Puxado pelos alimentos, IPCA sobe pelo 4º mês seguido e tem alta de 0,53% em janeiro

Alimentos puxam inflação — Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias 1 de 1 Alimentos puxam inflação — Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

Alimentos puxam inflação — Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, variou 0,53% em janeiro. Trata-se do quarto mês seguido de alta, segundo o IBGE. No entanto, em relação a dezembro (0,62%), houve desaceleração.

Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 5,77%, que também desacelerou em relação ao avanço de 5,79% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2022, a variação havia sido de 0,54%.

O maior impacto no mês veio de Alimentação e bebidas (0,59%), que contribuiu com 0,13 ponto percentual no índice.

O segundo maior impacto veio o grupo Transportes, com alta de 0,55% e contribuição de 0,11 ponto percentual no indicador. Veja abaixo a variação dos nove grupos pesquisados:

No grupo Alimentação e bebidas, os destaques ficaram com aumento nos preços da batata inglesa (14,14%), da cenoura (17,55%), do tomate (3,89%), das frutas (3,69%) e do arroz (3,13%). Já os destaques de queda ficaram com cebola (-22,68%), frango em pedaços (-1,63%) e carnes (-0,47%).

“A alta da batata e cenoura se explica pela grande quantidade de chuvas nas regiões produtoras. Por outro lado, a queda no preço da cebola, item que teve alta de mais de 130% em 2022, é por conta da maior oferta vindo das regiões Nordeste e Sul”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

A variação da alimentação no domicílio (0,60%) ficou abaixo da registrada em dezembro (0,71%).

Na alimentação fora do domicílio (0,57%), a maior contribuição veio do lanche (1,04%). A refeição, por sua vez, teve alta de 0,38%, acima do mês anterior (0,19%). Os preços de refrigerantes e água mineral (0,81%) e a cerveja (0,43%) também subiram.

Nos Transportes, os combustíveis tiveram alta de 0,68%, puxados pelo aumento nos preços da gasolina (0,83%) e do etanol (0,72%). Outros destaques foram emplacamento e licença (1,60%) e automóvel novo (0,83%).

Outro destaque ficou com a alta de 0,91% dos ônibus urbanos, consequência dos reajustes de 6,17% no Rio de Janeiro (4,20%) e de 7,04% em Vitória (4,61%). Também houve reajustes de táxi (3,03%) no Rio de Janeiro (7,74%), onde as tarifas subiram 8,88%, e em Salvador (15,67%), com aumento de 16,74%.

O IBGE destaca ainda os reajustes em praças de pedágio (4,29%) de São Paulo (5,08%), Vitória (4,12%) e Curitiba (2,14%).

Por outro lado, o óleo diesel (-1,40%) e o gás veicular (-0,85%) tiveram queda. Os preços dos transportes por aplicativo recuaram 17,03%, após alta de 10,67% em dezembro.

O grupo Comunicação teve a maior variação dentro do IPCA, puxada pela alta dos subitens TV por assinatura (11,78%) e combo de telefonia, internet e TV por assinatura (3,24%), que contribuíram conjuntamente com 0,09 ponto percentual no IPCA de janeiro.

De acordo com o IBGE, o combo de telefonia, internet e TV por assinatura foi responsável pelo maior impacto individual (0,05 ponto percentual) no índice do mês.

Também houve alta nos preços dos aparelhos telefônicos (0,44%) e nos serviços de acesso à internet (2,09%).

“O resultado do grupo Comunicação é explicado principalmente por reajuste nos combos de telefonia, internet e TV por assinatura. Isso acaba impactando também os planos avulsos de TV por assinatura e internet, que também foram reajustados”, diz o gerente da pesquisa.

A desaceleração de Saúde e cuidados pessoais (de 1,60% em dezembro para 0,16% em janeiro) ocorreu após recuo de 1,26% nos itens de higiene pessoal, com destaque para os preços dos perfumes e dos artigos de maquiagem, que caíram 5,86% e 1,51%, respectivamente.

“Observamos queda em novembro no contexto da Black Friday, alta em dezembro e, em janeiro, nova queda com descontos sendo verificados no setor”, comenta Pedro Kislanov.

Já a maior contribuição no grupo veio do plano de saúde (1,21%), que segue incorporando a fração mensal dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023, segundo o IBGE.

O grupo Vestuário, único que teve variação negativa (-0,27%) entre os nove pesquisados, voltou a recuar depois de 23 meses seguidos de altas - em dezembro, a variação havia sido de 1,52%. A última queda havia sido em janeiro de 2023 (-0,07%).

Contribuíram para o resultado principalmente as roupas femininas (-1,37%) e, em menor escala, as roupas masculinas (-0,11%) e infantis (-0,21%). Os preços dos calçados e acessórios (0,73%), por outro lado, seguiram em alta, embora menos intensa que a do mês anterior (1,09%).

"O recuo se deve ao fato de várias lojas terem aplicado descontos sobre os preços que foram praticados em dezembro, para o Natal”, explica Kislanov.

No grupo Habitação, que saiu de 0,2% em dezembro para 0,33% em janeiro, o destaque ficou com a taxa de água e esgoto (1,44%), por conta dos reajustes ocorridos em Belo Horizonte, Brasília e Campo Grande.

Houve ainda o aumento do gás encanado (4,10%), consequência das altas no Rio de Janeiro e São Paulo. Já os preços do gás de botijão caíram 1,19%. A variação da energia elétrica (0,19%) ficou próxima à do mês anterior (0,20%).

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,46% em janeiro, abaixo do registrado no mês anterior (0,69%).

O INPC acumula alta de 5,71% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2022, a taxa foi de 0,67%.

Das 16 capitais pesquisadas, 14 tiveram alta do IPCA em janeiro. O maior resultado foi em Salvador (1,09%), onde pesaram as altas na energia elétrica (8,07%) e na gasolina (6,34%). Já a menor variação foi em Curitiba (-0,05%), por conta da queda de 3,92% nos preços da gasolina.

A inflação acumulada em 12 meses até janeiro continua acima da meta estabelecida pelo Banco Central em 3,25% neste ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.

A expectativa do próprio BC e de instituições do mercado financeiro nacional, segundo a última edição do Boletim Focus, aponta para o IPCA em 5,78% neste ano.

Em 2022, a inflação encerrou o ano acima do teto da meta. Enquanto a meta estabelecida pelo BC era de 3,5%, com margem de tolerância entre 2% e 5%, a inflação acumulada em 2022 foi de 5,79%. Foi o 4º ano consecutivo em que os preços ficam acima do teto da meta.

Para frear o avanço dos preços, o BC promoveu um ciclo de altas na taxa básica de juros, a Selic, que saiu de 2% ao ano em março de 2023 para 13,75% ao ano em agosto de 2022, o maior percentual dos últimos seis anos. Na semana passada, o Copom escolheu manter, pela quinta vez consecutiva, a Selic no mesmo patamar porque ainda enxerga a força da pressão inflacionária.

Quanto maior é a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam sem que o salário necessariamente acompanhe esse crescimento.

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