Mensagens sobre atos golpistas a Ibaneis 'reforçam necessidade' de Guarda Nacional, diz Dino
O ministro da Justiça, Flávio Dino, durante entrevista nesta segunda (9) — Foto: Amanda Perobelli/Reuters
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou nesta sexta-feira (10) que as mensagens trocadas entre chefes de Poderes e o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), "reforçam a necessidade" de criação de uma Guarda Nacional.
Ibaneis foi acionado por autoridades alertando sobre riscos dos ataques golpistas e potencial de gravidade. O governador é responsável por comandar as forças de segurança locais, entre as quais, a Polícia Militar, que tem homens investigados por omissão.
A criação da Guarda Nacional consta do pacote contra atos golpistas entregue por Dino a Lula no dia 26 de janeiro, e prevê reforço na segurança pública em prédios de órgãos públicos em Brasília.
A ideia é driblar eventuais omissões de policiais, como as que ocorreram no dia 8 de janeiro. Com isso, não seria somente a PM a responsável por proteger prédios públicos e o patrimônio nacional em Brasília.
Dino disse ao 💥️g1 que as mensagens em que Ibaneis é cobrado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, "reforçam ideia da guarda nacional".
"Não podemos deixar dependendo de um governador, de uma autoridade local, porque, em qualquer situação, se há uma eventual omissão, todos os poderes ficam desprotegidos. As mensagens mostram que os Poderes não tinham meios eficazes para mudar a situação", avaliou o ministro da Justiça .
Ibaneis foi afastado do cargo por 90 dias após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele é investigado por suposta omissão na segurança do DF no dia dos ataques, quando vândalos depredaram as sedes dos três poderes da República.
Veja a cronologia de troca de mensagens de Ibaneis com Dino no dia 8 de janeiro:
Ibaneis encaminha a Dino um relato do delegado Fernando de Souza Oliveira, então secretário de segurança em exercício.
"Público oriundo das caravanas em torno de 2.500 pessoas", diz a mensagem.
"Verificou-se chegada de mantimentos (alimentos,água, material de higiene) e instalação de diversas barracas de camping e lona", continua o relato.
E Ibaneis destaca:
"Situação tranquila, no momento."
Ibaneis também encaminhou mensagem de áudio de Fernando. Nela, o secretário afirma: “Bom dia, governador! Passando pro senhor as últimas notícias...da madrugada e do início do dia...não houve nenhuma intercorrência relacionada aos manifestantes. Tudo bem tranquilo, eles estão lá no...a maioria no QG, mas de forma pacífica e tranquila".
Dino responde Ibaneis: "Obrigado, amigo."
Ibaneis encaminha para Dino novo áudio do secretário. "Informe do meio-dia", escreveu o governador.
No áudio, Fernando diz: "Até agora nossa Inteligência está monitorando e não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento. Então esse é o último informe pro senhor...Tem aproximadamente 150 ônibus já no DF, mas todo mundo de forma ordeira e pacífica".
Dino responde Ibaneis:
"Oremos para que tudo acabe bem", pede o ministro.
Nessa hora, os vândalos já haviam invadido os prédios e depredado as instalações públicas.
Ibaneis tinha recebido ligação de Dino às 16h05, mas não atendeu. No entanto, falou com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, que alertou para a invasão do prédio do Congresso.
A esta altura, Ibaneis também já havia recebido relatos do secretário de Segurança interino sobre a gravidade da situação.
O então governador escreve para Dino:
"Vamos precisar do Exército".
Nas mensagens extraídas pela PF, não aparece se Dino respondeu. O Exército não atuou na dispersão dos vândalos, que foi feita pela polícia.
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