À frente do Enredo e Samba, Milton Cunha completa 10 anos como comentarista de carnaval da Globo

Milton Cunha com um dos 40 novos ternos para o carnaval de 2023: sozinho, comentarista movimenta a indústria do carnaval — Foto: Arquivo Pessoal 1 de 8 Milton Cunha com um dos 40 novos ternos para o carnaval de 2023: sozinho, comentarista movimenta a indústria do carnaval — Foto: Arquivo Pessoal

Milton Cunha com um dos 40 novos ternos para o carnaval de 2023: sozinho, comentarista movimenta a indústria do carnaval — Foto: Arquivo Pessoal

E assim se passaram dez anos da estreia de Milton Cunha como comentarista de carnaval da TV Globo, com muita irreverência e informação. O ex-carnavalesco e pós-doutor, que começou em 2013 na transmissão dos desfiles das escolas de samba dos grupos de Acesso e Especial, já no seguinte virou marca registrada do quadro 💥️Enredo e Samba, em que apresenta o que as escolas vão contar na Sapucaí e começa a ser exibido nesta quarta-feira (4) no 💥RJ1.

Milton Cunha chegou para abalar. Além do conhecimento apurado do que acontece nos barracões e bastidores das escolas de samba, ele trouxe brilho, cor e muito espalhafato para a série.

"Afinal, é carnaval, né? E foi um sucesso. Fui chamado para fazer o quadro 'Me dá um help aí', no 💥️RJ1, participei da transmissão da Copa do Mundo de 2014 e foi convidado para fazer o Enredo e Samba. De cara, fui pedindo umas modificações ao diretor. Queria interagir num cenário virtual. E aí, criaram o 💥️Mominho, o boneco mequetrefe", contou Milton.

Mariana Gross e Milton Cunha apresentando o boneco virtual Mominho, no programa "Enredo e Samba", do RJ1 — Foto: Reprodução/TV globo 2 de 8 Mariana Gross e Milton Cunha apresentando o boneco virtual Mominho, no programa "Enredo e Samba", do RJ1 — Foto: Reprodução/TV globo

Mariana Gross e Milton Cunha apresentando o boneco virtual Mominho, no programa "Enredo e Samba", do RJ1 — Foto: Reprodução/TV globo

E assim, o comentarista de carnaval começa a romper com todos os padrões. Ele implica com Mominho, que quer sempre roubar a cena. Em 2015, o programa decidiu escolher um cantor, trazendo frescor para a produção. Milton gravou nos ensaios nas quadras. E estreou o figurino com plumas nos ombros na cor das agremiações que visitava.

No primeiro ano de "Enredo e Samba", figurino com plumas nos ombros, uma das inovações no figurino de Milton Cunha. — Foto: Arquivo Pessoal 3 de 8 No primeiro ano de "Enredo e Samba", figurino com plumas nos ombros, uma das inovações no figurino de Milton Cunha. — Foto: Arquivo Pessoal

No primeiro ano de "Enredo e Samba", figurino com plumas nos ombros, uma das inovações no figurino de Milton Cunha. — Foto: Arquivo Pessoal

E extrapolou para além das quadras. Nas locações das gravações, o ex-carnavalesco faz festa aonde chega. Difícil não perceber sua presença sempre exuberante, divertida e contagiante. Como um trio elétrico, a multidão segue atrás de Milton Cunha, seja para uma entrevista ou mesmo motivo de suas brincadeiras, tirar fotos, abraços e beijos.

"Sinto que esse é o meu papel, aproximar o povo do carnaval da Avenida. Mostrar o grandioso e importantíssimo trabalho dos barracões, o milagre que é, sem dinheiro, sem condições, no maior calor e sacrifício, produzir o maior espetáculo na Sapucaí", afirmou o comentarista.

Milton Cunha com mecha colorida, a cada ano um look diferente no "Enredo e Samba" — Foto: Berg Silva/Divulgação 4 de 8 Milton Cunha com mecha colorida, a cada ano um look diferente no "Enredo e Samba" — Foto: Berg Silva/Divulgação

Milton Cunha com mecha colorida, a cada ano um look diferente no "Enredo e Samba" — Foto: Berg Silva/Divulgação

A partir de então, a cada ano, com seu carisma e criatividade, Milton passou a imprimir uma marca para cada carnaval. Primeiro, plumas nos ombros das camisas, depois mecha coloridas nos cabelos, óculos extravagantes e ternos supercoloridos.

"Eu busco levar informação sobre os enredos e as escolas ao público. Todo ano procurar uma forma diferente. Eu queria ser Elke Maravilha, sabe como é? Tem de ter informação, mas também ser uma coisa lúdica", explicou.

Milton Cunha em gravação do "Enredo e Samba" em Madureira, na Zona Norte do Rio — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 5 de 8 Milton Cunha em gravação do "Enredo e Samba" em Madureira, na Zona Norte do Rio — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

Milton Cunha em gravação do "Enredo e Samba" em Madureira, na Zona Norte do Rio — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

O apresentador do Enredo e Samba, como ele mesmo se define, é quase uma alegoria. Ele conta, por exemplo, que os primeiros ternos usados no programa foram comprados em Las Vegas.

"Comecei com 12 ternos, de Las Vegas, que tinham uma cara mais de Cauby Peixoto. Mas de 2016 para cá, comecei a mandar fazer ternos exclusivos, 20 por ano. Para o carnaval de 2023, são 40 ternos diferentes. Sou como Ana Maria Braga, não quero repetir roupa no vídeo", afirmou Milton.

O figurino é de responsabilidade do próprio Milton Cunha que, sozinho, movimenta uma verdadeira indústria do carnaval. As estampas são idealizadas pela estilista 💥️Alessa. Os ternos são confeccionados na 💥️Marinus, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Os sapatos são escolhidos na 💥️LZ Calçados, em São Paulo. Já os óculos são todos pintados a mão pelo artesão 💥️Gustavo, da Feira de Ipanema, na Zona Sul.

"Mandei fazer um terno para cada escola do Rio e de São Paulo - ele também apresenta o programa "Seleção do Samba, do Rio e de São Paulo - e ainda tem uns 20 exclusivos. Para 2023, estou pensando ainda em fazer algo diferente. Como estou com o cabelo grisalho, queria fazer uma pintura no estilo Coringa, mas de uma cor que não fosse de nenhuma escola de samba. Laranja, talvez. Sou uma personagem do entretenimento, tenho de transmitir alegria e prazer, naturalmente", disse Milton.

Em casa, Milton garante que gosta de ficar quietinho em casa, estudando, lendo, ouvindo ópera e curtindo a companhia do marido.

Milton Cunha com outro terno confeccionado especialmente para o carnaval de 2023 — Foto: Arquivo pessoal 6 de 8 Milton Cunha com outro terno confeccionado especialmente para o carnaval de 2023 — Foto: Arquivo pessoal

Milton Cunha com outro terno confeccionado especialmente para o carnaval de 2023 — Foto: Arquivo pessoal

Ele foi carnavalesco de 1994 a 2010 e não pensa nem de longe em voltar a trabalhar num barracão de escola de samba. Ao contrário, diz que foi uma fase, que serviu de aprendizagem para o que realmente gosta de fazer: ser comunicador. E reage bem ao estilo Milton Cunha:

"Estás me rogando praga, mulher? Não tenho a menor saudade de um barracão. É uma vida de muito sacrifício, de esforço sobre-humano, de falta de material, falta de dinheiro, de competição, de dor, de desespero. É um desgaste muito grande. O que o público vê na Avenida é o resultado de um verdadeiro milagre. Aliás, o carnaval deveria ser inspiração para todo o mundo, lá sim acontecem os verdadeiros milagres da criatividade e da superação", disse Milton.

Depois de produzir desfiles de carnaval no Brasil, na Argentina, no Canadá, na Europa, virar comentarista e apresentador, Milton ainda tem um grande sonho a realizar: ser comunicador de um programa de entretenimento sobre carnaval.

"Um programa ao vivo, tipo o do Chacrinha, em que iria entrevistar pessoas no Sambódromo, comendo salgadinhos no Setor 1, com cantores, com escolas de outros países como a Trepa no Coqueiro, lá de Portugal. Imagina: Milton Cunha Trepa no Coqueiro. Uma coisa bem popular, brega, uma doidice, com muita alegria. Imagina só, um programa do tipo "Feijoada com Milton Cunha", mas no qual as pessoas poderiam comer de verdade. Imagina eu botando feijão na boca de Tia Surica e dizendo 'come Surica, come". Ia ser a glória", diverte-se Milton enquanto se prepara para uma gravação no meio do "fervo", no Calçadão de Madureira".

O comentarista Milton Cunha entre os passistas da Portela, no Calçadão de Madureira, na Zona Norte, na gravação do "Enredo e Samba". — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1 7 de 8 O comentarista Milton Cunha entre os passistas da Portela, no Calçadão de Madureira, na Zona Norte, na gravação do "Enredo e Samba". — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

O comentarista Milton Cunha entre os passistas da Portela, no Calçadão de Madureira, na Zona Norte, na gravação do "Enredo e Samba". — Foto: Alba Valéria Mendonça/g1

Como diz o Milton, o Nascimento, o artista tem de ir aonde o povo está.

"E onde está Milton Cunha não faltam palco nem espetáculo", disse 💥️Tatiana Neves, coordenadora e roteirista do Enredo e Samba, que Milton chama carinhosamente de diretora.

Equipe do programa 'Enredo e Samba', que começa a ser produzido cerca de quatro meses antes do carnaval — Foto: Arquivo Pessoal 8 de 8 Equipe do programa 'Enredo e Samba', que começa a ser produzido cerca de quatro meses antes do carnaval — Foto: Arquivo Pessoal

Equipe do programa 'Enredo e Samba', que começa a ser produzido cerca de quatro meses antes do carnaval — Foto: Arquivo Pessoal

Há pelo menos dez anos, 17 pessoas trabalham com Milton Cunha para produzir o quadro, que faz parte do Núcleo de Projetos Especiais da TV Globo.

E desde que o ex-carnavalesco entrou na equipe, o que não falta é trabalho. A produção para explicar os enredos das escolas do Grupo Especial com graça, leveza e informação começa de três a quatro meses antes do carnaval.

Se antes somente o carnavalesco era entrevistado, com a chegada de Milton à equipe, o trabalho ganhou outra dimensão.

"Já era uma produção trabalhosa, quando era feita pelos repórteres. E aumentou ainda mais quando o Milton trouxe uma outra leitura, uma outra visão. Ele nos apresentou as diversas formas de entender um enredo. Mais do que isso, abriu espaço não só para os carnavalescos, mas para o pessoal dos barracões. Ele deu voz a figurinistas, aderecistas, intérpretes, passistas. E isso tornou as produções mais completas. Agora, o público sabe da verdadeira importância e da grandiosidade do carnaval", disse a produtora e roteirista 💥️Priscilla Monteiro.

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