Governo Lula escolhe para comandar INSS político do PSD investigado em escândalo no RJ
INSS, Previdência Social, aposentadoria — Foto: Pedro França/Agência Senado
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu para comandar o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) um político ligado ao PSD que, no ano passado, presidiu uma entidade pública envolvida em escândalos de corrupção e má-gestão e hoje é investigado em um inquérito civil.
Trata-se de Glauco André Wamburg, servidor do INSS que em 2022 esteve à frente da Fundação Leão XIII, entidade de assistência social vinculada ao governo do Rio de Janeiro. Ele assumirá a presidência do INSS de forma interina.
No governo de Jair Bolsonaro, o INSS enfrentou uma crise permanente, com crescimento acelerado da fila, queixas constantes de demora para análise de benefícios e denúncias de benefícios recusados de forma indevida.
Sob a gestão de Glauco André Wamburg, a Fundação Leão XIII foi alvo de denúncias de corrupção, má-gestão e atraso no pagamento de salários de funcionários. Os problemas são investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
Glauco é ligado ao deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ), de quem já foi assessor parlamentar. Em 2023, ele foi candidato a vereador pelo Rio de Janeiro, mas não conseguiu se eleger. Glauco também é próximo de políticos do PTB, como o ex-deputado estadual do RJ Marcus Vinicius Neskau, que foi presidente nacional do partido e já foi casado com a filha de Roberto Jefferson, Cristiane Brasil.
A indicação de Glauco para o INSS foi feita pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, há mais de dez dias, mas a nomeação só foi publicada na edição desta quinta-feira do Diário Oficial da União, um dia depois da eleição de Rodrigo Pacheco no Senado.
O governo havia travado a nomeação de indicações políticas para órgãos públicos e estatais como instrumento de pressão para garantir votos à reeleição de Pacheco.
Durante o período em que Wamburg chefiou a fundação veio à tona o escândalo dos funcionários fantasmas da Leão XIII, revelado pelo Fantástico. Servidores da entidade recebiam salários, mas não apareciam para trabalhar. O servidor do INSS alega que as nomeações destes funcionários fantasmas não ocorreram na gestão dele. Os pagamentos dos salários, no entanto continuaram a ser feitos quando a entidade foi comandada por Wamburg.
Alguns fantasmas trabalharam como cabos eleitorais e admitiram que foram indicados pelo ex-deputado estadual do RJ Marcus Vinicius Neskau, que foi presidente nacional do PTB.
Wamburg chegou a atuar como advogado de do ex-deputado Neskau, quando ele foi preso em 2018, na Operação Fuma da Onça, acusado de corrupção.
A Leão XIII era uma fundação sob influência política do partido de Roberto Jefferson.
Cerca de 6,5 milhões de brasileiros aguardam na fila pela concessão de benefícios do INSS. O estoque de recursos apresentados por beneficiários quase dobrou no governo de Jair Bolsonaro. Em dezembro de 2023, eram 1,2 milhão. Em novembro de 2022, subiu para 2,2 milhões. São recursos apresentados por beneficiários que, possivelmente, tiveram o benefício recusado de forma indevida e estão há mais de um ano à espera de apreciação.
Servidores relatam ainda problemas graves de infraestrutura e de falta de funcionários.
O órgão teve quatro presidentes diferentes no governo anterior. O último deles foi Guilherme Serrano, que foi escolhido por Lupi ocupar um outro cargo de coordenação no INSS na gestão atual.
💥️O que dizem os citados
A reportagem procurou Glauco Wamburg, mas ele não se manifestou. O ministro Carlos Lupi também foi procurado, mas decidiu não comentar a escolha do presidente interino do INSS.
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