'Fica mais claro que alguma coisa estranha estava acontecendo', diz Haddad sobre indicados por Bolsonaro a cargo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (6) que a informação de que o governo Jair Bolsonaro indicou, para um cargo em Paris, o ex-diretor da Receita Federal envolvido na tentativa de liberar joias para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro deixa "mais claro" que "alguma coisa estranha estava acontecendo no governo".

As joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões, seriam um presente do governo da Arábia Saudita à família Bolsonaro – mas não foram declaradas na chegada ao Brasil em 2023 e, por isso, ficaram travadas na Receita. No fim de 2022, Bolsonaro acionou o Fisco para tentar liberar os itens (💥️veja no vídeo acima).

O blog da Andréia Sadi no 💥️g1 revelou nesta segunda que Julio Cesar Vieira Gomes, chefe da Receita no fim do governo Jair Bolsonaro, foi nomeado adido da Receita Federal em Paris no dia 30 de dezembro de 2022. Essa nomeação foi, depois, revogada pelo governo Lula.

"Já no ano passado, eu me senti muito desconfortável com a criação desses adidos no exterior, me pareceu uma coisa muito imprópria, ser feita a toque de caixa de maneira a mandar esses servidores para o exterior. Abu Dhabi, Paris, outras cidades", relatou Haddad.

"E solicitei ao presidente da República que no dia 1º de janeiro ele extinguisse essas adidâncias, para justamente evitar que esses servidores pudessem sair do Brasil e ganhar uma pequena fortuna de salário no exterior sem responder pelo que eventualmente pudessem estar fazendo no Brasil", prosseguiu.

Haddad também afirmou que, na visão dele, essas joias deveriam ser destinadas ao acervo de presentes diplomáticos da Presidência da República, e não à coleção pessoal de Michelle.

"Evidentemente que tudo concorre para o fato de que, aquilo que é determinado pelo Tribunal de Contas da União, pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, nada foi observado em relação às joias que constam desse dossiê estimadas em mais de R$ 16 milhões de valor. É uma coisa absolutamente fora, atípica. Ninguém ganha presente de R$ 16 milhões", declarou Haddad a jornalistas.

Os postos de adidos no exterior criados em 26 de dezembro e distribuídos para a cúpula da Receita Federal no último dia de 2022 causaram espanto na própria Receita e geraram reação da Unafisco Nacional, associação dos auditores fiscais da Receita, à época. As informações são do blog da Andréia Sadi.

Em nota, a Unafisco chegou a dizer que "nunca antes se viu uma atuação institucional tão distante dos princípios da impessoalidade, da moralidade e do interesse público". "Tais dirigentes atuaram com objetivo clarividente de criar cargos para si mesmos, como rota de saída em função da troca de governo."

Na Receita, a avaliação é a de que nunca antes um governo exerceu uma pressão tão grande sob um órgão, como foi feito na Receita. Fontes afirmam que Julio Cesar Vieira Gomes é um nome da família Bolsonaro, alçado ao cargo por influência do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

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