Entenda como denúncias levaram à CPI da Poluição Petroquímica, que apura casos de tireoidite de Hashimoto na Zona Leste de SP

Polo Petroquímico de Capuava — Foto: Reprodução/TV Globo 1 de 7 Polo Petroquímico de Capuava — Foto: Reprodução/TV Globo

Polo Petroquímico de Capuava — Foto: Reprodução/TV Globo

Um estudo epidemiológico com abrangência inédita na capital paulista começou a ser feito pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo em 16 de janeiro para apurar se 💥casos recentes de tireoidite de Hashimoto em São Rafael, São Mateus e ysokepemba, na Zona Leste, estão relacionados com a poluição petroquímica na região.

Esses bairros são vizinhos do 💥️Polo Petroquímico de Capuava (PPC), localizado nos municípios vizinhos de Santo André e Mauá desde 1954, quando a Petrobras instalou na área uma de suas primeiras unidades no estado de São Paulo, a Refinaria de Capuava. Atualmente, são várias as empresas que atuam no polo e alimentam indústrias químicas e plásticas.

A pesquisa, que será dividida em duas etapas até o fim de janeiro e ouvirá 4.500 pessoas, servirá de referência para uma 💥Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que foi instaurada na Câmara Municipal de São Paulo em maio de 2022 e já ouviu cerca de 20 pessoas, entre elas médicos, ambientalistas, gerentes de Unidades Básicas de Saúde (UBSs), gestores de saúde do município e promotor de Justiça.

Mas como se deu a abertura da comissão? Qual a finalidade do novo estudo feito pela Secretaria da Saúde? 💥️Entenda abaixo:

Polo Petroquímico de Capuava, localizado em Mauá e Santo André, no Grande ABC — Foto: Reprodução/TV Globo 2 de 7 Polo Petroquímico de Capuava, localizado em Mauá e Santo André, no Grande ABC — Foto: Reprodução/TV Globo

Polo Petroquímico de Capuava, localizado em Mauá e Santo André, no Grande ABC — Foto: Reprodução/TV Globo

Polo Petroquímico de Capuava em 2014 — Foto: Reprodução/TV Globo 3 de 7 Polo Petroquímico de Capuava em 2014 — Foto: Reprodução/TV Globo

Polo Petroquímico de Capuava em 2014 — Foto: Reprodução/TV Globo

A relação da doença com a poluição petroquímica na área é um tema que vem sendo debatido há pelo menos dez anos e é objeto de estudiosos da área da Saúde.

Em 2014, uma pesquisa do laboratório de poluição da Universidade de São Paulo (USP) mostrou um aumento significativo nos índices de doenças da tireoide na população que vive nos arredores do polo. Na época, os estudiosos notificaram a Secretaria da Saúde estadual, que fez um alerta à população.

O Ministério Público também informou, naquele ano, que a investigação ainda não tinha virado processo porque faltava identificar exatamente qual poluente causava a mutação na glândula tireoide e fazia os pacientes desenvolverem doenças.

Vereadores quando CPI da Poluição Petroquímica foi aberta na Câmara de SP — Foto: Andre Bueno/REDE CÂMARA SP 4 de 7 Vereadores quando CPI da Poluição Petroquímica foi aberta na Câmara de SP — Foto: Andre Bueno/REDE CÂMARA SP

Vereadores quando CPI da Poluição Petroquímica foi aberta na Câmara de SP — Foto: Andre Bueno/REDE CÂMARA SP

Mas, segundo moradores, mais casos foram surgindo. Com isso, em 2023, um grupo procurou vereadores de São Paulo e pediu que um novo estudo fosse feito. Uma audiência pública foi realizada em abril daquele ano.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, o vereador Alessandro Guedes (PT), convidou, na época, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e as Câmaras de Santo André e Mauá para formar uma força-tarefa.

Após uma segunda audiência pública, os parlamentares decidiram instaurar uma comissão, presidida por Guedes, com o objetivo de investigar as denúncias e as possíveis causas e origens da poluição nas proximidades do polo.

CPI da Poluição Petroquímica em 2022 — Foto: Richard Lourenço/REDE CÂMARA SP 5 de 7 CPI da Poluição Petroquímica em 2022 — Foto: Richard Lourenço/REDE CÂMARA SP

CPI da Poluição Petroquímica em 2022 — Foto: Richard Lourenço/REDE CÂMARA SP

A primeira reunião ordinária da CPI foi feita em 12 de maio de 2022. Os vereadores debateram os encaminhamentos da CPI, além da aprovação de 25 requerimentos com solicitações de informações para diferentes órgãos públicos e pedidos para que entidades acompanhassem os trabalhos.

Segundo a Câmara Municipal, foram ouvidas cerca de 20 pessoas pela comissão ao longo de 2022. Uma delas foi a médica endocrinologista Maria Ângela Zaccarelli Marino, que apresentou dez estudos com evidências dos impactos negativos da poluição da atividade industrial petroquímica na saúde de moradores.

Segundo a especialista, os estudos apontam o aumento da incidência de casos de tireoidite crônica autoimune, conhecida por tireoidite de Hashimoto, e hipotireoidismo primário nas pessoas que vivem próximas ou no entorno de plantas de produção de derivados de petróleo.

A médica ainda ressaltou, durante a reunião, que se as doenças não forem tratadas corretamente, elas podem causar sequelas ou levar ao coma.

Moradores da Zona Leste também foram ouvidos pelos membros da comissão. Eles reclamaram de poluição sonora, fumaça, doenças e do descaso das autoridades diante das queixas da população.

Médica foi ouvida durante CPI da Poluição Petroquímica em SP — Foto: Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP 6 de 7 Médica foi ouvida durante CPI da Poluição Petroquímica em SP — Foto: Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP

Médica foi ouvida durante CPI da Poluição Petroquímica em SP — Foto: Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP

Em dezembro de 2022, foi feita uma reunião com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) para tratar do apoio da prefeitura para a comissão. Além do chefe do Executivo, participaram o secretário municipal da Casa Civil, Fabrício Cobra, e o secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco.

Um dos temas discutidos foi o compromisso da Secretaria Municipal da Saúde com a CPI de realizar um levantamento diagnóstico epidemiológico das doenças relacionadas à poluição petroquímica. O prefeito confirmou a realização do estudo, que teve início em janeiro.

A CPI tem também um canal que recebe denúncias de moradores da região sobre questões de saúde, o email 💥️cpi-poluicaopetroquimica@saopaulo.sp.leg.br.

Segundo divulgou a Secretaria da Saúde, as equipes vão entrevistar cerca de 4.500 pessoas em 1.500 domicílios, incluindo bairros sem exposição aos contaminantes e que servirão para análise comparativa.

Ass áreas foram escolhidas de forma aleatória, por sorteio, nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs) Leste e Sudeste.

Após concordância e assinatura de termo de consentimento pelas pessoas no domicílio selecionado, os pesquisadores vão investigar se há prevalência e agravos vinculados à tireoide de Hashimoto.

Ainda conforme a pasta, as entrevistas vão indicar se o morador tem alguma doença na tireoide ou outro problema endocrinológico, além de ver se a pessoa tem sintomas como dor de garganta, rouquidão, ganho de peso ou perda de cabelo, e episódios relacionados a animais domésticos.

Essa ação tem duração prevista de duas semanas, podendo se estender até 27 de janeiro. Caso alguém da família tenha relatado três ou mais sinais relacionados ao foco da pesquisa, a pessoa será encaminhada para a UBS de atendimento, onde deverá comparecer no prazo máximo de 15 dias para avaliação médica e possível coleta de exames, entre eles, TSH, T4 e anti-TPO.

Após essas etapas, aqueles que apresentarem resultados alterados serão direcionados para as equipes médicas para início do tratamento pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital.

💥️Veja como será feito o estudo:

Estudo epidemiológico em SP — Foto: Reprodução/TV Globo 7 de 7 Estudo epidemiológico em SP — Foto: Reprodução/TV Globo

Estudo epidemiológico em SP — Foto: Reprodução/TV Globo

Magali Batista, diretora da Vigilância em Saúde Ambiental do município, explicou que a tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune que pode levar ao hipotireoidismo, um distúrbio hormonal que desacelera o metabolismo e pode causar aumento de peso.

“Pode ser hereditário, mas pode ser poluição. Por ser autoimune, ela tem prevalência maior nessa região, pelos estudos”, afirma.

“Quando a gente passar o questionário e fizer o levantamento, vamos conseguir tratar a população exposta, fazer políticas públicas e poder trabalhar exatamente com essa doença, se for apresentada no estudo", afirmou Magali.

Em nota, a Petrobras afirmou que não é a única responsável pelo Polo de Capuava. No texto, a empresa afirma ainda que a operação da Refinaria de Capuava (Recap) atende a todas as normas de segurança e saúde previstas em legislação e aos padrões internos, em compromisso com a segurança dos trabalhadores, das comunidades do entorno e do meio ambiente.

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