Manobras com Belarus geram temor de nova ofensiva russa na Ucrânia

Bandeiras de Belarus e da Rússia em Minsk, Belarus 08/06/2019 — Foto: REUTERS/Vasily Fedosenko 1 de 2 Bandeiras de Belarus e da Rússia em Minsk, Belarus 08/06/2019 — Foto: REUTERS/Vasily Fedosenko

Bandeiras de Belarus e da Rússia em Minsk, Belarus 08/06/2019 — Foto: REUTERS/Vasily Fedosenko

Rússia e Belarus iniciaram nesta segunda-feira (16/01) exercícios conjuntos de suas forças aéreas, provocando temores em Kiev e no Ocidente de que Moscou possa usar seu aliado para lançar uma nova ofensiva terrestre na Ucrânia. As manobras envolveram todas as bases aéreas de Belarus e deverão se estender até 1º de fevereiro, informou o Ministério da Defesa belarusso.

Segundo o órgão, o principal objetivo do exercício tático conjunto é "reforçar a compatibilidade operacional" entre as tropas de diferentes unidades militares. Embora Minsk insista que os exercícios são de natureza defensiva e que não pretende entrar no conflito, o temor agora é que a Rússia esteja planejando abrir uma nova frente no norte da Ucrânia, como fez no início da guerra, em 24 de fevereiro.

Especialistas militares ocidentais vêm há tempos alertando sobre o risco de um ataque de Belarus à Ucrânia. No entanto, a probabilidade de uma nova ofensiva a partir de Minsk não era considerada muito grande, devido à baixa concentração de tropas.

Em recente pronunciamento em vídeo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, alertou sobre os planos de Moscou de mobilizar mais tropas para uma suposta nova grande ofensiva. Pouco antes do Ano Novo, o ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, também já havia se dirigido aos russos, advertindo-os de que o Kremlin se preparava para uma nova mobilização, com planos de impor a lei marcial na Rússia e fechar as fronteiras do país aos homens.

Oficialmente, a mobilização parcial na Rússia iniciada em 21 de setembro de 2022 ainda não terminou. Isso só acontecerá quando o presidente Vladimir Putin assinar um decreto para tal.

"De fato, não há nenhum decreto para acabar com a mobilização", diz Sergey Krivenko, chefe do grupo russo de direitos humanos Cidadãos, Exército, Direito.

A organização de Krivenko foi incluída na lista dos assim chamados "agentes estrangeiros" pelas autoridades russas.

Krivenko recorda um decreto de Putin de agosto de 2022, que tratava de um incremento das Forças Armadas russas para mais de 1,15 milhão de militares. "Na época, diversos especialistas apontavam para um total de cerca de 800 mil militares na Rússia — entre recrutas, soldados profissionais, oficiais e combatentes. E com a mobilização no outono [terceiro trimestre de 2022], um acréscimo de 300 mil estava em andamento."

Em dezembro, contudo, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou que aumentaria as Forças Armadas para 1,5 milhão, diz Krivenko, o que representaria um aumento adicional de até 400 mil homens.

Metade dos recrutados foi imediatamente enviada para o front; a outra metade para centros de treinamento.

Uma declaração semelhante foi dada à DW no início de dezembro pelo especialista militar Jan Matveyev, de Moscou: "Em primeiro lugar, não há sinais claros de que o Estado [russo] tenha desistido de dar continuidade à mobilização. Ele mantém todas as opções em aberto. E, em segundo lugar, há uma razão prática: soldados russos estão morrendo em grande quantidade ou sendo feridos na linha de frente. Isso se aplica especialmente aos mobilizados, pois são mal preparados. Eles terão, portanto, que ser substituídos."

Ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, presidente Putin e seu chefe de gabinete, Gerasimov, durante exercício militar — Foto: SPUTNIK via REUTERS 2 de 2 Ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, presidente Putin e seu chefe de gabinete, Gerasimov, durante exercício militar — Foto: SPUTNIK via REUTERS

Ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, presidente Putin e seu chefe de gabinete, Gerasimov, durante exercício militar — Foto: SPUTNIK via REUTERS

Segundo o especialista, a terceira razão para se esperar uma nova onda de mobilização é que Putin não tem intenção de acabar com a guerra.

"Haverá uma segunda, talvez até uma terceira onda de mobilização, porque seremos forçados a isso", disse no fim de dezembro o ex-"ministro da Defesa" da assim chamada "República Popular de Donetsk", Igor Girkin, também conhecido como Strelkov.

Um vídeo com as declarações de Girkin foi postado no canal do cientista político russo Stanislav Belkowski no Telegram. Ele acredita que haverá outra mobilização em janeiro ou 24 de fevereiro, aniversário da "operação militar especial".

As autoridades russas, porém, negam tais planos. "Não vejo necessidade de ordenar outra etapa de mobilização nos próximos seis meses", disse Andrei Gurulev, membro do comitê de defesa da Duma russa, em entrevista ao portal Chita.ru.

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