Uber inclui motociclistas da cidade de SP na categoria de viagem com passageiro sem que eles saibam
Reportagem do g1 testou a modalidade Uber Moto — Foto: g1
Após reunião com a Prefeitura de São Paulo nesta sexta-feira (6), a Uber afirmou que a modalidade de viagens de moto para passageiros ainda não está em funcionamento na capital. No entanto, é possível solicitar corridas do tipo pelo aplicativo.
O 💥️g1 realizou testes na tarde desta sexta, e sete motoboys aceitaram a corrida sem saber que estavam cadastrados na modalidade. Eles trabalhavam apenas com entregas.
Foi solicitada uma corrida de 1 km no valor de R$ 7 — da sede da Rede Globo, na Avenida Chucri Zaidan, Zona de Sul de São Paulo, até o Shopping Market Place, na mesma avenida.
Após a publicação da reportagem, por volta das 18h30, a opção de Uber Moto deixou de aparecer nos aparelhos da equipe do 💥️g1. A empresa nega que a opção tenha sido removida. A Uber informou que "pode ser que a opção não esteja aparecendo por conta do equilíbrio de oferta".
Em nota, a Uber informou que "a modalidade ainda não está disponível em todos os horários e regiões das cidades". Disse também que os motociclistas que realizam entregas pelo Uber Flash podem se cadastrar na categoria Uber Moto, mas isso não quer dizer que todos os parceiros de Uber Moto realizam entrega, e vice-versa. 💥️
Sobre os motociclistas estarem sendo colocados na categoria sem serem avisados, a empresa informou que "para fazer viagens com Uber Moto, todos os motociclistas parceiros devem aceitar os termos e condições da modalidade".
2 de 3 Colaboradores da Uber não sabem que estão cadastrados da modalidade Moto — Foto: Reprodução
Colaboradores da Uber não sabem que estão cadastrados da modalidade Moto — Foto: Reprodução
"Ah não, moça, eu aceitei porque achei que era para levar encomenda. Só vi agora que aparece como passageiro. Eu nem sabia que estava participando disso, não nos avisaram, nem capacete eu tenho para levar passageiro", contou um outro motociclista.
Corridas de UberMoto na cidade de SP. — Foto: Veronica Medeiros/ g1 Arte
Estavam presentes à reunião com a Uber representantes da Secretaria da Casa Civil do município, da Secretaria Executiva de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram) e do Comitê Municipal de Uso do Viário (CMUV).
Eles discutiram a criação de um grupo de trabalho para entender de que forma a atividade pode ser oferecida de forma legalizada e com a maior segurança possível para todos os envolvidos.
"Os representantes vão analisar o serviço, que ainda depende de regulamentação municipal, com base em estudos e dados, e contará com a ampla participação de empresas interessadas, especialistas e representantes da categoria. A redução do número de óbitos por sinistros no trânsito faz parte do Programa de Metas da Prefeitura", afirmou o município em nota.
Durante a reunião, a Uber informou para a prefeitura que, na prática, "o transporte de passageiros por motocicleta ainda não está disponível na cidade". Disse ainda que "responderá formalmente ao ofício da gestão municipal que pediu a suspensão do serviço até que o assunto seja debatido com mais profundidade".
3 de 3 Mototáxi em SP — Foto: Reprodução/ TV Globo
Mototáxi em SP — Foto: Reprodução/ TV Globo
O Uber Moto foi lançado pela empresa na quinta-feira (5) na capital paulista e no Rio. No mesmo dia, a Prefeitura de São Paulo pediu a suspensão imediata do serviço. Especialistas ouvidos pelo 💥️g1 afirmam que, antes de começar a funcionar na cidade de São Paulo, o serviço de viagens de moto via aplicativo deve passar por uma regulamentação, devido ao número excessivo de acidentes envolvendo motociclistas na capital.
Para os especialistas, antes de começar a usar o aplicativo de forma profissional, os motociclistas precisam:
Em nota, a empresa informou que já oferece viagens de moto desde novembro de 2023 no Brasil e, em São Paulo, a modalidade está presente na região metropolitana desde o ano passado.
Existe uma lei federal que regulamenta o serviço no país, mas ela pode ser adaptada de acordo com cada município. A lei determina que:
Para o advogado, o alto número de acidentes justifica a regulamentação municipal. Entre janeiro e novembro de 2022, foram registrados 16.850 acidentes na capital; desses, 371 terminaram em morte, proporção maior do que com ocorrências envolvendo carros 💥️(veja mais abaixo).
Para Flávio Vaz de Almeida, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica - USP, é necessário ter atenção à vulnerabilidade do veículo que está sendo utilizado para o transporte. "Você acaba expondo o passageiro a um risco muito maior. Se você está em um carro é há uma colisão, é pouco provável que haja uma consequência maior."
O engenheiro de transportes Sérgio Ejzenberg concorda com a necessidade de regulamentação e fiscalização. “O transporte por moto é muito mais letal, mais perigoso, cobra um preço enorme em vidas, em hospitalização, em prejuízo social em desastre familiar”, destacou.
E completou: “As autoridades devem tomar a dianteira e estabelecer as medidas necessárias para manter o maior controle de velocidade e maior controle na prestação de serviço dos motociclistas, de tal forma que minimize a matança”.
Gil Almeida Santos, presidente do Sindicato dos Motoboys, Motoentregadores e Mototaxistas, lembrou que a plataforma trabalha com parceiros - motociclistas que se candidatam ao serviço - que não necessariamente têm o treinamento específico necessário para esse tipo de transporte.
“Não dá pra você pegar uma pessoa despreparada, colocar no trânsito e levar outras pessoas. Ainda mais em um trânsito pesado que nem na cidade de São Paulo.”
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