Natal ortodoxo: entenda por que Putin pediu cessar-fogo na Ucrânia e por que celebração ocorre em data diferente do Natal ociden
Patriarca russo Kirill participa de cerimônia de Natal Ortodoxo Russo na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, em 2023 — Foto: Mladen Antonov / AFP
A Rússia anunciou nesta quinta-feira (5) que pretende adotar um cessar-fogo na Ucrânia durante o Natal ortodoxo, tipicamente comemorado nos dias 6 e 7 de janeiro. Moscou pediu que o governo de Kiev adotasse a mesma medida.
A Ucrânia, por sua vez, rejeitou a oferta do presidente russo, Vladimir Putin, dizendo que não vai haver trégua até que Moscou retire suas forças invasoras de territórios ocupados.
As tropas russas devem parar seus ataques por 36 horas a partir das 12h de 6 de janeiro.
Muitos cristãos ortodoxos, incluindo os que vivem na Rússia e na Ucrânia, comemoram o Natal nos dias 6 e 7 de janeiro.
Entenda abaixo como é essa celebração e por que ocorre numa data diferente da adotada no Ocidente:
2 de 3 Georgianos participam de uma procissão religiosa para marcar o Natal Ortodoxo em Tbilisi, na Geórgia, nesta terça-feira (7). — Foto: Shakh Aivazov/AP
Georgianos participam de uma procissão religiosa para marcar o Natal Ortodoxo em Tbilisi, na Geórgia, nesta terça-feira (7). — Foto: Shakh Aivazov/AP
A Igreja Ortodoxa é um grupo dentro do cristianismo que possui muitas doutrinas, fé e ritos em comum com as outras duas denominações cristãs mais numerosas (católicos e protestantes). Essa vertente cristã tem diversas subdivisões com lideranças distintas, que, em alguns casos, se reconhecem mutuamente e, em outros, não.
Ao todo, essa igreja tem cerca de 300 milhões de membros, e foi criada durante o chamado "cisma do Ocidente e do Oriente", no século XI, que também foi influenciado por diferenças teológicas e doutrinárias.
Ela é encontrada principalmente nos países da Europa Oriental, como Rússia e Grécia, além da Turquia e de alguns países da África e América.
A maioria dos ortodoxos comemora o Natal em 7 de janeiro, em vez de 25 de dezembro, que é a data em que os cristãos ocidentais celebram o Natal. A razão para essa diferença é que há dois diferentes calendários envolvidos na determinação da festividade.
Após o fim da 1ª guerra, muitos países predominantemente ortodoxos ficaram sob a influência de outros que já utilizavam ou adotaram o calendário gregoriano. A Igreja Ortodoxa, no entanto, decidiu continuar usando o calendário juliano para suas datas eclesiásticas.
Atualmente, cada dia do calendário juliano ocorre 13 dias após o dia correspondente no calendário gregoriano. Embora a Igreja Ortodoxa Russa ainda use o calendário juliano, o governo russo usa o calendário gregoriano assim como o resto do mundo, portanto, para fins seculares, o nosso 7 de janeiro é também 7 de janeiro na Rússia.
A partir de 2100, a diferença aumentará de 13 dias para 14 dias, pois o calendário juliano vai adicionar um dia a seu ano porque contabiliza os anos bissextos de forma diferente do nosso calendário. Então o Natal ortodoxo cairá em 8 de janeiro em vez de 7 de janeiro.
Há muitas semelhanças entre as igrejas Ortodoxa e Católica, mas suas celebrações têm se distanciado ao longo dos anos. Por exemplo: a celebração ortodoxa do Natal em 7 de janeiro ocorre depois de 40 dias de jejum e nenhum presente é dado, ao contrário do que acontece no Ocidente, como explica reportagem da BBC.
3 de 3 Fiéis ortodoxos cantam e celebram o Natal em Kiev, na Ucrânia, em 2023, antes da invasão russa — Foto: Efrem Lukatsky/AP
Fiéis ortodoxos cantam e celebram o Natal em Kiev, na Ucrânia, em 2023, antes da invasão russa — Foto: Efrem Lukatsky/AP
Alguns ucranianos ortodoxos decidiram observar o Natal em 25 de dezembro por causa da invasão russa. A ideia de comemorar o nascimento de Jesus em dezembro era considerada radical na Ucrânia até recentemente, mas a invasão da Rússia mudou essa visão.
Em outubro, a liderança da Igreja Ortodoxa da Ucrânia, que não está alinhada com a igreja russa e constitui um dos dois ramos do cristianismo ortodoxo no país, concordou em permitir que os fiéis celebrassem em 25 de dezembro.
A escolha das datas tem conotações políticas e religiosas claras . Para algumas pessoas, a mudança de datas representa uma separação da Rússia, sua cultura e religião. “O que começou em 24 de fevereiro, a invasão em grande escala, é um despertar e um entendimento de que não podemos mais fazer parte do mundo russo”, disse Olena Paliy, moradora do vilarejo de Bobrytsia, à agência AP.
A Igreja Ortodoxa Russa, que reivindica soberania sobre a Ortodoxia na Ucrânia, e algumas outras igrejas Ortodoxas Orientais continuam a usar o antigo calendário juliano.
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