Entenda como uma ação na Justiça de uma igreja brasileira fez com que o consumo de ayahuasca aumentasse nos EUA

Chá de ayahuasca mobiliza estudos na USP de Ribeirão Preto — Foto: Giordano Novak Rossi 1 de 1 Chá de ayahuasca mobiliza estudos na USP de Ribeirão Preto — Foto: Giordano Novak Rossi

Chá de ayahuasca mobiliza estudos na USP de Ribeirão Preto — Foto: Giordano Novak Rossi

O consumo de ayahuasca, um chá típico da América do Sul que suscita alucinações em quem bebe, tem tido uma alta de demanda em países como os Estados Unidos.

O aumento da procura fez com que igrejas para o consumo fossem criadas nos EUA, especialmente a partir de 2006: naquele ano, a União do Vegetal, uma igreja brasileira de ayahuasca com uma filial nos EUA, conquistou o direito de usar a droga em cerimônias e rituais, mesmo que o ingrediente ativo da ayahuasca ainda seja ilegal no país.

Depois dessa decisão sobre o uso de ayahuasca nessa igreja, outras igrejas que usam a droga puderam começar a ministrá-la em suas cerimônias.

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Um consumidor do estado do Utah, Lorenzo Gonzales, descreveu a primeira vez em que tomou. Ele participou de uma cerimônia com mais de 20 pessoas em uma barraca.

O chá de ayahuasca tem um gosto amargo e terroso, segundo ele. Após o consumo, as pessoas começaram a vomitar.

Gonzales conta que uivou, soluçou, riu e balbuciou repetidamente sons sem sentido, como “wah, wah”, como uma criança.

Os facilitadores da igreja em que ele estava o colocaram de bruços na grama para acalmá-lo. Na grama, ele começou a rir e engatinhar.

Muitos dos frequentadores das igrejas de ayahuasca afirmam que estão em busca de espiritualidade e uma experiência que, segundo eles, tenha mais potencial para aproximá-los de Deus do que os serviços religiosos tradicionais.

Há uma expectativa de que o chá psicodélico cure as aflições físicas e mentais que não foram mitigadas com medicamentos e terapias convencionais. Os usuários afirmam que já enfrentaram distúrbios alimentares, depressão e transtornos por uso de substâncias.

“Em todas as grandes cidades dos EUA, todo fim de semana, há várias cerimônias de ayahuasca ano”, disse Sean McAllister, que representa uma igreja do Arizona que processou o governo federal depois que sua ayahuasca do Peru foi apreendida em Los Angeles.

Com o crescimento do consumo, as autoridades começaram a prestar mais atenção ao tema. Houve apreensões de remessas de ayahuasca da América do Sul e algumas igrejas pararam de funcionar por medo de serem processadas. Também há preocupações de que essas cerimônias não regulamentadas sejam um perigo para alguns participantes e que os benefícios da ayahuasca não tenham sido bem estudados.

Anthony Back, professor da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em Seattle, diz que o conhecimento sobre a droga ainda é limitado. “Não há tanta informação sobre segurança quanto os outros tratamentos médicos regulares que você pode obter se for a um médico regular nos EUA”.

A bebida é preparada com diferentes plantas da floresta amazônica que contêm os seguintes ingredientes ativos:

Aqueles que bebem ayahuasca relatam ver formas e cores e ter alucinações, às vezes aterrorizantes, que podem durar horas. Nesse estado de sonho, alguns dizem que encontram parentes mortos (uma mulher viu membros da família que morreram em um acidente de carro), assim como amigos e espíritos que falam com eles.

As raízes da ayahuasca são usadas há centenas de anos por grupos indígenas na Amazônia. No século passado, no Brasil e em outros países da América do Sul, surgiram igrejas na América do Sul, onde a ayahuasca é legal.

No Brasil, algumas das igrejas que ministram a ayahuasca têm como inspiração uma mistura de influências cristãs, africanas e indígenas.

O movimento se estabeleceu nos EUA na década de 1980, e o interesse se intensificou recentemente depois que celebridades, como o jogador de futebol americano Aaron Rodgers, o astro de Hollywood Will Smith e o príncipe britânico Harry falaram sobre a droga.

Algumas pessoas gastam milhares de dólares tomando ayahuasca em retiros cinco estrelas na Amazônia. Nos EUA, o movimento ainda tem uma certa clandestinidade. Algumas cerimônias ocorrem nas casas dos consumidores, em casas alugadas e áreas remotas, para evitar a ação da polícia.

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