Família afirma que homem está preso injustamente há 3 anos por causa de reconhecimento de foto retirada de rede social
A família de um homem que está preso há três anos afirma que ele está injustamente na cadeia. De acordo com eles, Paulo Alberto da Silva Costa responde a 60 processos criminais e 12 inquéritos – todos com base na mesma foto, retirada de uma rede social.
Paulo tem 36 anos e está preso no Complexo de Bangu, na Zona Oeste do Rio. Ele tem dois filhos: um menino de 9 e uma menina de 4 anos, que a família afirma que não reconhece mais o rosto do pai.
A família afirma que ele não cometeu crime nenhum.
“Ele está sendo injustiçado por um momento de processos que apareceram assim de uma outra para a outra. Às vezes, a vítima fala que a pessoa que cometeu o ato ali tinha uma pele clara, tinha olhos claros, e quando a gente vai ver meu irmão está respondendo pelo processo daquela pessoa clara e de olhos claros. Não bate. Muita coisa não bate, entende?”, disse Paula Amanda, irmã de Paulo.
Os familiares contam que Paulo foi preso em uma operação policial na comunidade Santa Tereza, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Eles afirmam que estavam em casa quando um policial militar pediu para ver os documentos de Paulo. Em seguida, o agente disse que existia um mandado de prisão contra ele.
Na delegacia, a família descobriu que existiam várias acusações. E que todas eram baseadas no reconhecimento de uma foto, que foi copiada de uma rede social.
1 de 2 Paulo Alberto da Silva Costa responde a 60 processos criminais e 12 inquéritos com base no reconhecimento em uma foto de rede social — Foto: Reprodução/ TV GloboPaulo Alberto da Silva Costa responde a 60 processos criminais e 12 inquéritos com base no reconhecimento em uma foto de rede social — Foto: Reprodução/ TV Globo
Com base na mesma imagem, Paulo responde a 60 processos criminais e 12 inquéritos policiais. A maioria das acusações é por roubo com arma de fogo.
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que acompanha o caso, afirma que Paulo nunca foi ouvido na delegacia. Mas, mesmo assim, ele foi condenado 5 vezes pela Justiça, com base no reconhecimento.
“A gente não sabe como a foto do Paulo foi inserida no álbum de suspeitos. Como isso chegou até a delegacia? O que a gente sabe é que a foto segue sendo mostrada e, lamentavelmente, ele vem sendo reconhecido através de fotos. O que a gente pretende fazer é rever esses casos de condenação do Paulo, para tentar buscar a absolvição dele”, disse Lucia Helena de Oliveira, coordenadora de Defesa Criminal da Defensoria Pública do Rio de Janeiro.
O órgão também questiona inconsistências nos inquéritos. Em um deles, uma testemunha descreve a altura do ladrão, que é mais baixo que Paulo. E reconhecimentos pela foto mais de um ano após o crime.
“Normalmente, a descrição apresentada é feita de forma genérica. Um homem magro, negro, ou seja, não há uma descrição física detalhada para que depois possa ser feito o reconhecimento por foto. O Paulo é uma pessoa que trabalhava. Ele trabalhava num condomínio. A gente acredita sim na inocência do Paulo”, disse Lúcia Helena.
2 de 2 Mãe de Paulo Alberto da Silva Costa com a foto do filho — Foto: Reprodução/ TV Globo
Mãe de Paulo Alberto da Silva Costa com a foto do filho — Foto: Reprodução/ TV Globo
Antes de ser preso, Paulo Alberto não tinha passagem pela polícia e nunca foi preso em flagrante. A família pede que ele tenha a chance de se defender.
“Eu só queria que isso acabasse logo, sabe? Como se fosse só um pesadelo que eu tivesse acordado e acabou. Passou. É muito difícil, muito”, disse a irmã.
“Tem que levantar, sair para trabalhar, encontrar as pessoas que gostam da gente, conhecem a gente, sabem que somos trabalhadores, honestos. Mas eu creio que a nossa alegria vai voltar novamente”, afirmou Maria José Vicente, mãe de Paulo.
A Polícia Civil afirmou que os processos criminais seguiram o trâmite previsto em lei. E que, desde 2023, orienta os delegados a não usarem o reconhecimento por foto como única prova nos inquéritos.
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro informou que Paulo foi absolvido em um dos processos. E que uma vítima relatou que não podia afirmar que ele participou do roubo.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) também foi procurado, mas se manifestou até a última atualização desta reportagem.
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