Objetos voadores: 5 perguntas sobre os artefatos derrubados pelos EUA
Helicóptero da Guarda Costeira busca destroços de balão na costa da Carolina do Sul. — Foto: US Navy/ LT J G JERRY IRELAND/EPA-EFE/REX/SHUTTERSTOCK via BBC
Autoridades americanas estão analisando restos de quatro objetos voadores abatidos desde 4 de fevereiro — um deles confirmado como um balão de origem chinesa. Segundo Washington, o balão era usado para espionagem, enquanto Pequim afirma que se tratava de um equipamento meteorológico que se perdeu.
Os outros três objetos, abatidos depois do balão, ainda não foram totalmente caracterizados e nem tiveram sua origem confirmada.
De acordo com o Comando Norte dos Estados Unidos, equipes estão analisando “sensores e peças eletrônicas” encontrados na área do Oceano Atlântico em que o balão foi abatido. Grandes pedaços da estrutura também foram recuperados na segunda-feira (13) na costa da Carolina do Sul.
Confira abaixo as respostas para algumas das perguntas enviadas por leitores à BBC sobre a situação. Elas foram respondidas pelos jornalistas Barbara Plett-Usher, Gordon Corera e Kerry Allen, com o suporte dos especialistas Scott Anderson, Gail Helt, Joel Rubin e Rajan Menon.
2 de 3 Mapa mostra pontos e datas dos objetos encontrados. — Foto: BBC
Mapa mostra pontos e datas dos objetos encontrados. — Foto: BBC
As autoridades americanas deixaram claro que os três últimos objetos abatidos parecem diferentes do primeiro balão chinês, acusado de espionagem pelos EUA. Tanto é que as autoridades estão se referindo a eles como “objetos”, e não como “balões”. Eles eram menores e estavam voando mais baixo do que o primeiro balão.
Do que se sabe, os três objetos não estavam enviando sinais de comunicação, não eram tripulados e nem tinham propulsão — aparentemente, eram movidos pelo vento.
Esses objetos podem ter origem civil, ou até ser um tipo de pegadinha, mas não sabemos. Sabemos sim que a Casa Branca não acredita que sejam alienígenas vindos do espaço sideral. E sabemos que eles provavelmente foram vistos porque os militares estavam olhando mais de perto para o céu desde o surgimento do balão chinês.
Depois dele, o Norad, o comando conjunto do espaço aéreo dos EUA e do Canadá, ajustou seu sistema de radar para ficar mais sensível a incursões.
Até agora, nenhuma empresa, organização ou governo disse ser proprietária dos três objetos.
Quando o balão pairava sobre os Estados Unidos, aviões espiões U-2 o rodearam para verificar o que continha, já que existe tecnologia para farejar materiais perigosos e/ou biológicos. Mas os membros da inteligência americana nunca demonstraram maiores preocupações com essa possibilidade.
Além disso, se tal tipo de carga estivesse no balão, isso seria imediatamente reconhecido como um ataque de guerra biológica contra os EUA, fazendo o conflito escalar exponencialmente.
A China seria extremamente imprudente em conduzir um ataque desse tipo e, portanto, provavelmente não o fez.
3 de 3 Agente da Marinha dos EUA busca resquícios de balão derrubado na Carolina do Sul. — Foto: Reuters via BBCAgente da Marinha dos EUA busca resquícios de balão derrubado na Carolina do Sul. — Foto: Reuters via BBC
Nesta terça-feira (14/02), a Romênia enviou caças para investigar a entrada de um objeto no espaço aéreo europeu, mas até o momento, ele não foi localizado.
Em 3 de fevereiro, a força aérea da Colômbia afirmou que um objeto com “caraterísticas semelhantes às de um balão” foi avistado em seu espaço aéreo e foi monitorado até que saísse da área do país. A BBC não conseguiu confirmar se há informações sobre o paradeiro deste balão. Dias depois, a China confirmou que o balão que sobrevoou alguns países do Caribe e da América do Sul era seu, mas tinha uso civil.
Pequim afirmou que os dois balões com origem chinesa confirmada — aquele abatido nos EUA e aquele avistado na Colômbia — eram “civis e não tripulados”, criticando o uso da força para monitorá-los e derrubá-los como uma “reação exagerada”.
O Ministério das Relações Exteriores da China lamentou a entrada não intencional do primeiro balão no espaço aéreo dos EUA “devido a motivos de força maior”.
O segundo balão “desviou-se seriamente de sua rota planejada e se perdeu nos céus da América Latina e do Caribe”, acrescentou.
A porta-voz do ministério Mao Ning disse em uma entrevista coletiva na semana passada que o uso da força pelos EUA para derrubar um balão foi uma "reação claramente exagerada, inaceitável e irresponsável".
O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Xie Feng, disse que a decisão de abater o primeiro balão "prejudicaria seriamente o progresso na estabilização dos laços" entre a China e os EUA, acrescentando que a China "salvaguardaria os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas", assim com os “interesses e a dignidade da China”.
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