Apesar do histórico de mentiras, deputado George Santos resiste na Câmara dos EUA e descarta a renúncia

George Santos sai de reunião de deputados republicanos no Capitólio em 10 de janeiro — Foto: Reuters/Jonathan Ernst 1 de 2 George Santos sai de reunião de deputados republicanos no Capitólio em 10 de janeiro — Foto: Reuters/Jonathan Ernst

George Santos sai de reunião de deputados republicanos no Capitólio em 10 de janeiro — Foto: Reuters/Jonathan Ernst

Ainda que tenha ornamentado o currículo e o histórico com todo o tipo de mentiras, o congressista republicano George Santos resiste e se mantém aferrado à sua cadeira na Câmara dos Representantes dos EUA. Filho de imigrantes brasileiros e eleito em novembro, ele sofre pressão para renunciar, mas deixou claro que só o fará se os 142 mil eleitores que votaram nele exigirem que saia.

Santos mantém-se desafiador porque conta com a anuência do recém-eleito presidente da Câmara, Kevin McCarthy. Nas 15 votações, que deixaram o líder da maioria republicano exposto ao ridículo, o deputado demonstrou lealdade a ele e cravou o seu nome em todas as rodadas, ao contrário do que fez a ala radical dos republicanos.

Protesto contra as mentiras de George Santos em Nova York, em 13 de janeiro, diante de um futuro escritório de campanha do deputado — Foto: Shannon Stapleton/Reuters 2 de 2 Protesto contra as mentiras de George Santos em Nova York, em 13 de janeiro, diante de um futuro escritório de campanha do deputado — Foto: Shannon Stapleton/Reuters

Protesto contra as mentiras de George Santos em Nova York, em 13 de janeiro, diante de um futuro escritório de campanha do deputado — Foto: Shannon Stapleton/Reuters

Pelo menos sete republicanos já pediram o afastamento do congressista depois que ele deturpou sua história, inventando passagens em escolas, universidades e empregos fictícios.

Santos se apropriou do Holocausto, para dizer que seus avós eram sobreviventes do nazismo, e do 11 de Setembro, ao mentir que a mãe estava entre as vítimas do atentado às Torres Gêmeas, em 2001, quando, na verdade, ela morreu de câncer 15 anos depois. Além disso, a origem dos recursos para o financiamento de sua campanha está sob suspeita.

Nesta terça-feira, porém, McCarthy admitiu que Santos poderá, inclusive, ter assentos em comitês da Câmara, num indício de que ele continuará a desempenhar seu papel como congressista: “Eu tento seguir a Constituição. Os eleitores o elegeram para servir. Se houver uma preocupação e ele tiver que passar pelo Comitê de Ética, deixe-o passar por isso".

A cassação é prevista na Constituição americana, embora seja rara: até hoje apenas cinco deputados foram expulsos. Para isso, é necessária a aprovação de dois terços dos congressistas. “Se fosse eu, renunciaria. Eu não seria capaz de enfrentar meus eleitores depois de ter passado por isso”, ponderou o congressista republicano Don Bacon, à emissora ABC.

Mais e mais denúncias contra Santos vêm à tona e dificultam a sua situação. Um vídeo de 2023 mostra o congressista apresentando-se com outro nome, Anthony Devolder, durante um evento em Nova York. Ele disse ser judeu, com ascendência ucraniana, mas foi desmentido.

No início da pandemia, em março de 2023, relatou ter lutado contra um tumor cerebral. Em outra entrevista, disse que perdeu quatro funcionários no massacre com 49 mortos na boate Pulse, em 2016 em Orlando. Ele se envolveu em uma empresa acusada de esquema de pirâmide, foi despejado de vários imóveis e teve a sua carteira de motorista suspensa. Assumidamente gay, Santos também omitiu ter sido casado com uma mulher.

Segundo o jornal “The New York Times”, membros do Partido Republicano teriam sido avisados da extensa trama de falsidades relacionadas ao candidato ainda durante a campanha. Mas a candidatura prosseguiu e foi bem-sucedida até que a sua vida fictícia e fabricada fosse exposta ao público.

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