Quem é Marcelo Bretas, o 'Moro carioca' que mandou prender Temer e Cabral, agora afastado por desvio de conduta

Marcelo Bretas — Foto: GloboNews 1 de 5 Marcelo Bretas — Foto: GloboNews

Marcelo Bretas — Foto: GloboNews

Chamado por muito tempo de "Sérgio Moro carioca", devido à sua atuação na Lava Jato do Rio, o juiz Marcelo Bretas foi afastado nesta terça-feira (28) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O conselho analisou desvio de conduta na análise de processos (entenda o que o levou ao afastamento), e instaurou procedimento para investigar o juiz que comandava a 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Bretas mandou prender, entre muitos outros, o ex-presidente Michel Temer, os ex-governadores Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e Moreira Franco, e o empresário Eike Batista.

O ex-governador Sérgio Cabral presta depoimento ao juiz Marcelo Bretas no Rio — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo 2 de 5 O ex-governador Sérgio Cabral presta depoimento ao juiz Marcelo Bretas no Rio — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

O ex-governador Sérgio Cabral presta depoimento ao juiz Marcelo Bretas no Rio — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Inicialmente discreto em suas decisões, Bretas foi aos poucos se tornando midiático, adepto das redes sociais. Nascido em Nilópolis, na Baixada Fluminense, e morador do Flamengo, na Zona Sul, o filho de um comerciante e de uma dona de casa é evangélico, flamenguista e adepto da musculação – já postou fotos de camisa regata exibindo músculos em frente ao espelho.

Marcelo Bretas tem 53 anos, é casado com a também juíza Simone Diniz Bretas, que foi sua colega de Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com quem tem dois filhos.

O juiz Sérgio Moro, acompanhado do juiz Marcelo Bretas, assiste à pré-estreia do filme "Polícia Federal-A Lei é Para Todos", em Curitiba — Foto: Denis Ferreira Neto/Estadão Conteúdo 3 de 5 O juiz Sérgio Moro, acompanhado do juiz Marcelo Bretas, assiste à pré-estreia do filme "Polícia Federal-A Lei é Para Todos", em Curitiba — Foto: Denis Ferreira Neto/Estadão Conteúdo

O juiz Sérgio Moro, acompanhado do juiz Marcelo Bretas, assiste à pré-estreia do filme "Polícia Federal-A Lei é Para Todos", em Curitiba — Foto: Denis Ferreira Neto/Estadão Conteúdo

Decolou na carreira de juiz quando o processo da Lava Jato da Eletronuclear foi desmembrado e caiu para a 7ª Vara Federal Criminal, onde Bretas acabara de se tornar juiz titular.

Nas redes sociais, Bretas começou a provocar polêmica ao demonstrar publicamente alinhamento político, com o ex-governador Wilson Witzel e o atual, Cláudio Castro, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o ex-prefeito Marcelo Crivella.

Presidente Jair Bolsonaro em evento no Rio; na segunda fileira, atrás do ministro Augusto Heleno, o juiz Marcelo Bretas — Foto: Carolina Antunes/PR 4 de 5 Presidente Jair Bolsonaro em evento no Rio; na segunda fileira, atrás do ministro Augusto Heleno, o juiz Marcelo Bretas — Foto: Carolina Antunes/PR

Presidente Jair Bolsonaro em evento no Rio; na segunda fileira, atrás do ministro Augusto Heleno, o juiz Marcelo Bretas — Foto: Carolina Antunes/PR

A decisão do CNJ nesta terça, por 12 votos a 3, foi com base em reclamações disciplinares e um procedimento instaurado pelo corregedor nacional Luís Felipe Salomão por “deficiências graves dos serviços judiciais e auxiliares, das serventias e dos órgãos prestadores de serviços notariais e de registros”.

A primeira foi movida pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com base uma reportagem da revista Veja, que acusou Bretas de negociar penas, orientar advogados e combinar estratégias com o Ministério Público Federal com base na delação premiada do advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, aprovada pela Procuradoria-Geral da República.

Em outra, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), alegou que o juiz atuou para beneficiar o ex-juiz federal Wilson Witzel nas eleições para o governo do estado em 2018, que elegeu Witzel. O ex-juiz depois sofreu um impeachment por corrupção na área da saúde durante a pandemia.

À esquerda, Wilson Witzel, juiz federal em auxílio à presidência do TRF; Marcelo Bretas (centro) e o desembargador André Fontes — Foto: Marco Antônio Martins 5 de 5 À esquerda, Wilson Witzel, juiz federal em auxílio à presidência do TRF; Marcelo Bretas (centro) e o desembargador André Fontes — Foto: Marco Antônio Martins

À esquerda, Wilson Witzel, juiz federal em auxílio à presidência do TRF; Marcelo Bretas (centro) e o desembargador André Fontes — Foto: Marco Antônio Martins

Um procedimento também foi aberto por Salomão, chefe da corregedoria do órgão, baseado em informações da delação premiada do advogado José Antônio Fichtner para realizar uma correição no gabinete de Bretas e da equipe dele.

“O juiz Marcelo Bretas disse que sempre atuou na forma da lei para a realização da Justiça. E que não pode comentar a decisão do CNJ pois a ela não teve acesso, uma vez que foi tomada em sessão sigilosa na qual foi negada a participação da Associação dos Juízes Federais - AJUFE.”

Em 2023, o Órgão Especial do Tribunal Regional Federal 2 puniu Bretas com uma sanção de censura por ter participado ao lado do então presidente Jair Bolsonaro e do então prefeito Marcelo Crivella, candidato à reeleição, em pleito que Paes venceu.

A Corte também afastou o magistrado dos processos em que o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho atuava na Lava Jato, entre eles, o do empresário Arthur Soares, o Rei Arthur.

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