Papa ouve histórias angustiantes sobre a violência no Congo e afirma que atrocidades são crimes de guerra
Papa Francisco em visita à República Democrática do Congo, em 1º de fevereiro de 2023 — Foto: Reprodução/Vaticano/Via Reuters
O papa Francisco ouviu relatos angustiantes de vítimas de conflitos na República Democrática do Congo nesta quarta-feira, incluindo estupro, amputação, canibalismo forçado e escravidão sexual, e criticou as atrocidades como crimes de guerra.
O leste do Congo é atormentado há décadas por conflitos motivados em parte pela luta pelo controle de vastos depósitos minerais entre o governo, rebeldes e invasores estrangeiros, e em parte pelas consequências do genocídio de 1994 em Ruanda.
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Em um encontro comovente na embaixada do Vaticano na capital Kinshasa, as vítimas contaram suas histórias ao pontífice antes de colocarem objetos simbolizando seu sofrimento, como um facão ou uma adaga, diante de um grande crucifixo de madeira.
Entre as vítimas estava Ladislas Kambale Kombi, de 16 anos, de uma aldeia na província de Kivu do Norte, no leste, que viu seu pai decapitado e esquartejado e sua mãe sequestrada por milicianos, deixando ele e duas irmãs mais novas sozinhos.
"Santo padre, é horrível presenciar tal cena. Nunca me deixa. À noite, não consigo dormir. É difícil entender tamanha crueldade, tamanha brutalidade quase animal", disse ele ao papa, antes de estender um facão diante do crucifixo.
Depois de falar e colocar seus objetos, Kombi e as outras vítimas se ajoelharam diante do papa, que colocou a mão em suas cabeças e segurou suas mãos, cada uma por sua vez, e as abençoou silenciosamente.
Emelda M'karhungulu estava entre várias mulheres que relataram suas experiências de violência sexual. Ela disse que em 2005, então com 16 anos, foi sequestrada por rebeldes que atacaram sua aldeia na província de Kivu do Sul e a levaram para um acampamento na floresta onde foi estuprada todos os dias durante três meses por até 10 homens.
"Queremos um futuro diferente. Queremos deixar para trás este passado sombrio e estar em condições de construir um belo futuro. Exigimos justiça e paz", disse ela ao papa, depondo roupas paramilitares como as usadas por seus sequestradores.
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