As crianças e o Futuro Sustentável para a mobilidade



💥️Por Bruno Oliveira, Consultor na área de Mobilidade e Transportes na TIS

É inegável que a mobilidade escolar gera um grande impacto nas cidades e, apesar de ainda não atrair a devida atenção, os dados demostram a dimensão do problema. Segundo os Censos de 2023, em Portugal residem 1,4 milhões de crianças e adolescentes, dos quais 51% realizam as deslocações para a escola de carro. Em 2011, eram 47%, o que demonstra que, apesar do avanço na discussão sobre mobilidade sustentável, pouco se fez para alterar os padrões de deslocação das crianças e adolescentes.

Infelizmente, a maioria da geração de futuros adultos não conhece outra forma de deslocação escolar que não seja o automóvel, desconhecendo as opções modais disponíveis. Esta realidade não só contribui para o sedentarismo, excesso de peso e perda de autonomia, como priva as crianças de deslocações mais saudáveis, divertidas e sociáveis, e de desenvolverem mais responsabilidade, independência e autoestima.

Para as cidades portuguesas, a dependência do carro também traz desafios críticos, ainda mais num momento em que a mobilidade sustentável e a descarbonização são tão urgentes. Portugal comprometeu-se a atingir a neutralidade carbónica até 2050; reduzir os acidentes rodoviários a praticamente zero; e, até 2030, garantir que, pelo menos, 7,5% das deslocações sejam realizadas de bicicleta (10% nas áreas urbanas) e que 35% sejam a pé. Esses objetivos são ambiciosos, mas fundamentais para transformar as cidades em espaços mais saudáveis e agradáveis de viver.

Nos últimos dois anos, por via da participação em projetos de promoção da mobilidade escolar sustentável nos municípios portugueses ou em conferências internacionais, a conclusão é clara: temos de incluir as crianças se queremos um futuro sustentável para a mobilidade. Nestes projetos para a Mobilidade Escolar foram realizados inquéritos nos municípios participantes, para avaliar os padrões atuais de mobilidade, entender a perceção e as expectativas dos encarregados de educação, e perceber a predisposição para a utilização de modos mais sustentáveis, como bicicletas e transportes públicos.

Os resultados foram animadores: 80% dos encarregados de educação que participaram do estudo estão disponíveis para adotar uma solução de transporte público caso ela seja pontual, confiável, gratuita e, preferencialmente, que inclua notificações sobre a chegada dos alunos à escola ou um vigilante a bordo. Estes municípios também puderam utilizar estes dados na priorização de investimentos e na escolha das melhores soluções para cada escola, contribuindo também para uma melhor aceitação das mudanças dentro da comunidade escolar.

As cidades “do futuro”, “sustentáveis”, “dos 15 minutos” & ou qualquer que seja o nome do modelo que está a ser construído & têm o dever de oferecer às crianças ruas mais seguras, deslocações mais divertidas e uma vida quotidiana que favoreça o bem-estar e a segurança. Ao cuidarmos da mobilidade das crianças, cuidamos do nosso futuro e construímos uma sociedade mais inclusiva e sustentável.

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