'Não é médico, é um monstro', diz mulher que foi abusada por anestesista colombiano em hospital
Uma das mulheres que foram estupradas e tiveram as imagens do abuso gravadas pelo médico anestesista Andres Eduardo Oñate Carillo, preso nesta segunda-feira (16), foi abusada durante a cirurgia para a retirada do útero no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ.
Ela contou que ficou mais tempo desacordada do que o previsto e estava intubada durante o abuso. A mulher conta que demorou a retomar os sentidos. A outra vítima identificada, durante uma cirurgia de laqueadura no Hospital Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, na Região dos Lagos, conta experiência semelhante.
"Eu não estava conseguindo nem falar quando eu voltei. Eu lembro que a minha filha ficava fazendo perguntas. ‘Por que a minha mãe está assim?’. E o doutor falou assim: ‘Tem um tipo de cirurgia que a gente tem que dar um pouco mais de anestesia porque é prolongada. Foi a cirurgia da sua mãe’”, contou a paciente do Hospital Clementino Fraga Filho.
1 de 3 Uma das vítimas de Andres Oñate — Foto: Reprodução/TV Globo
Uma das vítimas de Andres Oñate — Foto: Reprodução/TV Globo
O delegado responsável pelo caso acredita que outras vítimas podem aparecer.
"Tem comprovação de ele ter violentado, estuprado, pelo menos duas pacientes. Com a apreensão de celular e computador vai ser possível identificar outras vítimas", disse o delegado Luiz Henrique Marques, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav).
O Hospital Estadual Nossa Senhora de Nazareth e o Hospital Universitário da UFRJ disseram que colaboram com as investigações e que o médico não atua mais nas unidades.
2 de 3 O anestesista colombiano Andres Eduardo Onate Carrillo — Foto: Reprodução/TV Globo
O anestesista colombiano Andres Eduardo Onate Carrillo — Foto: Reprodução/TV Globo
Os vídeos dos estupros contra as pacientes apareceram durante uma outra investigação, que começou em dezembro do ano passado, sobre armazenamento de material pornográfico infantil.
Os agentes receberam um alerta do Serviço de Repressão a Crimes de Ódio e Pornografia Infantil, da Polícia Federal. A partir da investigação dos dados dos dispositivos que Andres usava, os policiais descobriram que o médico colombiano produzia, compartilhava e armazenava conteúdo audiovisual de cunho sexual com menores. Ele tinha mais de 25 mil vídeos de crianças nuas.
Segundo as investigações, imagens que teriam sido produzidas por ele mostram meninas de 9 e 10 anos sem roupa.
Segundo a polícia, Andres criou um perfil falso nas redes sociais se passando por um adolescente para ganhar a confiança das crianças. Na troca de mensagens, ele pede que a menina grave um vídeo e finge ser da idade dela, dizendo que vai pedir ao pai para comprar alguma coisa.
3 de 3 A Polícia Civil do Rio prendeu no início da manhã desta segunda-feira, 16 de janeiro de 2023, um anestesista de nacionalidade colombiana por estupro de vulnerável. Andrés Eduardo Onate Carrillo, de 32 anos, é acusado de estuprar pacientes que ele sedava para a realização de cirurgias. — Foto: PEDRO KIRILOS/ESTADÃO CONTEÚDOA Polícia Civil do Rio prendeu no início da manhã desta segunda-feira, 16 de janeiro de 2023, um anestesista de nacionalidade colombiana por estupro de vulnerável. Andrés Eduardo Onate Carrillo, de 32 anos, é acusado de estuprar pacientes que ele sedava para a realização de cirurgias. — Foto: PEDRO KIRILOS/ESTADÃO CONTEÚDO
Andres prestou depoimento e confessou o crime. Segundo o médico, ele tem compulsão por pornografia infanto-juvenil. Sobre o estupro das pacientes, Andres afirmou que aguardava a melhor horar, quando estava sozinho com as vítimas "e aproveitava" para cometer os crimes.
O médico chegou ao Brasil em 2017 para se especializar em anestesiologia na UFRJ. Ele está em situação regular no país, mas começou a ser investigado pela Polícia Civil em dezembro de 2022, após o alerta da Polícia Federal.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) informou que abriu uma sindicância contra o médico. O conselho informou também que apura a conduta de Andres e agiliza os trâmites para "solicitar imediatamente a interdição cautelar dele."
O Cremerj informou que, na época dos casos citados na reportagem, ele não possuía o CRM, que é o número de identificação profissional, e atuava de forma irregular.
O órgão disse que vai apurar isso junto às unidades de saúde onde o anestesista prestou serviços.
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