Quase metade das 35 mil crianças inscritas para creches públicas do Rio aguarda vaga numa lista de espera

Está faltando vagas nas creches municipais do Rio. Das mais de 35 mil crianças inscritas, quase metade está na lista de espera por uma vaga. Isso muito preocupa as mães que não conseguem trabalhar porque não têm como deixar os filhos.

A autônoma Fernanda Alves vive essa situação. Sem ter com quem deixar a filha, não consegue voltar ao mercado de trabalho.

"Eu estou desde o ano passado tentando uma vaga para minha filha. Não obtive retorno algum. Ela ficou numa fila de espera quilométrica e nada de chamarem ela. Eu corri atrás e nada. Esse ano nesse ano novamente, no dia 1º mesmo eu inscrevi ela. Deram a opção de cinco creches. E quando eles dão opção de creche, é absurdamente longe. Ela é o número 84, 85 na fila de espera. Ou seja, vai chamar uma criança por vez. Mais um ano que vou ficar esperando, mais um ano eu vou ficar sem trabalhar.

Ela não vai ter contato com outras crianças, o desenvolvimento dela vai ser só dentro de casa porque, infelizmente, quem depende de creche pública é este sofrimento o ano inteiro", disse Fernanda.

A Defensoria Pública informou que os bairros da Zona Oeste do Rio são os que mais sofrem com a falta de vagas em creches públicas. E tem tentado intermediar essa situação dois pais com a Secretaria Municipal de Educação, num mutirão de atendimento no sábado (11).

A Defensoria informou também que ao longo do mês de março vai fazer outros mutirões, sempre aos sábados, para tentar contornar a situação.

A vereadora Thais Ferreira (PSOL) disse que a falta de vagas em creches da cidade afeta um direito básico das famílias.

"A comissão dos direitos da criança e do adolescente da câmara de vereadores recebe sempre uma série de demandas das famílias que todo o início de ano ficam desesperadas em busca de atendimento, numa rede que apesar de ser grande não dá conta da demanda total das famílias que precisam destas vagas. E isso gera outro grandes problemas que a gente já deveria ter superado há anos. Quando uma criança não tem este direito garantido pelo poder público, toda a família fica em situação de vulnerabilidade. É importante ter este entendimento porque não ter com quem deixar suas crianças impacta diretamente no acesso a diversos outros direitos para além dos básicos", disse a vereadora.

A Secretaria Municipal de Educação informou que a fila deste período é a menor, desde que o sistema de matrículas foi implantado na cidade. A secretaria também acrescentou que a convocação para as crianças na fila é feita a qualquer momento do ano .

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