Cinco anos após ganharem direito de dirigir carro, mulheres sauditas já conduzem trens-bala

Cinco anos após conquistarem o direito de dirigir carros, em 2018, agora as mulheres da Arábia Saudita também poderão conduzir os trens-bala do país. A nação ultraconservadora testemunha uma série de reformas sociais, incluindo o aumento da força de trabalho feminina.

Tharaa Ali, de 25 anos, é uma das 32 novas maquinistas que comandarão os trens entre Meca e Medina. Ela e suas companheiras foram selecionadas pelas autoridades de uma lista de 28.000 candidatas.

O trem, que chega a uma velocidade de 300 quilômetros por hora, percorre em duas horas os 450 quilômetros que separam as cidades sagradas. Inicialmente, isso causou medo em Ali. “Mas graças a Deus, com tempo e treinamento intensivo, ganhei confiança em mim mesma”, contou.

A participação das mulheres no mercado de trabalho da Arábia Saudita mais do que dobrou desde 2016: de 17% à época, a taxa foi para 37% em 2023. O crescimento é resultado de um discurso oficial mais favorável à inclusão de mulheres, promovido pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, cujo poder simultaneamente reprime as tendências feministas ativistas.

A taxa de desemprego das mulheres sauditas mantém-se, no entanto, elevada, atingindo 20,5% no ano passado, contra 4,3% dos homens, levando as autoridades a privilegiar a contratação das suas cidadãs em detrimento dos muitos imigrantes que, no passado, desempenhavam funções menos qualificadas.

Mas alguns usuários ainda precisam ser convencidos da habilidade feminina.

Em uma viagem à Medina, uma passageira só acreditou que as mulheres podem conduzir trens após fazer uma viagem comandada por Raneem Azzouz, outra das sauditas recém-contratadas. “Ela disse: 'Francamente, quando vi a oferta de emprego, fui totalmente contra. Disse que se minha filha tivesse que me levar, eu não iria com ela'", lembra a jovem.

Quando a viagem acabou, a passageira elogiou Azzouz e garantiu que não percebeu "nenhuma diferença" em relação aos condutores homens.

Rayan al-Harbi, vice-presidente da Saudi Railway Company, empresa ferroviária pública, que as maquinistas são altamente qualificadas e provaram seu valor durante o treinamento.

Outros ainda não estão convencidos das habilidades femininas. Mohammed Issa, um peregrino que recentemente pegou o trem do aeroporto de Jidá, acredita que as mulheres devem se concentrar nas tarefas domésticas.

“Se a mulher está ausente de casa, e obviamente o trabalho a afasta, quem vai fazer o papel dela?”, questionou Issa, que mora nos Emirados Árabes Unidos.

Embora pesquisas independentes não possam ser feitas no país, observadores da sociedade saudita afirmam que a resistência a essas mudanças é pouca.

As novas maquinistas também preferem se concentrar no feedback positivo, como os muitos viajantes que pedem selfies após cada viagem.

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