Inflação no governo Bolsonaro atinge o maior patamar para um mandato desde a primeira gestão de Dilma

Pandemia trouxe alta nos preços de alimentos e combustíveis e influenciou na inflação dos últimos quatro anos. — Foto: Tânia Rego/Agência Brasil 1 de 1 Pandemia trouxe alta nos preços de alimentos e combustíveis e influenciou na inflação dos últimos quatro anos. — Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Pandemia trouxe alta nos preços de alimentos e combustíveis e influenciou na inflação dos últimos quatro anos. — Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

A inflação oficial do país observada entre 2023 e 2022 ficou em 26,93%, no maior patamar para um mandato desde o primeiro governo de Dilma Rousseff, que aconteceu entre 2011 e 2014 (27,03%).

Os dados foram compilados por Einar Rivero, do TradeMap, a pedido do 💥️g1. O levantamento já considera o resultado final do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (10).

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A sondagem ainda traz a comparação do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e que é conhecido como a “inflação do aluguel”, por servir como base para o reajuste de grande parte desses tipos de contrato.

Considerando o IGP-M, os dados registrados no governo de Jair Bolsonaro (PL) ficaram em 64,11%, os maiores desde o 2º governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que aconteceu entre 1999 e 2003 (82,66%).

Nesta terça-feira (10), dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial do país) ficou em 0,62% em dezembro. Em 2022 como um todo, o indicador ficou em 5,79%.

Esse foi o 4º ano consecutivo em que os preços ficaram acima do teto da meta. Para 2022, a meta era de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (5%).

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Segundo os especialistas, foram vários os fatores que influenciaram nos preços brasileiros ao longo dos últimos quatro anos — a maior parte vinda como reflexo da pandemia de Covid-19. Entre os exemplos, estão:

Para o economista da ASA Investments Leonardo Costa, a variação dos preços brasileiros ilustra “dois mundos distintos”: o de antes da pandemia — de inflação mais baixa, vista como herança da crise econômica que o país enfrentou entre 2015 e 2016 — e o de depois da pandemia, com efeitos vindos tanto do quadro doméstico quanto do internacional.

No quadro doméstico, especialistas afirmam que esse aumento reflete bastante do comportamento do brasileiro no período — que, sendo obrigado a ficar em casa, acabou aumentando seu consumo de alimentos no domicílio e de bens — e, especialmente na parte de alimentação, os preços ainda refletem os episódios climáticos que prejudicaram a agricultura.

Mas mesmo que esses preços tenham arrefecido conforme o programa de vacinação no país evoluía, não houve um reflexo tão grande na inflação, já que essa desaceleração foi compensada por um aumento da inflação de serviços em meio à reabertura da economia.

Os impactos vindos do exterior, como a disparada dos preços das commodities (que depois ainda foi agravada por conta da guerra na Ucrânia) e as restrições de oferta nas cadeias produtivas, por exemplo, também se refletiram no IPCA ao longo dos últimos anos.

A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andrea Angelo, lembra, por exemplo, da escassez de semicondutores que atingiu a indústria global em 2023, afetando desde montadoras de veículos a fabricantes de smartphones, por exemplo.

Vale lembrar, ainda, que esse cenário também influenciou os preços do IGP-M, já que a maior parte do indicador é composta por commodities ligadas ao setor industrial e ao agronegócio. Como esses itens são normalmente cotados em dólar, a desvalorização da moeda brasileira levou a um encarecimento desses produtos, pressionando o indicador para cima. O índice fechou o ano passado com uma alta de 5,45%.

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Segundo os especialistas, o cenário internacional mais ameno, com desaceleração da inflação mundial e um maior controle dos impactos vindos da guerra na Ucrânia, já começa a se refletir em uma melhora nos preços globais — e isso também deve dar uma folga à inflação brasileira.

“Em relação à China, falta vermos como o país deverá caminhar após o fim de sua política de 'Covid zero'. Alguns analistas já indicam que o crescimento do gigante asiático deve vir mais baixo, mas essa é uma desaceleração que já está na conta do mercado. De qualquer forma, é preciso avaliar como tudo isso deve caminhar”, diz Costa, da ASA Investments.

Já no ambiente doméstico, o principal alerta fica para os preços dos combustíveis, que tendem a aumentar a partir do momento em que volte a cobrança dos tributos federais em produtos que foram desonerados no ano passado.

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No dia de sua posse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma medida provisória que prorroga a desoneração sobre o etanol e a gasolina até o final de fevereiro. Já os impostos sobre o diesel, por sua vez, devem ficar zerados até o final deste ano.

“Precisamos entender como tudo isso deve ficar daqui para frente, pois se a cobrança voltar toda de uma vez, é possível que haja um forte impacto na inflação, porque volta toda a parte que ajudou a desinflar os preços nos últimos meses”, explica Angelo, da Warren.

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