Escassez de água e falta de saneamento básico na Turquia colocam saúde de sobreviventes do terremoto em risco
Huseyin Berber de 62 anos internao em um hospital após ser resgatado dos escombros em Antakya, na Turquia — Foto: Maxim Shemetov/REUTERS
Mais de uma semana depois que sua casa foi destruída por um terremoto mortal que atingiu o sul da Turquia, o corpo de Mohammad Emin ainda está coberto de poeira e sujeira.
Como inúmeras outras vítimas de uma catástrofe que matou mais de 41.000 na Turquia e na Síria, ele ainda espera por uma lavagem - afetado por uma escassez de água potável que, segundo organismos internacionais de saúde, representa um risco à saúde pública.
"Não conseguimos enxaguar desde o terremoto", disse Emin, um estudante de design gráfico de 21 anos, enquanto trazia remédios para gripe de uma clínica em um estádio ao ar livre que serve como acampamento para deslocados em a cidade de Kahramanmaras.
2 de 4 Pessoas retiram manualmente cópias do Alcorão e do Evangelho do meio dos escombros em Kahramanmaras, na Turquia — Foto: Suhaib Salem/REUTERSPessoas retiram manualmente cópias do Alcorão e do Evangelho do meio dos escombros em Kahramanmaras, na Turquia — Foto: Suhaib Salem/REUTERS
Com grande parte da infraestrutura de saneamento da região danificada ou inoperante pelos dois terremotos de magnitude 7,8 e 7,6 na segunda-feira passada, as autoridades de saúde turcas enfrentam uma tarefa difícil ao tentar garantir que os sobreviventes, muitos desabrigados, permaneçam livres de doenças.
Um médico da clínica, Akin Hacioglu, disse que entre 15 e 30 médicos operavam a instalação, a única desse tipo no acampamento, que atende até 10.000 pessoas durante o dia.
Eles estão oferecendo vacinas contra o tétano aos residentes que as solicitarem e distribuindo kits de higiene com xampu, desodorante, absorventes e lenços umedecidos, disse Hacioglu.
3 de 4 População de Kahramanmaras recebe alimentos em acampamento montado diante de estádio na Turquia — Foto: Suhaib Salem/REUTERSPopulação de Kahramanmaras recebe alimentos em acampamento montado diante de estádio na Turquia — Foto: Suhaib Salem/REUTERS
Mas Emin disse que não havia chuveiros no acampamento ou perto dele e que os seis banheiros do estádio não eram suficientes para atender à demanda.
Ele também disse que não conseguiu tomar banho nem trocar de roupa, assim como vários outros residentes do campo com quem a Reuters conversou.
4 de 4 Pessoas recolhem itens em escombros na província de Hatay, Turquia — Foto: Eloisa Lopez/REUTERSPessoas recolhem itens em escombros na província de Hatay, Turquia — Foto: Eloisa Lopez/REUTERS
Na cidade de Antakya, mais ao sul em direção à fronteira com a Síria, há um número maior de banheiros químicos em evidência do que nos primeiros dias após o terremoto, mas muitos moradores dizem que ainda são necessários mais.
A OMS está trabalhando com as autoridades locais para intensificar o monitoramento de doenças transmitidas pela água, gripe sazonal e Covid-19 entre os deslocados, acrescentou.
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