. Ele tem como objetivo ser um museu contemporâneo onde o povo negro possa ser reconhecido.

Mais de 6 mil obras destacam a importância do povo africano na formação da cultura, patrimônio e identidade brasileira. Além disso, oferece uma celebração da arte e realizações dos africanos e afro-brasileiros.

A coleção é considerada a maior afro-americana da América com esculturas, documentos, gravuras, cerâmicas, pinturas, artes contemporâneas, joias, objetos, relevos, fotografias e têxteis.

Mais de 70% do acervo está na mostra de longa duração, retratando principalmente o Brasil, alguns países do continente africano, Cuba, Haiti e Estados Unidos.

Retrato de Emanoel Araújo, na Praça da República, região central de São Paulo. — Foto: Arquivo/Agência Estado 4 de 4 Retrato de Emanoel Araújo, na Praça da República, região central de São Paulo. — Foto: Arquivo/Agência Estado

Retrato de Emanoel Araújo, na Praça da República, região central de São Paulo. — Foto: Arquivo/Agência Estado

Nascido em Santo Amaro da Purificação, cidade que fica a cerca de 15km de Salvador, na Bahia, Araújo fez sua primeira exposição individual aos 19 anos, em 1959. No ano seguinte, mudou-se para a capital baiana para estudar na Escola de Belas Artes da Bahia, na UFBA.

Sua primeira premiação nacional foi em 1966, por sua participação na II Exposição Jovem Gravura Nacional no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e, no circuito internacional, foi premiado, em 1972, com a medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, Itália. No ano seguinte, recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor gravador, e, em 1983, o de melhor escultor.

Pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) recebeu o Prêmio “Cicillo Matarazzo” em 1998 e 2007, além do Prêmio Clarival do Prado Valladares, em 2023, ano em que também recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares pela Câmara Municipal de Salvador. Em 2023, foi agraciado com a Medalha Tarsila do Amaral pelo Governo do Estado de São Paulo.

Foi diretor do Museu de Arte da Bahia (1981-1983). Lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York (1988). Entre 1992 e 2002 foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Nos anos de 1995 e 1996 foi membro convidado da Comissão dos Museus e do Conselho Federal de Política Cultural, instituídos pelo Ministério da Cultura. Em 2004, fundou o Museu Afro Brasil, em São Paulo, do qual era Diretor Curador e Executivo.

Expôs em várias galerias e mostras nacionais e internacionais, somando cerca de 50 exposições individuais e mais de 150 coletivas.

Durante sua gestão no Museu Afro Brasil, a exposição “Africa Africans”, da qual foi curador, foi premiada como melhor exposição de 2015 pela ABCA. Como curador independente, sua exposição “Francisco Brennand Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo” recebeu o prêmio Paulo Mendes de Almeida, como a melhor exposição realizada no país no ano de 2017.

Emanoel Araújo estava trabalhando atualmente para levar ao Museu Afro Brasil, em novembro, uma exposição temática sobre o bicentenário da independência, entrelaçando duas datas: o 7 de setembro, dia da Proclamação da Independência do país, na capital paulista, e 2 de julho de 1823, data de efetivação do movimento da independência baiana que efetivou o processo de emancipação do Brasil.

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