Aluna de Medicina da USP fez apostas em lotérica com dinheiro da poupança da comissão de formatura, acredita polícia

Os proprietários da lotérica pedem indenização por danos materiais.

  • Em abril de 2022, estudante passou a fazer apostas com altos valores na loteria.

  • Em julho, estudante teria pedido quase R$ 900 mil em apostas e agendado um PIX com valor muito menor do que o que deveria ser pago.

  • Advogados da lotérica também pediram o bloqueio de valores bancários da estudante.

    A polícia acredita que o dinheiro usado pela estudante Alicia Dudy Muller Veiga em apostas não pagas feitas em 2022 na lotérica da Zona Sul de São Paulo e que totaliza R$ 192,9 mil pode ter sido desviado da festa de formatura de outros alunos de Medicina da Universidade de São Paulo(USP).

    Alicia, de 25 anos, é suspeita de pegar quase R$ 1 milhão da poupança criada pela comissão, que era presidida por ela, para custear a festa de formatura.

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    A suspeita não é considerada foragida, e duas investigações estão em andamento: uma no 16º Distrito Policial (Vila Clementino, na Zona Sul de São Paulo), que instaurou inquérito para apurar💥️ crime de apropriação indébita, relativo ao dinheiro da formatura, e outra pela Delegacia Especializada em Investigações Criminais (DEIC) de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, pelos 💥️crimes de estelionato e lavagem de dinheiro contra uma lotérica.

    "Agora, com os novos fatos, a dedução é que o dinheiro pertencia aos alunos. Foi pedido quebra de sigilo bancário ainda no ano passado. A gente precisava saber como esse dinheiro entrou na conta, quem são as pessoas que colocaram dinheiro na conta, porque até então não sabíamos se ela estava lavando dinheiro para criminosos. Agora temos uma luz no fim do túnel. Precisa ser confirmado se é isso ou só isso mesmo”, disse o delegado Miguel Ferreira da Silva.

    Os dados de transações bancárias serão analisados com a quebra do sigilo e será verificado quem creditou os valores na conta dela. Com isso, a Polícia Civil conseguirá ligar as duas situações.

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    Alicia Dudy Müller Veiga é acusada de golpe na USP — Foto: Reprodução 1 de 3 Alicia Dudy Müller Veiga é acusada de golpe na USP — Foto: Reprodução

    Alicia Dudy Müller Veiga é acusada de golpe na USP — Foto: Reprodução

    Natural do interior de São Paulo, Alicia Dudy Muller ingressou na faculdade de Medicina em 2018. Ela está no sexto ano do curso.

    Em entrevista para a Rádio USP em fevereiro de 2018, ela afirmou que tinha passado no curso de Farmácia e até chegou a fazer a matrícula, mas desistiu e decidiu fazer cursinho por mais um ano para tentar entrar em Medicina.

    A estudante nasceu em Itararé, mas reside em um prédio na Vila Mariana, na Zona Sul da capital. Na plataforma Currículo Lattes, que reúne dados sobre estudantes e pesquisadores, ela informou ter feito o ensino médio na Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas, na região do Ipiranga.

    Em um vídeo gravado há quatro anos para o cursinho em que estudou, Alicia comentou sobre o processo de aprovação na Faculdade de Medicina da USP. O registro foi publicado em 14 de maio de 2018.

    Ela recebeu de R$ 3.000 de Auxílio Emergencial do governo federal. De acordo com o Portal da Transparência, entre junho e novembro de 2023, foram pagas cinco parcelas de R$ 600. Os valores não foram devolvidos à União.

    Segundo o boletim de ocorrência sobre o caso do sumiço do dinheiro registrado por dois alunos, Alicia solicitou à empresa ÁS Formaturas — que seria responsável pela organização da festa — a transferência de R$ 927 mil em três parcelas:

    Em nota, a ÁS negou ser a responsável pela organização da festa, como citado no boletim de ocorrência, e disse que "não se comprometeu com a realização ou produção de qualquer evento".

    "A responsabilidade da ÁS no contrato limitava-se a arrecadar os valores dos formandos e transferir para a turma, além da realização da cobertura fotográfica", diz a nota.

    O 💥️g1 procurou a empresa novamente, mas não conseguiu contato até a última atualização desta reportagem.

    Alicia afirma ter aplicado R$ 800 mil em uma corretora de investimentos chamada Sentinel Bank, que é investigada pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fazer parte de um golpe de falso investimento na Bolsa de Valores. Ela, no entanto, não teria apresentado comprovantes sobre a movimentação.

    Segundo as investigações, o grupo prometia investimentos com lucro acima do mercado. Apesar disso, os valores entregues pelas vítimas não eram totalmente aplicados e resultavam em prejuízos.

    O 💥️g1 tentou contato com Alicia, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

    Em mensagem no grupo de WhatsApp da comissão organizadora, Alicia disse que aplicou o dinheiro em uma investidora e teria sido vítima de um golpe.

    Na mensagem, ela afirma que usou parte do valor para pagar advogados por conta do suposto golpe. A estudante diz ainda que vai pedir ajuda da direção para pagar a festa. O caso é investigado pela polícia e pela direção da universidade.

    "Escrevo para dizer que não temos dinheiro. Com toda dor, culpa e arrependimento que vocês podem imaginar. (...) Nosso dinheiro foi todo repassado para a Sentinel Bank, uma investidora que, no fim das contas, não se passava de um grande golpe e nunca mais retornou nem com o dinheiro investido, nem com os rendimentos."

    E ela prossegue: "Vou ver com a diretoria da FMUSP se conseguimos ajuda deles".

    Um print com a mensagem viralizou nas redes sociais, após repercussão do caso.

    Print do relato da estudante, suspeita de desviar quase R$ 1 milhão de fundo de formatura da USP — Foto: Reprodução/Redes Sociais 2 de 3 Print do relato da estudante, suspeita de desviar quase R$ 1 milhão de fundo de formatura da USP — Foto: Reprodução/Redes Sociais

    Print do relato da estudante, suspeita de desviar quase R$ 1 milhão de fundo de formatura da USP — Foto: Reprodução/Redes Sociais

    Em entrevista ao💥️ g1, estudantes que pagaram a formatura relataram que estão se sentindo impotentes.

    Uma das vítimas disse que os alunos estão sendo muito expostos e preferiu não se identificar. Ela contou que a suspeita "parecia ter uma vida normal, ser uma pessoa normal".

    "Foi uma surpresa ruim que coloca muitas inseguranças em relação à realização do evento. A gente está falando tanto de um valor alto individualmente — porque, apesar de ser parcelado, todo mundo pagou em torno de R$ 300 por mês", contou.

    Faculdade de Medicina da USP — Foto: Divulgação/FMUSP 3 de 3 Faculdade de Medicina da USP — Foto: Divulgação/FMUSP

    Faculdade de Medicina da USP — Foto: Divulgação/FMUSP

    A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a suspeita é investigada por 💥️apropriação indébita no caso do desvio. Ela teria se apropriado de R$ 927 mil, aproximadamente.

    💥️De acordo com a comissão de formatura:

    "De toda a história contada pela [suspeita], o único fato que temos certeza é a transferência do montante guardado sob custódia da empresa ÁS Formaturas para uma conta pessoal dela. Ainda estamos averiguando em que contexto foram realizadas as transferências", disseram em nota os membros da comissão.

    A ÁS Formaturas disse que "todas as transferências foram realizadas rigorosamente conforme estabelecido nas cláusulas contratuais" e que estão à disposição das autoridades para o fornecimento de documentos.

    Em nota, a Faculdade de Medicina da USP afirmou que "os fatos estão sendo apurados, buscando-se identificar os responsáveis pela fraude e a Diretoria está apoiando na orientação aos alunos envolvidos".

    O 💥️g1 procurou a Sentinel Bank, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

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