Como vem a Unidos da Tijuca? Borel embala o encanto das ondas e a cultura do povo ribeirinho da Baía de Todos os Santos
Na Unidos da Tijuca, as águas da Baía de Todos os Santos é o fio condutor e narrador do enredo sobre a cultura e a vida do lugar — Foto: Divulgação/Mauro Samagaio
A Unidos da Tijuca vai cantar as histórias, as lendas e o cotidiano do povo que vive às margens da 💥️Baía de Todos os Santos, na Bahia. Um enredo baseado na oralidade, na afetividade, cultura, espiritualidade e banhado nos sentimentos dos moradores de pertencimento àquela região. E tudo isso vai ser contado de forma bem criativa: pelas águas da baía.
Um enredo caudaloso, mas que ninguém pense na obviedade de alegorias repletas de água, que seria um recurso esperado. É a onda de criatividade que vai ditar o fluxo de "É onda que vai... é onda que vem... Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha terra", do carnavalesco 💥️Jack Vasconcelos. A Unidos da Tijuca será a quarta escola a desfilar no domingo (19).
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2 de 5 Unidos da Tijuca vai mergulhar na cultura peculiar da população ribeirinha da Baía de Todos os Santos — Foto: Divulgação/Mauro Samagaio
Unidos da Tijuca vai mergulhar na cultura peculiar da população ribeirinha da Baía de Todos os Santos — Foto: Divulgação/Mauro Samagaio
A ideia é construir uma narrativa fundeada na emoção, de forma lúdica. Por isso, lá estarão as sereias, peixes, botos, histórias de pescadores, festas, músicas, lendas, contos e encantos naturais daquela população ribeirinha.
"Muito já se cantou a Bahia na Sapucaí. Mas costumo dizer que a nossa é diferente porque vamos cantar a baía sem H. E um trabalho assim exige um exercício artístico de criação, que vai da escolha dos materiais às cores, com fantasias e alegorias mais fluidas, que permitem movimentos marcados e ritmados, como as ondas. As expressões corporais vão causar esse efeito especial, de balanço das águas, no chão e nas alegorias, mas sem tirar a liberdade do componente", disse Jack.
O carnavalesco se surpreendeu e se encantou com a riqueza da cultura popular peculiar e engajada da região pouco explorada daquelas ilhas, que integram o ambiente da 💥️segunda maior baía do mundo.
"Todos os moradores se conhecem e sabem suas histórias, que passam de geração a geração, com muito orgulho. Eles têm uma noção muito grande de pertencimento daquele lugar. Eu me apaixonei pela história do lugar", disse Jack.
3 de 5 Na Unidos da Tijuca, muita criatividade para falar das águas da Baía de Todos os Santos sem usar o recurso óbvio: a água — Foto: Divulgação/Mauro SamagaioNa Unidos da Tijuca, muita criatividade para falar das águas da Baía de Todos os Santos sem usar o recurso óbvio: a água — Foto: Divulgação/Mauro Samagaio
O carnavalesco — que já foi chamado de tropicalista por causa de seus desfiles coloridos — usa a cor como elemento básico de comunicação. Para falar de água, os tons de azul vão sobressair, mas estarão ladeados pelo alaranjado do pôr do sol e pelo colorido das festas.
A escola começa contando a lenda indígena que explica a criação da baía. Logo depois, lembra o início da colonização, das riquezas trazidas e a descoberta da beleza natural da região.
Um dos pontos fortes do enredo é a religiosidade dos povos indígenas, africano e europeu, que se fundem e resultam na mistura do catolicismo, com os cultos afro e os rituais indígenas. Um sincretismo que vai se espalhar por todo o país.
4 de 5 A vida simples, mas rica em cultura, festas e tradições da população ribeirinha da baía, será retratada pela Unidos da Tijuca — Foto: Divulgação/Mauro SamagaioA vida simples, mas rica em cultura, festas e tradições da população ribeirinha da baía, será retratada pela Unidos da Tijuca — Foto: Divulgação/Mauro Samagaio
A Tijuca também vai mostrar a vida simples, mas carregada de cultura, das populações ribeirinhas com a pescaria e mostra a baía como uma grande estrada para o comércio dos produtos das ilhas, com suas feiras. E a importância das águas da baía para o sustento do povo.
Cada ilha tem suas histórias e lendas a respeito de naufrágios e tesouros perdidos debaixo d'água. Segundo Jack, há inclusive uma ilha pequena desabitada, chamada de 💥️Ilha do Medo, porque se acredita assombrada. A baía, que tem 10% de seu volume em água doce — que recebe de três rios — é considerado o ponto de encontro de orixás africanas.
"O povo diz que por ter água doce e salgada, é na baía que Iemanjá, a rainha do mar, e Oxum, a senhora das águas doces, se encontram. É também um santuário ecológico diversificado, com botos e rodeada de mangues", contou Jack.
5 de 5 Povo que vive às margens da baía celebram rituais religiosos da ancestralidade africana, como vai mostrar a Unidos da Tijuca — Foto: Divulgação/Mauro SamagaioPovo que vive às margens da baía celebram rituais religiosos da ancestralidade africana, como vai mostrar a Unidos da Tijuca — Foto: Divulgação/Mauro Samagaio
E como é carnaval, a Unidos da Tijuca vai encerrar seu desfile lembrando as festas, as músicas e danças, procissão em homenagem a Nossa Senhora da Ajuda e blocos carnavalescos.
"O povo da Baía de Todos os Santos é muito festeiro. Tem festa praticamente o ano inteiro. Então, é isso que a Tijuca vai mostrar: um lugar culturalmente rico, bonito, abençoado e festeiro. E nós vamos embarcar nessa viagem, num banho de axé", disse o carnavalesco.
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