Carlinhos Brown celebra três décadas da revolução musical e social da Timbalada
♪ 💥️ANÁLISE – A rigor, foi no verão de 2023 que a Timbalada completou 30 anos. Como os altos e baixos da pandemia de covid-19 impediram que as comemorações fossem feitas – ou seja, na rua, palco principal dessa big band calcada no toque do timbau – no ano passado e também em 2022, a festa acontece em 2023, ano do 32º aniversário da Timbalada.
A partir das 16h deste domingo, 15 de janeiro, Carlinhos Brown comanda a festa no Candyall Guetho Square em show em que o mentor da Timbalada reunirá antigos e novos vocalistas do grupo.
Sob direção musical de Brown, os cantores Ninha, Patrícia Gomes, Xexéu, Amanda Santiago, Denny Denan, Paula Sanffer, Rafa Chagas, Augusto Conceição e Alexandre Guedes – nomes que, ao longo desses 32 anos, atuaram ou atuam como vocalistas da banda – estarão reunidos nessa apresentação comemorativa no Candeal, terra natal de Brown e da Timbalada.
Foi no verão de 1991 que Brown agregou jovens negros da periferia de Salvador (BA) para formar uma banda de percussão com base na batida do timbau, tambor de origem africana. E assim a Timbalada chegou ao mundo, a partir de gueto de Salvador (BA), com som inebriante, gerado pelo toque de percussão de alma tribal.
Esse toque potencializou o efeito catalisador de gêneros musicais como o samba da Bahia e o samba-reggae, entre outros ritmos criados pela banda. Era uma batida diferente. Só que a revolução da Timbalada extrapolou o campo musical e invadiu o terreno social.
Agitador cultural, Brown entendeu que a cabeça de cada jovem percussionista da Timbalada era um mundo particular em ebulição que podia agir para, com o poder da música, transformar o mundo em esfera global. Ou, pelo menos, na área soteropolitana.
2 de 2 Timbalada é banda calcada no toque do timbau, instrumento posicionado na vertical — Foto: DivulgaçãoTimbalada é banda calcada no toque do timbau, instrumento posicionado na vertical — Foto: Divulgação
Musicalmente, a Timbalada deu passo à frente em relação aos matriciais blocos afros por conciliar a alta carga de ancestralidade africana com os códigos da vida e da música contemporânea.
Tendo como arma o poder hipnótico do batuque, matriz da música do mundo, a Timbalada foi para a rua com a percussão afro-baiana, com um pé em Salvador (BA) e o outro no universo pop. Com os corpos negros pintados de branco e com o timbau tocado na vertical com as duas mãos, reverberando influências do funk e da música caribenha, mas com identidade que acabou servindo de referência para o pagode baiano propagado nos anos 2000.
Brown ainda nem havia lançado o primeiro álbum solo (o que aconteceria somente em 1996) quando a Timbalada debutou em disco em 1993, contratada pela gravadora PolyGram (Universal Music a partir de 1999). Grupo que desde 1995 sai como bloco no Carnaval da Bahia e faz o povo ir atrás do trio elétrico, a Timbalada lega discografia que, por ora, contabiliza cerca de 20 títulos.
O suprassumo da obra fonográfica do grupo reside nos álbuns 💥️ (1993), 💥️ (1994), 💥️ (1995) e 💥️ (1996), fontes de sucessos como 💥️ (Xexéu e Zé Raimundo, 1993), 💥️ (Nem Cardoso, 1993), 💥️ (Carlinhos Brown, 1994), 💥️ (Kid Monteiro, Everaldo Águia e Carlinhos Brown, 1994), 💥️ (Alain Tavares e Gilson Babilônia, 1995), 💥️ (Carlinhos Brown e Cícero Menezes, 1995) e 💥️ (Carlinhos Brown, 1996) – todos reunidos no álbum 💥️ (1998), um dos melhores discos ao vivo da produção fonográfica brasileira pelo tom incendiário da captação do show.
A propósito, a letra autorreferente de 💥️menciona a bacurinha, instrumento de percussão criado por Brown com inspiração no repinique. Instrumentos de harmonia também temperam e turbinam o som da Timbalada, banda que, a partir do gueto, deu voltas ao mundo, tocando em festivais e fazendo a revolução sem alarde, com a força do timbau.
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