Executivo de empresa é o responsável por vazar dados de 13 milhões de usuários do Bilhete Único, diz polícia

Celular e computador apreendidos durante operação — Foto: Divulgação 1 de 1 Celular e computador apreendidos durante operação — Foto: Divulgação

Celular e computador apreendidos durante operação — Foto: Divulgação

Uma investigação da Polícia Civil afirma que um executivo vazou em dezembro de 2022 os dados de 13 milhões de passageiros do cadastro do Bilhete Único da cidade de São Paulo. O suspeito é um dos diretores de uma empresa de tecnologia responsável pela gestão das informações.

Até então, a investigação e a SPTrans indicava que havia ocorrido um ataque hacker.

Policiais da divisão de crimes cibernéticos fizeram nesta terça-feira (31) busca em dois endereços para procurar provas. O nome da empresa é mantido em sigilo.

A polícia vasculhou a casa de um dos diretores dessa empresa até encontrar um computador e um telefone celular. Eles podem indicar como o cadastro de 13 milhões de usuários do bilhete único foram parar na darkweb (a parte da internet que não pode ser encontrada por buscadores como o Google).

Em novembro do ano passado, a SPTrans procurou a polícia para denunciar uma suposta invasão do sistema. A informação era de que o banco de dados da empresa teria sido invadido por hackers.

Informações pessoais de cada passageiro foram expostas, como o nome, data de nascimento, endereço, CPF, RG, telefone, e-mail, login e senhas pessoais. Na época, a SPTrans informou que os créditos do bilhete único foram preservados.

Em três meses, a investigação descobriu que não houve invasão, mas vazamento proposital de todo o cadastro atualizado até abril de 2023.

A fraude começou depois que a empresa, que tinha contratos emergenciais de mais de R$ 10 milhões com a SPTrans, disputou uma concorrência pública para continuar a gerir os dados da companhia que cuida do sistema de ônibus da capital e perdeu, pois apresentou o preço mais caro.

“O que se investiga aqui é se essa conduta delituosa de um diretor da empresa também era praticada por outros diretores e pela empresa como um todo como uma tecnologia de negociação ou como uma prática ilegal de mercado. No meio comercial você não tem vingança como objetivo da empresa, você tem o lucro”, disse o delegado Carlos Afonso Gonçalves da Silva.

“É a técnica do 'oceano azul', por assim dizer. Você consegue enxergar uma necessidade onde ninguém mais havia chegado e dentro dessa necessidade criada a que deve prevalecer é a necessidade do estado, e não da empresa”, completou o delegado.

No dia do vazamento das informações, um dos diretores da SPTrans recebeu uma mensagem de celular de um funcionário da empresa que teve o contrato encerrado.

Ele informava que havia alto risco de o sistema da SPTrans ser invadido. Minutos depois, o cadastro do bilhete único apareceu na internet. Essa coincidência chamou a atenção da polícia.

A polícia identificou o computador usado para vazar o cadastro do bilhete único. Cada computador, celular ou tablet têm uma identidade eletrônica chamada de IP.

Segundo a polícia, o computador de onde partiram as informações era de uso exclusivo do executivo da empresa. Ele foi levado até a delegacia, mas se recusou a falar sobre o caso.

A SPTrans diz, em nota, que repudia o ato criminoso praticado e que, junto com a população, foi vítima do incidente.

Segundo a prefeitura, os passageiros não precisam se dirigir a nenhum posto de atendimento da SPTrans. Os cartões de bilhete único dessas 13 milhões de pessoas permanecem ativos e os saldos estão preservados.

A SPTrans informa que vai reforçar as medidas de segurança para proteção dos dados pessoais dos usuários do bilhete único, inclusive contratando empresas de segurança cibernética.

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