Testemunha diz que PM não deixou socorrer jovem baleado em Manguinhos: ‘disseram que iam me dar um tiro nas costas’

Família diz que jovem foi baleado enquanto saía para trabalhar — Foto: Arquivo pessoal 1 de 2 Família diz que jovem foi baleado enquanto saía para trabalhar — Foto: Arquivo pessoal

Família diz que jovem foi baleado enquanto saía para trabalhar — Foto: Arquivo pessoal

Um jovem de 23 anos, identificado como Marlon Anderson Cândido, foi baleado durante uma ação policial na comunidade da CCPL, em Manguinhos, na Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira (2). De acordo com a família, ele estava saindo de casa, no PAC de Manguinhos, para ir trabalhar.

Uma testemunha, que mora na comunidade e conhece o Marlon desde a infância, presenciou o momento em que ele foi baleado.

"Eu estava na padaria tomando café. Ele estava passando no beco quando foi atingido. Veio os tiros e fui olhar e comecei a gritar: 'ai meu Deus, o Marlon, meu vizinho, meu vizinho'", relata a testemunha.

"O Marlon estava saindo para trabalhar, os policiais pegaram e deram tiro nele. O tiro veio de dentro do caveirão. Eu tava lá, eu assisti tudo, foi desesperador. Ele não tava com arma, não tava com nada. Eles passaram na hora e atiraram nele. Ele não é bandido!", afirma ela.

De acordo com a testemunha, os policiais ainda tentaram impedir o socorro da vítima.

"Eles nem prestaram socorro, nem desceram do caveirão. Ainda falaram que se eu ajudasse ele, eles iam me dar tiro pelas costas. Eles falaram que iam atirar nas minhas costas! Eu não podia abaixar, não podia fazer nada senão eles iam atirar em mim", conta.

Segundo a Polícia Militar, agentes do 22° BPM (Benfica) foram atacados durante um patrulhamento na Avenida Dom Hélder Câmara, em Benfica, houve confronto e um dos suspeitos acabou ferido na troca de tiros. Posteriormente, a corporação informou que os agentes souberam que um homem baleado havia dado entrada no Hospital Estadual Getúlio Vargas.

"Eles acham que todo mundo que mora na comunidade é bandido, mas não é. Existe o bem e existe o mal. Ele é trabalhador, tá preso injustamente. É menino de família. Eles ficaram gritando 'é bandido, é bandido'. A gente gritou que era morador, eles viram que balearam trabalhador e foram embora. Eu fiquei desesperada, minha pressão foi a 19. Ele não merecia passar por isso", completa ela.

Foto tirada por familiares na transferência do jovem baleado para o Hospital Getúlio Vargas — Foto: Arquivo pessoal 2 de 2 Foto tirada por familiares na transferência do jovem baleado para o Hospital Getúlio Vargas — Foto: Arquivo pessoal

Foto tirada por familiares na transferência do jovem baleado para o Hospital Getúlio Vargas — Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Militar diz que, "após conversas com os familiares e contato visual do mesmo", ele teria sido identificado como o suspeito envolvido no ataque aos policiais. O caso foi levado para a 21ªDP (Bonsucesso), onde os policiais narraram o episódio e foi determinada a prisão sob custódia de Marlon.

Marlon foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento e encaminhado para o Hospital Getúlio Vargas, onde passou por uma cirurgia para a retirada da bala e tem quadro de saúde estável. Quando os familiares souberam que ele estava internado, foram para a porta do hospital para protestar. Segundo eles, só souberam que ele estava sob custódia da PM quando tentaram visitar o homem após a cirurgia.

"A gente trabalha juntos. Eu sou atendente e ele entrega água, esses galões de 20L. Ele é muito querido pelos clientes. Quando a gente foi lá ver ele, já ficamos sabendo que ele tava custodiado. Jogaram pra cima dele esses flagrantes todos", reitera a prima, Amanda.

A família nega que o jovem tenha algum envolvimento com a criminalidade. Segundo eles, Marlon é entregador de água e trabalha em um depósito que fica na própria comunidade.

"Meu primo estava saindo de casa para trabalhar e eles estão jogando tudo isso nas costas do meu primo. É preto, favelado! Agora estão acusando que ele estava com pistola, com isso e aquilo. Se ele estava, por que não fazem prova de balística? Se ele deu tiro vai acusar", questiona a prima do jovem, Amanda.

Os policiais apreenderam uma pistola e drogas na ocorrência.

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