No interior da Ucrânia, ex-soldado se recupera graças à ajuda do pai

Serhii Shumei, de 64 anos, conversa com seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas, em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023 — Foto: AP/Efrem Lukatsky 1 de 3 Serhii Shumei, de 64 anos, conversa com seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas, em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023 — Foto: AP/Efrem Lukatsky

Serhii Shumei, de 64 anos, conversa com seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas, em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023 — Foto: AP/Efrem Lukatsky

Dentro de uma ala para soldados feridos em um hospital ucraniano, onde a luz do dia mal consegue penetrar, um pai conversa por horas com seu filho ferido. Serhii Shumei, de 64 anos, nunca repreendeu Vitalii por escolher ir para a guerra. Mesmo agora, apesar dos danos causados ao cérebro de seu filho pela explosão de um projétil de artilharia, Serhii sente orgulho — e não pena.

Vitalii, de 34 anos, comandante de mísseis antiaéreos de longo alcance, foi ferido na região de Donbas, no leste do território ucraniano, um lugar que, em meio ao combate contínuo, tornou-se sinônimo de perdas terríveis tanto para a Ucrânia quanto para a Rússia.

O número de mortes é desconhecido porque nenhum dos lados faz a divulgação dessas informações. No entanto, a julgar pelo fluxo de soldados feridos que estão saindo da linha de frente para hospitais como aquele onde Vitalii está internado, é evidente que os custos são altos.

Ambos os lados enviaram tropas e recursos para capturar ou defender as fortalezas de Donbas, numa luta desgastante durante meses do que se tornou um sangrento impasse militar. Depois de contratempos em outras partes da Ucrânia durante a invasão de quase 11 meses do presidente Vladimir Putin, a Rússia está procurando algum tipo de sucesso pontual em Donbas, mesmo que isso se resuma a assumir o controle de uma ou duas cidades reduzidas a escombros. A Ucrânia quer tornar qualquer avanço da Rússia o mais custoso possível.

Como resultado, as cidades de Bakhmut e Soledar, situadas na área, se tornaram cenários infernais. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky as descreveu como “completamente destruídas”, repletas de cadáveres e crateras e onde não há “quase nenhuma vida remanescente”.

Vitalii foi ferido em 25 de agosto em outra seção da linha de frente de Donbas, em Adviivka, cerca de 70 quilômetros ao sul de Bakhmut. O projétil que atingiu seu abrigo detonou outros explosivos.

A explosão abriu um buraco no crânio de Vitalii, de profundidade e largura equivalentes a meio melão. Seus ferimentos cerebrais foram tão graves que os médicos duvidaram que ele voltasse a mostrar sinais de consciência.

Com sequelas, Vitalii às vezes parece ter percepção do entorno. Ele pisca. Consegue engolir. Mas está praticamente imóvel. Serhii se recusa a desistir dele.

Ele passa horas ao lado de Vitalii, compartilhando notícias dos campos de batalha, recitando livros e lendo mensagens de apoio. Elas são enviadas por ucranianos gratos pelo seu serviço, que recomendam que ele “Agarre-se à vida! Precisamos de você!” e dizem “Você é forte! Você vai conseguir!”

Serhii Shumei, de 64 anos, lê cartas com mensagens de melhoras a seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas, em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023. — Foto: AP/Efrem Lukatsky 2 de 3 Serhii Shumei, de 64 anos, lê cartas com mensagens de melhoras a seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas, em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023. — Foto: AP/Efrem Lukatsky

Serhii Shumei, de 64 anos, lê cartas com mensagens de melhoras a seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas, em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023. — Foto: AP/Efrem Lukatsky

Serhii diz que as lágrimas rolam pelo rosto de Vitalii quando ouve as cartas.

Outros sinais de melhora apareceram no final de dezembro, quando Vitalii começou a mexer os dedos dos pés, contou Serhii. O ex-soldado também começou a franzir a testa, o que o pai interpreta como um sinal de que seu filho está interessado no que ele está lendo.

Recentemente, houve outro avanço, segundo Serhii: respostas audíveis de Vitalii.

Outra visitante frequente de Vitalii é Iryna Timofeyeva, uma voluntária que teve a ideia de coletar mensagens de apoio. “O amor da família, a atenção de outras pessoas, muitas vezes ajudam o paciente a manter uma dinâmica positiva", disse ela.

Vitalii está, por enquanto, sozinho em sua ala, depois que outros pacientes foram transferidos para fazer a reabilitação em outro lugar. Mas é improvável que as camas ao seu redor fiquem vazias por muito tempo, dada a ferocidade da batalha em Donbas.

O hospital onde Vitalii está, em Chernihiv, ao norte da capital da Ucrânia, Kiev, está entre aqueles onde os soldados recebem cuidados de longo prazo, depois de terem seus ferimentos estabilizados mais perto da linha de frente. Serhii sente que cuidar de seu filho é sua contribuição para o esforço de guerra.

Inclinando-se para falar ao ouvido do filho, pergunta: “A Ucrânia vai ganhar, nós vamos ganhar, certo?” A resposta é o silêncio.

Serhii Shumei, de 64 anos, conversa com seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023. — Foto: AP/Efrem Lukatsky 3 de 3 Serhii Shumei, de 64 anos, conversa com seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023. — Foto: AP/Efrem Lukatsky

Serhii Shumei, de 64 anos, conversa com seu filho Vitalii, de 34 anos, um soldado ucraniano gravemente ferido em uma batalha contra forças russas em um hospital da cidade de Chernihiv, Ucrânia, na quarta-feira, 11 de janeiro de 2023. — Foto: AP/Efrem Lukatsky

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