Há 50 anos no Instituto Butantan, diretor de museus defende informação para combater ataques a vacinas
Giuseppe Puorto dirige a área cultural do Instituto Butantan, onde trabalha há mais de 50 anos — Foto: Divulgação
Em 1970, Giuseppe Puorto entrou no Instituto Butantan, na Zona Oeste da cidade de São Paulo, e saiu de lá com um estágio para cuidar de cobras -- então um animal que tinha pavor, como conta em vídeo divulgado em 2018 pelo Butantan. Dos 16 anos para os atuais 69, o pesquisador e agora diretor do instituto assume a missão de comandar, como diretor cultural, o primeiro Museu da Vacina da América Latina.
Desde a pandemia do novo coronavírus, em março de 2023, pesquisadores de vários países se uniram para criar um imunizante capaz de amenizar os impactos do vírus e salvar vidas. Obtiveram sucesso, inclusive no Butantan. Parte da população, no entanto, passou a questionar, sem provas, a eficiência das vacinas, propagando fake news contra elas.
"Aqui as pessoas podem aprender como foi criada a vacina, como foi descoberta. Nós temos salas interativas onde as pessoas podem brincar com o tipo de vírus, o tipo de vacina, como se produz uma vacina. É todo interativo", diz Puorto, em meio ao evento de lançamento do museu.
2 de 3 Parte do Museu da Vacina, inaugurado pelo Instituto Butantan, em SP — Foto: ReproduçãoParte do Museu da Vacina, inaugurado pelo Instituto Butantan, em SP — Foto: Reprodução
Giuseppe conta que viu o Instituto Butantan se transformar ao longo de 50 anos, com ampliação de sua infraestrutura e o desenvolvimento de tecnologias. É por meio da interatividade que o Museu da Vacina pretende divulgar a importância de as pessoas estarem imunizadas. Além deste, o local possui outras quatro unidades em que apresenta parte da história da ciência.
O desafio inclui combater fake news e também a queda na cobertura vacinal do país, em especial das crianças. um levantamento aponta que 83% dos municípios brasileiros não atingiram a meta de algumas das mais importantes vacinas infantis em 2023.Três anos antes, eram menos de 60%.
No caso da Hepatite B em bebês de até 30 dias, só 10% dos municípios alcançaram a cobertura adequada.
💥️Leia também:
Para Giuseppe, o Instituto Butantan se adaptou ao longo das décadas para cumprir a sua função. Ele diz que a forma de recolocar o Brasil no grupo de países com mais de 90% de imunização é por meio da informação.
"O nosso foco principal é a comunicação. Tudo aquilo que nós produzimos aqui dentro, temos uma equipe de comunicação preparada para levar essa informação adiante e mostrar que a fake news existe, mas tem a verdade do outro lado", afirma o diretor do Instituto. "E a gente cada vez mais tem trazido informação para a população."
3 de 3 Trecho da exposição do Museu da Vacina, inaugurado pelo Instituto Butantan — Foto: DivulgaçãoTrecho da exposição do Museu da Vacina, inaugurado pelo Instituto Butantan — Foto: Divulgação
O museu foi inaugurado na terça (7), pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), um presidente que, ao longo da pandemia, atacou o Instituto Butantan e a vacina CoronaVac - produzida no local e chamada por ele de "vaChina".
Questionado sobre o fato de um ex-integrante de governo que adotou o negacionismo em relação às vacinas e à ciência, Giuseppe Puorto preferiu destacar a postura recente do governador, que na oportunidade disse que sempre acreditou na vacina.
"O governador está prestigiando a vacina, o Museu da Vacina e a vacinação, para nós é um orgulho muito grande. Está do nosso lado", afirmou.
O que você está lendo é [Há 50 anos no Instituto Butantan, diretor de museus defende informação para combater ataques a vacinas].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.
Wonderful comments