Cúpula do Congresso avalia que ataques de Lula a Campos Neto são ‘vacina’ contra eventual PIB baixo

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — Foto: Alan Santos/PR 1 de 1 Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — Foto: Alan Santos/PR

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — Foto: Alan Santos/PR

A cúpula do Congresso avalia que o objetivo dos ataques de Lula (PT) ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, faz parte de uma “vacina” para atribuir a um rosto a responsabilidade pela possível estagnação econômica em 2023.

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O último relatório Focus divulgado pelo Banco Central, na última segunda-feira (6), trouxe uma projeção ruim para a economia: o boletim reduziu a previsão de crescimento do PIB nacional de 0,80% para 0,79% este ano – ou seja, o mercado financeiro avalia que são grandes as chances de estagnação da economia brasileira em 2023.

Na terça-feira (7), em café da manhã com jornalistas de veículos da mídia independente, Lula voltou a criticar Campos Neto e a política econômica adotada pelo BC. "Não é possível que a gente queira que este país volta a crescer com taxa de 13,75% [de juros] (...). É isso que eu acho que esse cidadão [Campos Neto], indicado pelo Senado, tem a possibilidade de maturar, de pensar e de saber como vai cuidar deste país. Ele tem muita responsabilidade", disse o presidente.

E a grande argumentação é que Lula está batendo em Campos Neto por estar preocupado com o óbvio: a possibilidade de recessão por causa do crescimento pífio da economia neste ano, como ele mesmo admitiu. A cúpula do Congresso entende que esse é o pano de fundo: Lula, temendo os efeitos políticos da crise econômica, já busca apontar um responsável – e o escolhido seria o presidente do Banco Central, nomeado por Jair Bolsonaro (PL) em 2023.

No Congresso, a avaliação é a de que hoje não há clima para destituir Roberto Campos Neto – e que o governo teria de empenhar esforços e gastar munição para aprovar uma revogação da autonomia do Banco Central, por exemplo.

Aliados de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, dizem que ele considera um “caminho traumático” esse tipo de projeto – e o que melhor seria compor politicamente. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também repete a aliados que não vê ambiente para reverter a autonomia do BC. O governo, por sua vez, aposta na troca dos dois diretores do Banco Central – que sairão agora em fevereiro – por perfis mais alinhados ao projeto Lula.

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Na avaliação de aliados do presidente da República, os ataques de Lula ao presidente do BC estão acima do tom e atrapalham o trabalho da equipe econômica. Na terça, por exemplo, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, tentou avançar na agenda da pasta – reforma tributária e âncora fiscal – em encontro com Arthur Lira, mas segue preso nesse enredo Lula versus BC.

Por isso, e para evitar maiores desgastes, pessoas próximas ao presidente sugerem que ele deixe as críticas a Campos Neto a cargo de outros membros do PT, blindando Lula desse embate. Isso passaria, por exemplo, por chamar Campos Neto para comparecer a comissão no Senado.

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