As alegações mais polêmicas do príncipe Harry, publicadas em seu livro Spare
Harry diz que seu irmão, o príncipe William, o agrediu, que matou 25 talebãs e que tentou impedir o pai, o rei Charles, de se casar com Camilla. Veja outras relevações do livro. — Foto: PA MEDIA/via BBC
Diversas alegações e acusações controversas publicadas no livro autobiográfico do príncipe Harry, Spare, vazaram e foram publicadas na imprensa.
O livro descreve as queixas e ressentimentos da família real, como uma alegação de que ele e o príncipe William tentaram convencer seu pai, o agora rei Charles 3º, a não se casar com Camilla.
Mas uma das afirmações mais marcantes de Harry, relatada pela primeira vez pelo jornal Guardian, foi a de que ele teria sido agredido fisicamente por seu irmão.
O Palácio de Kensington e o Palácio de Buckingham disseram que não comentarão.
A BBC News obteve uma cópia de Spare depois que algumas foram colocadas à venda na Espanha. Aqui reunimos algumas das declarações mais polêmicas do livro:
Harry escreve que ele que William imploraram para que o pai não se casasse com Camilla, hoje rainha consorte da Inglaterra.
O jornal The Sun, noticiou que Harry afirma que ele e seu irmão tiveram reuniões separadas com Camilla antes que ela entrasse oficialmente para a família real. Harry afirma que ponderou se Camilla um dia seria sua "madrasta perversa", mas que ele e seu irmão estavam dispostos a perdoá-la em "seus corações", se ela pudesse fazer o rei Charles feliz, diz o jornal.
Não há detalhes sobre quando o encontro aconteceu ou quantos anos Harry tinha na época.
Harry descreve como sua tristeza pela morte da mãe, Diana, princesa de Gales, o levou a buscar a ajuda de uma mulher que "afirmava ter 'poderes'" psíquicos.
"Sua mãe diz que você está vivendo a vida que ela não poderia viver", disse a mulher, segundo relato de Harry. "Você está vivendo a vida que ela queria para você."
Diana morreu em um acidente de carro em Paris em 1997, quando Harry tinha 12 anos.
O relato de Harry sobre uma conversa que ele diz ter tido com sua falecida mãe é curto, de acordo com o Guardian - que obteve uma cópia do livro e publicou um trecho na madrugada de quinta-feira (5).
Também não há detalhes sobre onde ou quando ocorreu o encontro com a mulher.
No livro Spare, Harry descreve quando seu pai o acordou para contar que Diana havia sofrido um acidente de carro.
Harry escreve que Charles - que Harry diz não ser bom em expressar seus sentimentos em "circunstâncias normais" - não o abraçou ao dar a notícia.
Mais tarde, Harry escreve que refez o trajeto feito pelo carro de Diana em Paris, quando morreu, na esperança de que trouxesse uma sensação de desfecho. Mas ele diz que isso só o deixou questionando a causa oficial da morte da mãe.
Harry afirma que seu irmão agarrou seu colarinho, rasgando seu cordão, e o derrubou no chão de sua casa em Londres. O livro apresenta uma discussão entre os dois, que Harry afirma ter sido provocada por comentários feitos por William sobre Meghan.
Harry escreve que seu irmão criticou Meghan, descrevendo-a como "difícil", "rude" e "abrasiva".
O duque de Sussex disse que seu irmão estava "papagaiando a narrativa da imprensa" à medida que o confronto aumentava, de acordo com o jornal The Guardian.
2 de 3 William se referia frequentemente a Harry como Harold, segundo o livro Spare, apesar de esse não ser o nome do irmão. — Foto: GETTY IMAGES/via BBCWilliam se referia frequentemente a Harry como Harold, segundo o livro Spare, apesar de esse não ser o nome do irmão. — Foto: GETTY IMAGES/via BBC
"Ele colocou [um copo de] água na mesa, me chamou de outro nome e depois veio até mim. Tudo aconteceu tão rápido. Tão rápido. Ele me agarrou pelo colarinho, rasgou meu cordão e me jogou no chão", diz Harry, no livro.
"Caí na tigela do cachorro, que rachou sob minhas costas, os pedaços me cortando. Fiquei ali por um momento, atordoado, depois me levantei e disse a ele para sair."
Harry escreve que tinha 17 anos quando perdeu a virgindade com uma mulher mais velha em um campo atrás de um pub.
Ele diz que foi uma experiência "humilhante", durante a qual a mulher o tratou "como um jovem garanhão".
O livro de memórias também afirma que William e sua esposa, Kate, riram quando Harry voltou para casa vestido com um uniforme nazista antes de uma festa à fantasia em 2005.
Harry diz que estava discutindo figurinos para o evento e chamou a dupla para pedir suas opiniões - ele tinha um uniforme de piloto e uma roupa nazista para escolher.
"Liguei para Will e Kate e perguntei o que eles achavam. Uniforme nazista, eles disseram. Eu aluguei a roupa, junto com um bigode ridículo, e voltei para casa", conta Harry.
"Will e Kate estavam rindo. Era ainda pior do que a fantasia de collant de William. Muito mais ridículo."
Harry tinha 20 anos quando o The Sun publicou uma foto de primeira página dele vestido com o uniforme em uma festa à fantasia com o tema "Nativo e Colonial".
Harry diz que cheirou uma carreira de cocaína na casa de alguém quando tinha 17 anos e admite ter usado a droga em várias outras ocasiões, embora não tenha gostado.
Ele escreve: "Não foi muito divertido e não me fez sentir especialmente feliz como parecia fazer com todos os outros, mas me fez sentir diferente, e esse era meu principal objetivo. Eu era um garoto de 17 anos pronto para tentar qualquer coisa que alterasse a ordem pré-estabelecida."
Ele também relata ter fumado maconha em um banheiro no Eton College, escola tradicional do Reino Unido, quando era aluno, enquanto os policiais que atuavam como seus guarda-costas patrulhavam o exterior do prédio.
Harry também descreve a ingestão de cogumelos mágicos durante uma viagem à Califórnia em 2016, relata o jornal The Telegraph.
"Você não me conhece, Harold. E eu não conheço você", é o que Harry afirma que William disse a ele quando estava prestes a começar a estudar no Eton College.
Harry diz que seu irmão explicou a ele "que durante seus primeiros dois anos lá, Eton tinha sido um santuário".
"Ele não queria o fardo de um irmãozinho que o incomodaria com perguntas ou meteria o nariz em seu círculo social", diz Harry.
Ele diz que disse a William "para não se preocupar". "Vou esquecer que te conheço", teria respondido ao irmão.
Harry diz que conheceu a falecida apresentadora de TV Caroline Flack quando foi a um restaurante com amigos em 2009. Descrevendo-a como "doce" e "engraçada", ele escreve que a imprensa logo descobriu e os fotógrafos os rastrearam.
"Isso desencadeou um frenesi", escreve ele. "Em questão de horas, uma horda de jornalistas estava acampada do lado de fora da casa dos pais de Flack, das casas de seus amigos e da casa de sua avó", relata.
"Nós nos víamos de vez em quando, mas nunca mais nos sentimos livres. Continuamos porque nos divertíamos juntos e porque não queríamos admitir a derrota nas mãos daqueles imbecis. Mas o relacionamento foi maculado, irremediavelmente, e no final decidimos que não valia à pena a dor e o assédio. Acima de tudo por sua família. Dissemos adeus. Adeus e boa sorte."
Enquanto servia como piloto de helicóptero no Afeganistão em 2012-13, Harry diz que participou de seis missões, todas envolvendo mortes, mas as considerou justificáveis.
"Não é uma estatística que me enche de orgulho, mas também não me deixa envergonhado", escreve ele. "Quando me vi mergulhado no calor e na confusão do combate, não pensei naqueles 25 como pessoas. Eram peças de xadrez removidas do tabuleiro, pessoas más eliminadas antes que pudessem matar pessoas boas."
3 de 3 Príncipe Harry no Afeganistão em 2012 — Foto: PA MEDIA/via BBCPríncipe Harry no Afeganistão em 2012 — Foto: PA MEDIA/via BBC
Harry afirma que a família real arrastou os pés sobre a data e o local de seu casamento com Meghan.
Ele diz que quando consultou seu irmão sobre a possibilidade de se casar na Catedral de St. Paul ou na Abadia de Westminster, William disse que não era possível porque haviam sido os locais dos casamentos de Charles e Diana e William e Catherine, respectivamente.
Em vez disso, William sugeriu uma capela num vilarejo perto da casa de seu pai em Highgrove House, em Cotswolds, diz Harry.
Harry e Meghan se casaram na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, em maio de 2018.
"No final do verão de 2013, eu estava passando por um momento ruim, alternando entre períodos de letargia debilitante e ataques de pânico aterrorizantes", escreve Harry em suas memórias.
Descrevendo suas funções na época, desde fazer discursos até dar entrevistas, Harry diz que se viu "incapaz de desempenhar essas funções básicas".
Pouco antes dos discursos, seu corpo ficava coberto de suor e vestir o terno se tornou gatilho, quando o pânico começou, diz ele.
"Na hora de vestir o blazer e amarrar os sapatos, o suor escorria pelas minhas bochechas e costas".
Charles implorou para William e Harry não brigarem
Depois do funeral do Duque de Edinburgo, marido da Rainha Elizabeth 2ª, em 2023, Harry descreve uma discussão entre ele e seu irmão, William. Harry diz que Charles se colocou entre os dois e disse: "Por favor, meninos, não façam com que meus últimos anos sejam miseráveis."
William era o herdeiro e Harry o 'reserva'
O título do livro, 'Spare', faz alusão a um comentário supostamente feito após o nascimento de Harry.
Harry escreve que, quando tinha 20 anos, contaram a ele que Charles disse a Diana: "Ótimo. Você me deu um herdeiro e um reserva. Você cumpriu o seu trabalho."
- Essa reportagem foi originalmente publicada em https://www.bbc.com/portuguese/geral-64141496
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