Preso por suspeita de fraude na compra de respiradores é eleito presidente de órgão estatal do RJ

O governador Cláudio Castro (PL) e os 22 prefeitos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, integrantes do Conselho Deliberativo da Região Metropolitana, elegeram nesta quinta-feira (29) 💥️Davi Perini Vermelho, o Didê (PSDB), como novo presidente do Instituto Rio Metrópole.

O órgão, que é vinculado a Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro, tem como objetivo integrar os municípios da região e coordenar as ações coletivas do governo e dessas cidades, para o desenvolvimento do local.

O presidente eleito para um mandato de quatro anos é o atual presidente da Câmara de Vereadores de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Conhecido como Didê, o político também atua como empresário.

Em junho de 2023, ao longo da pandemia do Coronavírus, Davi Perini Vermelho chegou a ser preso durante uma operação contra fraude na compra de respiradores pelo governo de Santa Catarina.

Perini foi apontado como o dono da empresa responsável pela venda dos respiradores para o governo do estado do sul do país. Segundo as investigações, a negociação teve custo superfaturado de R$ 33 milhões, pagos de forma antecipada pelo governo de Santa Catarina.

Dos 200 respiradores previstos, 100 foram entregues. De acordo com o Ministério Público do estado, 💥️50 aparelhos foram considerados "imprestáveis".

O vereador passou, então, a responder pelos crimes de 💥️peculato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e ocultação de provas. Em troca de mensagens com a namorada, Luana, o vereador contou a ela que apagou conversas que tinha em seu aparelho.

Para os investigadores, nas conversas acabam as dúvidas de que Didê é representante da empresa Veigamed, responsável pelo contrato com o governo catarinense.

Ele não aparece como sócio nos documentos formais, mas os investigadores afirmam que, na prática, ele era o responsável pelos negócios do grupo, que atua em contratos públicos pelo Brasil.

Na decisão que determinou a prisão do vereador, o juiz 💥️Elleston Caneli afirmou que "nem as restrições de voo foram empecilho para a prática criminosa, já que [Didê] negociou tudo por telefone e causou um prejuízo de R$ 33 milhões".

Davi Perini Vermelho, o Didê (de camisa azul), junto com o governador Cláudio Castro e o deputado federal Júlio Lopes — Foto: Reprodução redes sociais 1 de 1 Davi Perini Vermelho, o Didê (de camisa azul), junto com o governador Cláudio Castro e o deputado federal Júlio Lopes — Foto: Reprodução redes sociais

Davi Perini Vermelho, o Didê (de camisa azul), junto com o governador Cláudio Castro e o deputado federal Júlio Lopes — Foto: Reprodução redes sociais

Na primeira fase da Operação Oxigênio, deflagrada em maio, policiais e promotores apreenderam R$ 300 mil em dinheiro em uma casa de Didê, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio.

Embora atue na Baixada, onde tem domicílio eleitoral, o político optou por viver na capital fluminense, dentro de um condomínio de alto padrão.

Antes de ser preso acusado de fraudar a compra de respiradores pulmonares para o enfrentamento da Covid-19, o político Didê já enfrentava problemas na Justiça Federal e no Tribunal de Contas do estado (TCE), além de ser citado em uma investigação que apura uma associação criminosa em São João de Meriti, onde ele preside a Câmara dos Vereadores.

A vida pública de Didê começou em 2012, quando, pela primeira vez, o bombeiro reformado foi eleito vereador de São João de Meriti, município da Baixada Fluminense. Quatro anos depois, foi reeleito, demonstrando força ao passar a presidir a Casa dos parlamentares de São João.

De uma eleição para o outra, Didê saiu de "nada declarado", em 2012, para bens que, juntos, somavam 💥️R$ 120 mil. Conforme declarado ao Tribunal Superior Eleitoral, o patrimônio de Didê, em 2016, consistia em R$ 40 mil em dinheiro e um caminhão avaliado em R$ 80 mil.

Na reeleição ao cargo de vereador em 2023, o político passou a declarar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio superior a R$ 1,4 milhão.

Os problemas de Didê com a Justiça Federal começaram em 2010, quando policiais federais "estouraram" uma central clandestina de distribuição de sinal de televisão ligada ao então militar do Corpo de Bombeiros.

Em Engenheiro Pedreira, Japeri, também na Baixada Fluminense, os agentes apreenderam folhetos com números de telefone no nome do bombeiro e smartcards – cartões com chip inteligente de uma operadora de TV por assinatura – cuja titularidade era de Didê.

Convocado para prestar esclarecimentos, Didê atribuiu as linhas telefônicas a outra pessoa, mas depois voltou atrás na versão. A Justiça desconsiderou as alegações e acabou condenando o homem a dois anos de detenção e pagamento de multa.

Com base no flagrante da Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF), em 2015, denunciou Didê, que virou réu no ano seguinte. Mais um ano se passou, e o vereador foi condenado pela 3ª Vara Federal de São João de Meriti por manter, de forma clandestina, a central ilegal de televisão à cabo.

O Instituto Rio Metrópole, órgão ligado ao Governo do RJ e que terá Didê como presidente a partir de janeiro, pode ganhar novas atribuições a partir do ano que vem.

Isso porque, no início de dezembro, os deputados estaduais aprovaram em segunda discussão o projeto de lei que indica o Instituto Rio Metrópole como responsável por gerir 💥️10% dos recursos do Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social (FEHIS).

Atualmente, o projeto está na mesa do governador Cláudio Castro, que precisa decidir se sanciona ou veta a nova legislação.

Em nota, o Governo do Estado do Rio de Janeiro informou que o presidente do Instituto Rio Metrópole foi eleito pelo Conselho Deliberativo da Região Metropolitana, de forma democrática, com a maioria dos votos dos membros do Conselho.

"Além do governador, também integram o Conselho os prefeitos da Região Metropolitana e representantes da sociedade civil", respondeu a assessoria da Casa Civil.

Em nota, Davi Perini Vermelho, o Didê, afirmou que, no caso dos respiradores, não foi aceita denúncia até o momento. Já no caso da central clandestina de tevê, o vereador disse que reverteu o processo na segunda instância. Em relação ao patrimônio, ele contou que enriqueceu porque trabalhou muito e não teve tempo de gastar.

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