MP-SP abre investigação contra Hospital da Mulher por omissão de socorro a vítima de violência doméstica

Fachada do Hospital da Mulher. — Foto: Reprodução/ TV Globo 1 de 2 Fachada do Hospital da Mulher. — Foto: Reprodução/ TV Globo

Fachada do Hospital da Mulher. — Foto: Reprodução/ TV Globo

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai investigar por que uma mulher, vítima de violência doméstica, teve de insistir para conseguir atendimento médico no Hospital da Mulher, antigo Hospital Pérola Byington, na Avenida Rio Branco, no Centro da capital.

O caso aconteceu no domingo (5). A vítima foi estrangulada e chutada pelo marido, no dia seguinte, ao chegar para trabalhar, um colega de trabalho a incentivou a registrar um boletim de ocorrência. Antes, eles procuraram o Hospital da Mulher.

"A segurança avisou que não poderiam atendê-la porque, primeiro, que não era mais hospital de portas-abertas. Ela fez questão de grifar que era um hospital de portas-fechadas e eles não atenderiam pessoas que chegam diretamente e, segundo, que ele não atende mais violência física contra mulheres, somente violência sexual", afirmou o amigo que acompanhou a vítima até o local e prefere não ser identificado.

Após insistir, ela conseguiu ser atendida. Segundo a vítima, uma assistente social do hospital aconselhou que ela não registrasse boletim de ocorrência e o médico do local não escreveu nenhum laudo sobre o atendimento. Uma recepcionista do hospital escreveu à mão que ela tinha sofrido violência física.

Após o atendimento, a vítima foi com o amigo até a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher, no Cambuci, na Zona Sul da capital.

"Ela esperou mais de três horas para conseguir abrir o boletim de ocorrência, e o local estava bem bagunçado, tudo misturado, sem senha de ordem de chegada. Todo momento vinha um policial e perguntava 'quem é o próximo' e pedia uma explicação sobre o caso na frente de todo mundo, sem privacidade, sem acolhimento", afirmou o amigo da vítima.

Após conseguir registrar o boletim de ocorrência, a vítima foi até o IML para realizar um exame de corpo de delito e conseguiu uma medida protetiva contra o marido.

O MP-SP vai investigar o caso por omissão de socorro do hospital e o motivo da demora no atendimento da DDM.

"Será que nós temos quadros suficientes nas Delegacias da Mulher, de delegados e policiais que possam atender com a seriedade devida? É crime se recusar a prestar atendimento, isso pode caracterizar omissão de socorro. Inclusive, eu estou requisitando inquérito policial para apurar eventual prática de omissão de socorro no Hospital da Mulher", afirma Celeste Leite dos Santos, promotora.

A delegada responsável pelas 140 delegacias da Mulher do estado reconhece que há falta de policiais civis em São Paulo e que concursos estão sendo feitos. Mas, diz que, no caso desta vítima, o que aconteceu foi uma exceção porque, no dia em que ela foi registrar o boletim de ocorrência, houve uma confusão na delegacia envolvendo um guarda civil que agrediu uma escrivã.

"Eu nunca vi isso acontecer na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher e eu sinto muito que isso tenha acontecido com ela. Peço desculpas em nome da Polícia Civil", afirma Jamila Jorge Ferrari, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher.

Sobre o atendimento no Hospital da Mulher, a Secretaria de Estado da Saúde informou, em nota, que se solidariza com a vítima e que determinou a apuração rigorosa do atendimento prestado e da conduta dos profissionais. A secretaria afirmou também que, se as irregularidades forem confirmadas, os envolvidos serão responsabilizados.

Ainda segundo a pasta, em casos de violência contra a mulher, o hospital é "porta-aberta" e deve atender vítimas que vão até lá.

Casos de agressões contra mulheres na Capital e região Metropolitana — Foto: Reprodução/ TV Globo 2 de 2 Casos de agressões contra mulheres na Capital e região Metropolitana — Foto: Reprodução/ TV Globo

Casos de agressões contra mulheres na Capital e região Metropolitana — Foto: Reprodução/ TV Globo

No ano passado, 22.466 mulheres registraram boletim de ocorrência por agressão na capital e nas cidades da região metropolitana. São, em média, 61 casos por dia, quase 3 por hora.

Este foi o maior número desde 2023.

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