Com ajuda de moradores, brasileiras 'presas' no Peru saem do interior pela madrugada e chegam a Lima: 'A

Daniela e Alice chegaram dia 4 de janeiro no Peru, mas protestos impedem o retorno ao Brasil — Foto: Arquivo Pessoal 1 de 5 Daniela e Alice chegaram dia 4 de janeiro no Peru, mas protestos impedem o retorno ao Brasil — Foto: Arquivo Pessoal

Daniela e Alice chegaram dia 4 de janeiro no Peru, mas protestos impedem o retorno ao Brasil — Foto: Arquivo Pessoal

Após ficarem quase uma semana "presas" na pequena cidade Andahuaylas, no interior do Peru, as brasileiras Daniela de Oliveira e Alice Andrade Ribeiro Gonçalves, de 26 anos, conseguiram sair do município no fim de semana com a ajuda de moradores e chegaram até Lima, onde tentam trocar as datas das passagens aéreas para retornarem ao Brasil.

As duas não conseguiam sair do município desde o dia 10 de janeiro depois que protestos contra a presidente Dina Boluarte fecharam as estradas e suspenderam todos os transportes. Com barricadas pelas vias, comércios fechados e dinheiro acabando, as paulistanas chegaram até a pedir por resgate aéreo 💥

Ao 💥️g1, Alice contou que ela e a amiga Daniela foram informadas que algumas barricadas eram liberadas pela madrugada e existiam viagens pelas rotas alternativas. Foi então que decidiram arriscar.

"Saímos 0h30 do dia 14 de janeiro e fomos de carro com outros locais, pegando rotas alternativas para evitar outras barricadas no caminho. Chegamos às 13h em Nazca, e de Nazca pegamos um ônibus até Lima, pois essa rota estava operativa e livre. Aí chegamos em Lima 22h30".

Ainda conforme Alice, a expectativa é de que consigam trocar as datas das passagens aéreas de volta para que ela e Daniela retornem ao Brasil o quanto antes.

"Estamos tentando entender o que a companhia aérea pode fazer para sairmos daqui. Nossa passagem de volta está marcada para o dia 30, mas com saída da Bolívia. Mas precisamos sair daqui de Lima porque não vamos mais conseguir chegar a Bolívia", diz.

Em nota, o Itamaraty informou que tinha conhecimento do caso e que estava "prestando a assistência possível às nacionais, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local".

O Ministério recomendou ainda que brasileiros considerem adiar temporariamente visitas ao Peru que não sejam urgentes ou indispensáveis.

"Brasileiros que estejam no Peru ou tencionem viajar àquele país devem também manter-se informados sobre alertas para viajantes na página do serviço consular da Embaixada do Brasil em Lima e no Portal Consular, seguindo as recomendações ali expressas, em especial as que dizem respeito a cuidados a serem tomados em viagens e deslocamentos por via terrestre".

As manifestações no Peru estão acontecendo principalmente em cidades turísticas como 💥️Lima, 💥️Cusco, Arequipa e Puno. Os atos pedem novas eleições no país e a💥renúncia de Boluarte, que assumiu o poder após o ex-presidente Pedro Castillo ser preso por tentar um golpe de estado. Segundo registros oficiais, mais de 40 pessoas já morreram.

Alice e Daniela contaram ao 💥️g1 que planejavam fazer mochilão pelo Peru e Bolívia durante o mês de janeiro. No dia 4 de janeiro as duas desembarcaram em Lima e tinham como plano ir para Machu Picchu, em Cusco, no dia 16. Depois, seguiriam para a Bolívia. Contudo, os atos a surpreenderam.

"Fomos forçadas a mudar nossa rota de Lima a Paracas ou qualquer outra cidade da província de Ica devido às greves. Fomos no dia 7 de janeiro para Ayacucho, um dos únicos destinos possíveis que se aproximavam do nosso destino real que era Cusco, para fugir desses atos. No entanto, Cusco se tornou um dos lugares mais afetados, além de ter sua principal atração, Machu Picchu, fechada", diz Daniela.

Manifestante fala com policiais em protesto em Lima, no Peru, em 12 de janeiro de 2023. — Foto: Sebastian Castañeda/ Reuters 2 de 5 Manifestante fala com policiais em protesto em Lima, no Peru, em 12 de janeiro de 2023. — Foto: Sebastian Castañeda/ Reuters

Manifestante fala com policiais em protesto em Lima, no Peru, em 12 de janeiro de 2023. — Foto: Sebastian Castañeda/ Reuters

Daniela e Alice resolveram então, no dia 9 de janeiro, pegar uma van com peruanos que estava indo até Chincheros como forma de se afastar das áreas com manifestações.

"Mas em Chincheros encontramos a primeira barricada deixada pelos manifestantes e tivemos que fazer o restante do caminho a pé até Uripa. No dia 10 de janeiro, caminhamos de novo por 12 horas, com mochilas de 15 quilos cada, e chegamos em Andahuaylas na esperança de chegar a Cusco, mas os atos vieram na mesma direção", conta Daniela.

As paulistanas dizem que receberam assistência do setor de turismo da cidade, do governo peruano, e ficaram em um hostel sem custo na cidade do interior.

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Manifestação contra a presidente do Peru, Dina Boluarte, em 12 de janeiro de 2022 — Foto: Angela Ponce/Reuters 3 de 5 Manifestação contra a presidente do Peru, Dina Boluarte, em 12 de janeiro de 2022 — Foto: Angela Ponce/Reuters

Manifestação contra a presidente do Peru, Dina Boluarte, em 12 de janeiro de 2022 — Foto: Angela Ponce/Reuters

As manifestações começaram depois que o Congresso derrubou o presidente Pedro Castillo, no dia 7 de dezembro. Castillo foi preso e condenado a uma pena inicial de 18 meses.

Ainda quando era presidente, ele era investigado em diversos processos. Castillo, então, tentou dissolver o Congresso. Sem apoio do exército, do Judiciário e do Legislativo, ele foi derrubado e preso horas depois.

A vice-presidente, Dina Boluarte, assumiu o cargo.

Os manifestantes querem a renúncia de Boluarte, o fechamento do Congresso, uma nova Constituição e a libertação de Castillo. Também houve marchas que pedem o fim da agitação política.

Grupos de direitos humanos acusam as autoridades de usar armas de fogo contra os manifestantes e de usar helicópteros para jogar bombas de fumaça. O exército afirma que os manifestantes usaram armas e explosivos caseiros.

Em 10 de janeiro, a Procuradoria do Peru afirmou que começou a investigar Boluarte e pessoas do governo dela por “genocídio, homicídio qualificado e ferimentos sérios” relacionados à reação aos protestos.

Mulher passa debaixo de tronco de árvore em ponte interditada em Cusco pelos protestos que pedem renúncia da presidente do Peru, Dina Bolutarte, em 07 de janeiro de 2023. — Foto: Hugo Courotto/ Reuters 4 de 5 Mulher passa debaixo de tronco de árvore em ponte interditada em Cusco pelos protestos que pedem renúncia da presidente do Peru, Dina Bolutarte, em 07 de janeiro de 2023. — Foto: Hugo Courotto/ Reuters

Mulher passa debaixo de tronco de árvore em ponte interditada em Cusco pelos protestos que pedem renúncia da presidente do Peru, Dina Bolutarte, em 07 de janeiro de 2023. — Foto: Hugo Courotto/ Reuters

Os manifestantes bloquearam rodovias, incendiaram prédios e invadiram aeroportos. Isso implicou prejuízos de milhões de dólares e perda de receitas. Os bloqueios interromperam o comércio, suspenderam voos e trouxeram problemas para os turistas.

As forças de segurança responderam com violência e acabaram atacando civis que não estavam protestando.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenou a violência tanto das forças de segurança quanto dos manifestantes e pediu diálogo. Os manifestantes até agora se recusaram a dialogar com Boluarte.

Manifestantes com cartaz pedindo antecipação das eleições para 2023 no Peru, em Ica, em 6 de janeiro de 2023. — Foto: Martin Mejia/ AP 5 de 5 Manifestantes com cartaz pedindo antecipação das eleições para 2023 no Peru, em Ica, em 6 de janeiro de 2023. — Foto: Martin Mejia/ AP

Manifestantes com cartaz pedindo antecipação das eleições para 2023 no Peru, em Ica, em 6 de janeiro de 2023. — Foto: Martin Mejia/ AP

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