Empresa de formatura envolvida em caso de desvio de dinheiro por aluna da USP se reunirá com o Procon

Empresa de formatura poderá receber multa de até R$ 11 milhões do Procon-SP — Foto: Reprodução/TV Globo 1 de 3 Empresa de formatura poderá receber multa de até R$ 11 milhões do Procon-SP — Foto: Reprodução/TV Globo

Empresa de formatura poderá receber multa de até R$ 11 milhões do Procon-SP — Foto: Reprodução/TV Globo

A ÁS Formaturas, contratada para organizar a formatura de uma turma de medicina da Universidade de São Paulo (USP), irá se reunir com o Procon nesta na próxima semana.

Segundo órgão, após ter sido notificada duas vezes e não responder aos questionamentos, a empresa pediu para prestar as informações pessoalmente.

A ÀS pode ser multada em até R$ 11 milhões, caso não esclareça como foi firmado o contrato com os estudantes.

A empresa foi notificada pelo órgão na terça (17) após alunos denunciarem a estudante Alicia Dudy Muller, de 25 anos, por desvio de quase R$ 1 milhão da poupança feita para custear a festa.

Fundada em 2004, a ÀS atua na produção de eventos. Ela fica no bairro de Mirandópolis, na Zona Sul da capital.

O Procon pede que a empresa preste informe sobre quem autorizou a transferência dos valores para a estudante e quais os critérios foram estabelecidos para a movimentação dos valores entre a ÁS Formaturas e qualquer membro da comissão de formandos ou terceiros.

"O ponto que nos chama mais atenção é: a empresa poderia ter disponibilizado todo patrimônio que foi arrecadado durante os anos a uma única pessoa? Como o dinheiro deveria ser administrado? Havia autorização para que a empresa efetuasse o repasse dos valores a pedido de uma única pessoa? Todas essas questões serão trazidas no contrato, que poderá ser analisado", afirmou à TV Globo Guilherme Farid, chefe de gabinete do Procon.

Em nota, a Ás Eventos afirmou que a comissão de formatura foi informada sobre as transferências realizadas para a conta bancária de Alicia e que foi contratada em 2023 apenas para arrecadar os valores pagos pelos formandos e fazer a cobertura fotográfica do evento.

"Todas as transferências para a presidente da comissão foram comunicadas à Comissão de Formatura — que conta com 20 alunos — por meio de relatório gerencial e mensagens enviadas via e-mails e grupo de WhatsApp reunindo a comissão e a Ás", diz o comunicado💥️ (leia a íntegra abaixo).

Segundo o Boletim de Ocorrência sobre o caso do sumiço do dinheiro registrado por dois alunos, Alicia solicitou à empresa ÁS Formaturas - que seria responsável pela organização da festa - a transferência de R$ 927 mil em três parcelas:

Em nota, a ÁS negou ser a responsável pela organização da festa, como citado no Boletim de Ocorrência, e disse que "não se comprometeu com a realização ou produção de qualquer evento".

"A responsabilidade da ÁS no contrato limitava-se a arrecadar os valores dos formandos e transferir para a turma, além da realização da cobertura fotográfica", diz a nota.

O 💥️g1 procurou a empresa novamente, mas segue sem conseguir contato.

Em mensagem no grupo de WhatsApp da comissão organizadora, Alicia disse que aplicou o dinheiro em uma investidora e teria sido vítima de um golpe.

Na mensagem, ela afirma que usou parte do valor para pagar advogados por conta do suposto golpe. No texto, a estudante diz ainda que vai pedir ajuda da direção para pagar a festa. O caso é investigado pela polícia e pela direção da universidade.

"Escrevo para dizer que não temos dinheiro. Com toda dor, culpa e arrependimento que vocês podem imaginar. (...) Nosso dinheiro foi todo repassado para a Sentinel Bank, uma investidora que, no fim das contas, não se passava de um grande golpe e nunca mais retornou nem com o dinheiro investido, nem com os rendimentos."

E ela prossegue: "Vou ver com a diretoria da FMUSP se conseguimos ajuda deles".

Um print com a mensagem viralizou nas redes sociais, após repercussão do caso. A estudante também já era investigada por estelionato e lavagem de dinheiro 💥

Print do relato da estudante, suspeita de desviar quase R$ 1 milhão de fundo de formatura da USP — Foto: Reprodução/Redes Sociais 2 de 3 Print do relato da estudante, suspeita de desviar quase R$ 1 milhão de fundo de formatura da USP — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Print do relato da estudante, suspeita de desviar quase R$ 1 milhão de fundo de formatura da USP — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em entrevista ao💥️ g1, estudantes que pagaram a formatura relataram que estão se sentindo impotentes.

Uma das vítimas disse que os alunos estão sendo muito expostos e preferiu não se identificar. Ela contou que a suspeita "parecia ter uma vida normal, ser uma pessoa normal".

"Foi uma surpresa ruim que coloca muitas inseguranças em relação à realização do evento. A gente está falando tanto de um valor alto individualmente — porque, apesar de ser parcelado, todo mundo pagou em torno de R$ 300 por mês", contou.

Faculdade de Medicina da USP — Foto: Divulgação/FMUSP 3 de 3 Faculdade de Medicina da USP — Foto: Divulgação/FMUSP

Faculdade de Medicina da USP — Foto: Divulgação/FMUSP

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a suspeita é investigada por 💥️apropriação indébita no caso do desvio. Ela teria se apropriado de R$ 927 mil, aproximadamente.

💥️De acordo com a comissão de formatura:

"De toda a história contada pela [suspeita], o único fato que temos certeza é a transferência do montante guardado sob custódia da empresa ÁS Formaturas para uma conta pessoal dela. Ainda estamos averiguando em que contexto foram realizadas as transferências", disseram em nota os membros da comissão.

A ÁS Formaturas disse que "todas as transferências foram realizadas rigorosamente conforme estabelecido nas cláusulas contratuais" e que estão à disposição das autoridades para o fornecimento de documentos.

Em nota, a Faculdade de Medicina da USP afirmou que "os fatos estão sendo apurados, buscando-se identificar os responsáveis pela fraude e a Diretoria está apoiando na orientação aos alunos envolvidos".

O 💥️g1 procurou a Sentinel Bank, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

A estudante também já era investigada por estelionato e lavagem de dinheiro. Ela teria realizado grandes apostas em uma casa lotérica na Zona Sul de São Paulo e dado o 💥️prejuízo de R$ 192,9 mil aos proprietários.

Em julho de 2022, a Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar os fatos. Segundo um depoimento presente no documento, de autoria de um representante da lotérica:

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