Rita Lee faz 75 anos e o segundo álbum solo da artista completa 50 como um disco dos Mutantes

Capa do álbum 'Hoje é o último dia do resto da sua vida', de Rita Lee — Foto: Autorretrato de Rita Lee 1 de 1 Capa do álbum 'Hoje é o último dia do resto da sua vida', de Rita Lee — Foto: Autorretrato de Rita Lee

Capa do álbum 'Hoje é o último dia do resto da sua vida', de Rita Lee — Foto: Autorretrato de Rita Lee

♪ MEMÓRIA – Hoje, 31 de dezembro de 2022, Rita Lee Jones faz 75 anos entronizada como a de Sampa e do rock do Brasil. Em 1972, quando ainda caminhava para os 25 anos, a cantora e compositora paulistana lançou o segundo álbum solo, 💥, via Polydor, selo popular da gravadora Philips.

Esse álbum completa 50 anos em 2022 reconhecido mais como um disco do grupo Mutantes – o que de fato é – do que como o segundo álbum da carreira solo de Rita. Em 1970, a artista já havia lançado um real primeiro álbum solo, 💥, com relativo sucesso. Já esse segundo disco teria sido gestado como álbum dos Mutantes, grupo que já havia lançado outro álbum com repertório inédito naquele ano, 💥️Mutantes e seus cometas no país do Baurets, posto no mercado em maio de 1972.

Só que o executivo André Midani (1932 – 2023), homem forte da Philips, já manifestava desinteresse em investir nos Mutantes. A Midani, interessava (muito) mais apostar no carisma de Rita Lee em carreira solo do que em um segundo disco dos Mutantes naquele ano de 1972 – até porque o contrato do grupo previa somente um disco anual.

Foi desse modo que, com a devida interferência de Midani, 💥 chegou ao mercado em outubro daquele ano como o segundo álbum solo de Rita com capa que expõe autorretrato da cantora.

Gravado em julho de 1972 nos 16 canais do Estúdio Eldorado, na cidade de São Paulo (SP), o disco soa de fato como um disco dos Mutantes. Um disco bom, mas sem o vigor e a coesão dos álbuns iniciais do trio formado por Rita em 1966 com os irmãos Arnaldo Baptista – produtor musical de 💥 e piloto do sintetizador e dos pianos usados na gravação do disco – e Sérgio Dias (guitarra).

Na época do disco, o grupo já incorporava o baixista Arnolpho Lima (que faria carreira bem-sucedida a partir da segunda metade dos anos 1970 como o produtor musical Liminha) e o baterista Ronaldo Leme.

Se o rock 💥 (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Liminha) reverberou o som dos Mutantes, 💥 (Arnaldo Baptista e Élcio Decário) ecoou a aura kitsch de algumas faixas do primeiro disco solo de Rita, o já mencionado 💥, mas com a letra alterada para a música ser aprovada pela censura.

Outra referência ao álbum da cantora em 1970, esta explícita, foi feita na faixa 💥 (Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias e Liminha), música de título alusivo a 💥 (1970), versão em português – curiosamente escrita pela cantora Nara Leão (1942 – 1989) – de 💥, canção do compositor francês de origem grega Georges Moustaki (1924 – 2013).

💥 foi o único sucesso radiofônico do álbum 💥 (a música 💥 ganharia relevo com o passar dos anos), o que sublinha a ironia do grupo – e da própria Rita Lee – na gravação dessa faixa de 💥.

A rigor o último disco gravado por Rita com os irmãos Baptista, 💥 é basicamente um álbum de rock, mas surpreende quando cai no samba em 💥 (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Liminha) e 💥 (Arnaldo Baptista e Rita Lee), música em que a roqueira bossa nova expressa o amor masoquista pelo Corinthians, time do futebol paulistano. A faixa embute trecho de narração de jogo do time.

Momento gracioso no álbum, o rock rural 💥 (Arnaldo Baptista, Rita Lee, Sérgio Dias) é lampejo do deboche dos Mutantes em tempos áureos.

Em que pesem os acertos, 💥chega aos 50 anos com valor mais documental do que musical. Rita sairia dos Mutantes ainda em 1972, formaria em 1973 a efêmera dupla Cilibrinas do Éden com a guitarrista Lúcia Turnbull – creditada na ficha técnica como vocalista deste disco de 1972 (ela participou efetivamente das faixas 💥 e 💥 – e encontraria prumo com a banda Tuttti Frutti a partir de 1974 antes de se entronizar no panteão pop brasileiro ao lado de Roberto de Carvalho.

Já o grupo Mutantes se desviaria a partir de 1973 para o trilho progressivo – caminho já apontado na última faixa do álbum 💥, 💥 (Arnaldo Baptista), música cantada por Sérgio Dias – e se manteria em cena, entre idas e vindas, por conta da tenacidade do remanescente guitarrista Sérgio Dias.

Ficaram para a posteridade álbuns como este já cinquentenário disco de 1972 que saiu como LP de Rita Lee quando, na realidade, selou o fim do casamento musical dos irmãos com a roqueira sempre no fundo sempre mutante que chega hoje aos 75 anos.

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