Serviços sustentam alta do PIB, com turismo puxando recuperação de atividades arruinadas pela pandemia

Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, durante o réveillon de 2023, que marcou a plena retomada do turismo após dois anos sem festa da virada por causa da pandemia — Foto: Júlio Guimarães/ Riotur 1 de 3 Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, durante o réveillon de 2023, que marcou a plena retomada do turismo após dois anos sem festa da virada por causa da pandemia — Foto: Júlio Guimarães/ Riotur

Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, durante o réveillon de 2023, que marcou a plena retomada do turismo após dois anos sem festa da virada por causa da pandemia — Foto: Júlio Guimarães/ Riotur

A alta do PIB em 2022, puxada pelo setor de serviços, consolida a plena retomada da atividade econômica no Brasil após dois anos de restrições impostas pela pandemia de Covid-19. O ano de 2022 terminou com alta de 2,9%, informou nesta quinta-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O turismo é fator determinante deste movimento, pois permitiu a completa recuperação de atividades do setor, severamente prejudicadas pela crise sanitária. São atividades importantes como alojamento, alimentação e recreação.

Dados específicos do setor de turismo não estão entre aqueles monitorados para o cálculo do PIB. Alojamento e alimentação, por exemplo, estão relacionados entre os serviços prestados às famílias. Mas a Pesquisa Mensal de Serviços, realizada também pelo IBGE, 💥aponta para um crescimento de mais de 24% destas atividades no ano.

“No PIB, isto tudo está dentro de uma grande atividade de ‘outros serviços’. Segundo estimativas do Boletim Macro, ela cresceu 11,5% em 2022. E os serviços prestados às famílias são um dos grandes destaques do ano. Isso era esperado com o fim da pandemia”, enfatizou Silvia Matos.

A economista da FGV destacou que um relatório de atividade produzido pelo Itaú Unibanco, com base nos gastos diários de clientes com cartões de crédito e débito em bens e serviços, ilustra bem a retomada da atividade turística no país em 2022.

Gráficos feitos a partir de indicadores de gastos dos consumidores em compras com cartão de débito e crédito mostram o avanço, em 2022, em serviços de alojamento, alimentação e recreação. — Foto: Reprodução/IDAT Itaú 2 de 3 Gráficos feitos a partir de indicadores de gastos dos consumidores em compras com cartão de débito e crédito mostram o avanço, em 2022, em serviços de alojamento, alimentação e recreação. — Foto: Reprodução/IDAT Itaú

Gráficos feitos a partir de indicadores de gastos dos consumidores em compras com cartão de débito e crédito mostram o avanço, em 2022, em serviços de alojamento, alimentação e recreação. — Foto: Reprodução/IDAT Itaú

Principal polo turístico no Brasil, a cidade do Rio de Janeiro voltou a ver seu setor hoteleiro em festa em 2022. Ao final do ano, a ocupação dos hotéis, a mão de obra empregada e o faturamento do setor como um todo superaram os patamares pré-pandemia.

De acordo com o sindicalista, o grande destaque do ano foi a recuperação dos valores das diárias dos hotéis no Rio. “Em alguns casos, com mais de 20% de reajuste nas tarifas. Sem hóspedes, os hotéis tiveram que derrubar as tarifas durante a pandemia”, destacou

Segundo Lopes, a ocupação dos hotéis cresceu, em média, cerca de 15% na comparação com 2023. Por sua vez, a volta dos turistas impactou diretamente no mercado de trabalho, com a reabertura de vagas de emprego extintas com a demissão de trabalhadores no primeiro ano de pandemia.

Os ganhos promovidos pela retomada do turismo na rede hoteleira do Rio poderiam ter sido ainda maiores se a pandemia da Covid-19 tivesse, efetivamente, chegado ao fim. A variante ômicron do coronavírus, que surgiu no início do ano passado, manteve restrições a alguns serviços, sobretudo no mercado internacional, retardando a visita de turistas estrangeiros ao país.

Além de impactar o chamado turismo de lazer, a ômicron manteve firme o freio no turismo corporativo. Segundo a ABIH-RJ, ao longo do primeiro semestre eventos sociais suspensos pela pandemia ajudaram o turismo corporativo, mas não o completaram. A ocupação dos hotéis nos dias úteis só voltou a crescer em novembro.

Os dados da ocupação na rede de hotéis do Rio ao longo do ano de 2022 mostram que a retomada do turismo se deu de forma fragmentada. Ela teve picos em cada um dos trimestres, e ganhou mais fôlego no último.

“Tivemos um verão bom, com ocupação acima de 70% em janeiro, e porque tivemos dois carnavais — em fevereiro, não teve a festa de rua, mas os brasileiros, ou seja, os turistas domésticos viajaram”, contou o presidente da ABIH-RJ, Alfredo Lopes. “Depois, em abril, tivemos o segundo carnaval, com a ocupação dos hotéis em patamar semelhante do primeiro.”

O mundialmente famoso réveillon carioca trouxe, por fim, um novo pico da ocupação na rede hoteleira em dezembro. O destaque ficou pela mudança no perfil do turista presente na cidade. Segundo a ABIH-RJ, quase dobrou a presença de turistas estrangeiros na comparação com a média histórica.

“Tivemos um réveillon incrível, diferente do habitual. Geralmente tínhamos cerca de 22% de turistas internacionais. Nas olimpíadas, este percentual chegou a 26%. Já neste réveillon chegou a 40%”, destacou o presidente da entidade.

Lopes ressaltou que esta mudança no perfil do turista impacta diretamente no consumo, já que os estrangeiros gastam mais que os brasileiros. “Também surpreendeu o aumento de turistas norte-americanos e europeus, que tiveram presença muito mais marcante que a dos sul-americanos”, enfatizou.

Empresária Cláudia Mendes posa para foto em meio à uma das lojas de sua rede de lavanderias que foi totalmente reestruturada e ganhou, inclusive, maquinário novo em 2022, ano que marca a plena recuperação de seus negócios — Foto: Arquivo Pessoal 3 de 3 Empresária Cláudia Mendes posa para foto em meio à uma das lojas de sua rede de lavanderias que foi totalmente reestruturada e ganhou, inclusive, maquinário novo em 2022, ano que marca a plena recuperação de seus negócios — Foto: Arquivo Pessoal

Empresária Cláudia Mendes posa para foto em meio à uma das lojas de sua rede de lavanderias que foi totalmente reestruturada e ganhou, inclusive, maquinário novo em 2022, ano que marca a plena recuperação de seus negócios — Foto: Arquivo Pessoal

A retomada do movimento turístico no Rio promoveu plena recuperação também do serviço de lavagens de roupas. A empresária Cláudia Mendes, dona de uma rede de lavanderias na Zona Sul da cidade, diz que, além de retomar o faturamento ao mesmo patamar pré-pandemia, conseguiu investir no negócio.

Exatamente dois anos antes, em março de 2023, diante da divulgação do PIB de 2023, Cláudia disse ao 💥️g1 que vivia “a fase mais difícil” de seu negócio. Com faturamento pela metade e acúmulo de dívidas, ela viu a empresa “100% no vermelho” e temia se tornar inviável sua manutenção. Naquela época, ela já sabia que somente o turismo seria capaz de reestabelecer a saúde financeira da empresa.

A empresária destacou que poderia ter ido além da recuperação plena do negócio em 2022 não fossem as dívidas contratadas para manter a operação das lojas no longo período de faturamento reduzido. Os empréstimos só serão quitados em meados de 2023.

A rede de lavanderias de Cláudia está entre os pequenos negócios que o 💥️g1 passou a acompanhar de perto desde março de 2023, quando começou a pandemia. Na primeira entrevista, ela disse ter visto o faturamento cair 70% diante da crise provocada pelo coronavírus.

Ao fazer o balanço destes três anos, a empresária diz que, enfim, recuperou o tapete que lhe foi puxado pela crise sanitária.

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