Miliciano condenado que fez campanha para ministra do Turismo foi citado em relatório da CPI das Milícias
A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, ao lado de Juracy Alves Prudêncio, condenado a 26 anos de prisão por associação criminosa e homicídio — Foto: Reprodução/ TV Globo
O homem condenado por homicídio que fez campanha em 2018 ao lado da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), foi apontado pelo relatório final da CPI das Milícias, em 2008, como o responsável por liderar uma milícia que atua em cinco bairros de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Dados da comissão indicaram que 💥️Juracy Alves Prudêncio, conhecido como Jura, comandava uma milícia com um grupo de extermínio que atuava em Comendador Soares, Jardim Nova Era, Jardim Pernambuco, Palhada e Rosa dos Ventos. Segundo as investigações, a quadrilha explorava irregularmente serviços de segurança dos moradores e de comerciantes, venda de gás, sinal de TV a cabo e transporte alternativo.
Juracy é ex-sargento da Polícia Militar e cumpre pena de 26 anos de prisão pelos crimes de 💥️associação criminosa e 💥️homicídio. Ele é apontado como chefe de uma milícia conhecida como 💥️Bonde do Jura.
A Secretaria de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro informou que Juracy foi excluído da corporação em 2011.
Ao g1, o advogado Victor Almeida Martins, que representa Juracy, afirmou que ele não tem relação com atividades criminosas e está cumprindo a pena determinada pela Justiça. O defensor afirmou ainda que Juracy não vai se manifestar sobre o caso.
2 de 2 O ex-PM Juracy Alves Prudêncio foi condenado a 26 anos de prisão por associação criminosa e assassinato — Foto: Reprodução/ TV GloboO ex-PM Juracy Alves Prudêncio foi condenado a 26 anos de prisão por associação criminosa e assassinato — Foto: Reprodução/ TV Globo
Daniela Carneiro assumiu o cargo de ministra do Turismo domingo (1º). Ela afirmou que suas primeiras preocupações no cargo são o alto preço das passagens aéreas, que tem prejudicado o turismo no país, fortemente impactado pela pandemia da Covid-19, e a melhora da imagem do Brasil no exterior, por meio do fortalecimento da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
A assessoria de Daniela informou que ela recebeu apoio em diversos municípios na campanha de 2018 e que isso não significa que compactue com qualquer apoiador que tenha cometido ato ilícito.
A Embratur, que possui o status de serviço social autônomo, é subordinada ao Ministério do Turismo, mas tem orçamento próprio para a realização de ações de promoção do país no exterior.
O nomeado para presidência da agência é Marcelo Freixo (PSB-RJ), candidato derrotado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e que foi o presidente da CPI das Milícias na Alerj, que produziu o relatório em que Juracy foi citado.
O g1 entrou em contato com Marcelo Freixo, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Um ano após o relatório da CPI das Milícias, Juracy foi preso.
O 💥️RJ2 mostrou, em janeiro de 2023, que Juracy progrediu para o regime semiaberto em 2017 e foi nomeado na Secretaria de Ordem Urbana da Prefeitura de Belford Roxo, com um salário de R$ 3 mil. Mas ele atuava como cabo eleitoral no período em que deveria estar no trabalho.
O prefeito da cidade é Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, marido da ministra Daniela.
O poder municipal da cidade da Baixada Fluminense chegou a afirmar que Juracy nunca tomou posse no cargo, mas tinha folhas de ponto com a assinatura do secretário de Ordem Urbana da cidade, Marcos Silva de Oliveira, e do secretário adjunto, Marcelo dos Santos Pereira.
O acordo com a Justiça determinava que Juracy, conhecido como Jura, trabalhasse de segunda à sexta, das 8h às 17h e aos sábados, das 9h às 14h. Após a repercussão do caso do trabalho dele na prefeitura, Juracy voltou para a cadeia.
Em 2018, no período em que deveria trabalhar no município, ele desempenhava a função de cabo eleitoral. Juracy aparece em imagens de redes sociais entregando santinhos para Daniela e outro candidato.
💥️Veja a reportagem do RJ2:
Depois de uma denúncia do Ministério Público, a Vara de Execuções Penais do Rio de Janeiro suspendeu, de maneira cautelar, as saídas da cadeia para Juracy trabalhar.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro informou que Juracy está no regime semiaberto atualmente. A decisão que cassou a autorização para o detento sair para trabalhar segue em vigor.
Em entrevista ao portal ysoke, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que não há elementos para afirmar que uma foto comprove a ligação com a milícia. Disse ainda que a ministra vai prestar esclarecimentos.
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