Alunos de medicina da USP que sofreram golpe de colega cancelam vaquinha para formatura e anunciam que devolverão valores

Alicia Dudy Müller Veiga é acusada de golpe na USP — Foto: Reprodução 1 de 2 Alicia Dudy Müller Veiga é acusada de golpe na USP — Foto: Reprodução

Alicia Dudy Müller Veiga é acusada de golpe na USP — Foto: Reprodução

Os formandos da 106ª turma de medicina da Universidade de São Paulo (USP), que foi vítima de um golpe executado por uma colega e teve quase R$ 1 milhão do fundo criado para custear a festa de formatura desviados, anunciaram no sábado (4) que suspenderam a campanha de arrecadação criada após descobrirem o desvio e que os recursos serão devolvidos.

No fim de janeiro, em uma reunião com o Procon, a empresa ÁS Formaturas se comprometeu a não repassar aos alunos o prejuízo de R$ 927 mil que teve com o desvio do dinheiro do evento por Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, ex-presidente da comissão de formatura. A empresa também concordou em bancar com fornecedores a mesma estrutura da festa que havia sido contratada.

Na postagem em seu perfil no Instagram, a comissão de formatura agradece as contribuições e destaca que, após acordo com a Às Formaturas e o Grupo Toy, “teremos uma festa nos mesmos moldes e padrões do projeto inicial” e, assim, decidiram “parar as arrecadações extras e devolver o dinheiro que já foi arrecadado aos doadores”.

O texto não informa o total arrecadado pela vaquinha.

Alicia havia trancado o curso quando o caso se tornou público, mas retornou às aulas em 27 de fevereiro e retomou os projetos de pesquisa em que estava envolvida. Segundo a defesa, a medida foi tomada pela estudante para não atrasar a conclusão do curso e "se ocupar".

Segundo a USP, o trancamento ou a reativação de matrícula é uma decisão "exclusiva de qualquer aluno da instituição" e não há prazo para ser feito.

No início de fevereiro, a Justiça não aceitou o pedido de prisão preventiva feito pela polícia contra a estudante.

A decisão concordou com o posicionamento do Ministério Público, que entendeu que o caso se trata de crimes de estelionato, não de apropriação indébita, e a polícia irá retomar o inquérito.

A estudante foi ouvida pela polícia em 19 de janeiro, em São Paulo. Ela confirmou que desviou os valores que seriam usados para a festa de formatura por entender que os recursos não estavam sendo bem administrados pela empresa contratada, mas fez "aplicações ruins" e acabou perdendo dinheiro.

No "desespero", ela diz que tentou recuperar o montante fazendo apostas em uma lotérica. Ela também admitiu que usou em benefício próprio uma parte das quantias para pagar despesas pessoais, como aluguel de carro, apartamento e compra de eletrônicos. A estudante afirma ter agido sozinha.

De acordo com o interrogatório, Alicia tem renda mensal de cerca de R$ 4.500. Ela admitiu à polícia que a história que contou aos colegas da comissão de que teria investido o dinheiro da formatura em um fundo e sofrido um golpe era mentira.

Alicia teria feito anotações sobre o caso em caderno — Foto: Reprodução 2 de 2 Alicia teria feito anotações sobre o caso em caderno — Foto: Reprodução

Alicia teria feito anotações sobre o caso em caderno — Foto: Reprodução

Alicia era presidente da comissão de formatura dos estudantes de medicina da USP. Segundo a delegada 💥️Zuleika Gonzalez Araujo, a nova presidente da comissão de formatura foi ouvida em janeiro pela investigação. A testemunha afirmou que Alicia mudou as senhas de acesso ao e-mail da comissão.

A nova presidente contou ainda que o grupo não teve mais acesso às informações e aos avisos da empresa organizadora do evento sobre as transações feitas por Alicia.

Ainda em janeiro, investigadores do 16º Distrito Policial foram ao apartamento de Alicia cumprir um mandado de busca e apreensão autorizado pela Justiça:

Representantes da ÁS Formaturas, contratada pelos formandos de medicina da USP para fazer a festa deles, confirmaram à polícia que a empresa transferiu quase R$ 1 milhão para a conta bancária de Alicia, que até então era a presidente da comissão de formatura.

Segundo o boletim de ocorrência sobre o caso do sumiço do dinheiro registrado por dois alunos, Alicia solicitou à empresa ÁS Formaturas a transferência de R$ 927 mil em três parcelas:

Antes, Alicia afirmou ter aplicado R$ 800 mil em uma corretora de investimentos chamada Sentinel Bank, mas voltou atrás na versão quando foi ouvida pela polícia.

Natural do interior de São Paulo, Alicia Dudy Muller ingressou na faculdade de medicina em 2018. Ela está no sexto ano do curso.

Alicia nasceu em Itararé, mas reside em um prédio na Vila Mariana, na Zona Sul da capital. Na plataforma Currículo Lattes, que reúne dados sobre estudantes e pesquisadores, ela informou ter feito o ensino médio na Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas, na região do Ipiranga, Zona Sul da capital paulista.

Em entrevista para a Rádio USP em fevereiro de 2018, ela afirmou que tinha passado no curso de farmácia e até feito a matrícula, mas desistiu e decidiu fazer cursinho por mais um ano para tentar entrar em medicina.

A jovem é alvo de dois inquéritos policiais. São eles:

💥️Cronologia:

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