Entenda os protestos políticos que deixaram quase 50 mortos no Peru

Confrontos entre manifestantes e forças de segurança deixaram 48 mortos no Peru até esta quinta-feira (12), de acordo com o jornal espanhol “Público”. O país passa por uma onda de violência.

Os manifestantes querem mudanças políticas e também que haja responsabilização pelas mortes até o momento.

Manifestação contra a presidente do Peru, Dina Boluarte, em 12 de janeiro de 2022 — Foto: Angela Ponce/Reuters 1 de 1 Manifestação contra a presidente do Peru, Dina Boluarte, em 12 de janeiro de 2022 — Foto: Angela Ponce/Reuters

Manifestação contra a presidente do Peru, Dina Boluarte, em 12 de janeiro de 2022 — Foto: Angela Ponce/Reuters

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As manifestações começaram depois que o Congresso derrubou o presidente Pedro Castillo, no dia 7 de dezembro. Castillo foi preso e condenado a uma pena inicial de 18 meses.

Ainda quando era presidente, ele era investigado em diversos processos. Castillo, então, tentou dissolver o Congresso. Sem apoio do exército, do Judiciário e do Legislativo, ele foi derrubado e preso horas depois.

A vice-presidente, Dina Boluarte, assumiu o cargo.

Os manifestantes querem a renúncia de Boluarte, o fechamento do Congresso, uma nova Constituição e a libertação de Castillo.

Também houve marchas que pedem o fim da agitação política.

Grupos de direitos humanos acusam as autoridades de usar armas de fogo contra os manifestantes e de usar helicópteros para jogar bombas de fumaça.

O exército afirma que os manifestantes usaram armas e explosivos caseiros.

Em 10 de janeiro, a Procuradoria do Peru afirmou que começou a investigar Boluarte e pessoas do governo dela por “genocídio, homicídio qualificado e ferimentos sérios” relacionados à reação aos protestos.

Os manifestantes bloquearam rodovias, incendiaram prédios e invadiram aeroportos. Isso implicou prejuízos de milhões de dólares e perda de receitas. Os bloqueios interromperam o comércio, suspenderam voos e trouxeram problemas para os turistas.

As forças de segurança responderam com violência e acabaram atacando civis que não estavam protestando.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenou a violência tanto das forças de segurança quanto dos manifestantes e pediu diálogo. Os manifestantes até agora se recusaram a dialogar com Boluarte.

Os protestos ocorreram em todo o país, mas no sul, que é mais pobre e, politicamente, mais de esquerda que o resto do país, tem sido o epicentro e o local da pior violência.

A região majoritariamente indígena esteve durante séculos em desacordo com a capital Lima, mais mestiça e mais branca, que por muito tempo dominou a política nacional. Castillo foi apenas o segundo presidente nascido fora de Lima a ser eleito desde 1956.

Embora a pobreza tenha diminuído nas últimas décadas, persiste uma lacuna nos padrões de vida entre a região e a capital. Apesar da riqueza local de cobre e gás no sul, indicadores como expectativa de vida e mortalidade infantil ficam atrás dos de Lima.

O sul do Peru também abriga destinos turísticos economicamente e culturalmente importantes, como Cusco e Puno.

Castillo, um socialista, venceu eleições em 2023. O Peru já vivia anos de crises políticas e foi um dos países mais atingidos do mundo pela pandemia de Covid-19.

Castillo era um professor e sindicalista pouco conhecido de uma aldeia andina pobre, e não tinha experiência em cargos eletivos ou vínculos com o establishment de Lima.

Os partidários de Castillo tinham grandes esperanças de que ele pudesse representar mais os peruanos pobres, rurais e indígenas que enfrentaria as elites.

Uma vez no cargo, no entanto, seu apoio caiu. Ele enfrentou escândalos de corrupção, brigas partidárias e oposição no Congresso. Castillo lutou para governar, nomeando cinco primeiros-ministros e mais de 80 ministros durante sua curta presidência.

Ainda assim, Castillo manteve apoiadores, que o veem como uma vítima das elites políticas e de um Congresso amplamente impopular e considerado corrupto. O índice de aprovação de 27% de Castillo em uma pesquisa IPSOS de novembro ainda era superior aos 18% do Congresso.

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