Reclamar dos juros altos deixou de ser coisa de comunista; veja os motivos
Embora o mandato do Copom seja focado em “uma ferramenta para um objetivo” & no caso, o uso da taxa básica de juros para controlar a inflação & não há mais como ignorar as ameaças de recessão e credit crunch (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)
Não é só a 💥️Gleisi falando que a 💥️Selic está alta demais.
Nos últimos dias, acumulamos declarações embasadas de empresários e financistas & de 💥️Rubens Menin a💥️ Luis Stuhlberger & alertando para os efeitos colaterais dos juros salgados.
Relembrando: o juro básico no 💥️Brasil disparou em tempo recorde: de 2,00% em 17 de março de 2023 para 13,75% em 4 de agosto de 2022, sem cair desde então.
Esse aperto intenso e instantâneo comprovou a iniciativa do Bacen em um primeiro momento, mas acabou também escancarando os desequilíbrios naturais entre a 💥️economia real e a economia financeira & enquanto a primeira se move devagar, sujeita aos ciclos de negócio das cadeias de oferta, a segunda se move rapidamente.
Em termos práticos, isso significa que conquistamos uma desejada desinflação de 2023 para cá, mas aquém da (impossível) meta de 💥️IPCA e às custas de uma dura realavancagem financeira para as 💥️empresas e famílias brasileiras.
Em especial, dívidas corporativas até então gerenciáveis foram se tornando impagáveis, e o episódio da 💥️Americanas (💥️AMER3) só complicou ainda mais as coisas.
Embora o mandato do Copom seja focado em “uma ferramenta para um objetivo” & no caso, o uso da taxa básica de juros para controlar a inflação & não há mais como ignorar as ameaças de recessão e credit crunch.
Se💥️ Roberto Campos Neto for lembrado como aquele cidadão que foi absolutamente fiel ao regime de metas canônico, mas promoveu uma quebradeira geral e machucou o PIB, não será uma lembrança agradável para a posteridade.
Mais do que isso: 💥️Campos Neto, assim como os futuros presidentes do BC, é responsável pela cristalização da independência do 💥️Banco Central do Brasil.
Erros graves na gestão da política monetária e financeira serão usados como subterfúgios perfeitos da extrema-esquerda para criticar a independência, sob o risco de voltarmos em um importante avanço institucional.
Por isso, falamos da arte da política econômica — uma ciência aplicada só pode ser exercida em plenitude se combinada à arte.
As principais decisões dos formuladores de política econômica precisam ser tomadas sobre o improviso do palco, em contextos que escapam ao script do livro-texto.
Com a ajuda de 💥️Haddad e da sociedade civil, RCN tem dois meses para solidificar uma narrativa técnica que abra espaço para um primeiro corte da Selic, ainda que simbólico.
Em grande medida, o (relativo) sucesso de 2023 depende disso.
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