Família mais rica do mundo investe em restaurantes e ciclismo
Seus investimentos marcam uma mudança em relação à geração anterior, hoje com mais de 60 ou 70 anos de idade (Imagem: Anita Pouchard Serra/Bloomberg)
Fundador da maior fortuna familiar do mundo, o falecido Sam Walton provavelmente ficaria perplexo com os negócios que seus netos escolheram, mas aplaudiria a iniciativa.
O neto Ben Walton, 44 anos, é dono da Zoma Capital, que investe em energia e água. Seus primos Steuart e Tom compraram a Rapha, uma marca britânica de padrão superior para ciclistas, por US$ 225 milhões em 2017. A Ropeswing Group, de Tom, opera uma variedade de restaurantes em Bentonville, no Estado americano de Arkansas, que tem os millennials como público-alvo.
“A família Walton educou a próxima geração como geração de empreendedores”, disse Byron Trott, fundador do banco comercial BDT Capital Partners, que assessora alguns dos clãs mais ricos do mundo.
Seus investimentos marcam uma mudança em relação à geração anterior, hoje com mais de 60 ou 70 anos de idade. Apesar da impressionante riqueza, Alice, Jim, Rob e o falecido John Walton mantiveram seus investimentos e empreendimentos longe dos holofotes. Mas isso está mudando à medida que os jovens ganham influência.
Os sinais mais visíveis estão na cidade natal. Bentonville tem bares e restaurantes da moda, incluindo o Holler, estabelecimento do tamanho de um armazém com pistas para jogar shuffleboard e hambúrgueres vegetarianos, e o Undercroft, um speakeasy sob uma igreja histórica que virou restaurante de primeira linha.
São todos empreendimentos da Ropeswing, que pretende transformar Bentonville em um destino preferido por jovens profissionais e suas famílias. Trilhas de bicicleta que cruzam os arredores da cidade são o primeiro passo nos planos de Tom e do irmão Steuart, ambos na faixa de 30 anos, para fazer de Bentonville uma Meca do ciclismo. Steuart é cofundador de uma fabricante de aviões para acrobacia e turismo. Um membro não identificado da família integra o conselho da FoodMaven, uma startup que vende alimentos excedentes com desconto e que tem os Walton entre seus investidores.
Kiki McLean, porta-voz da família, se recusou a comentar.
A gestão da transição de gerações é prioridade para os clãs mais abastados do planeta. Estudo publicado pela PwC em 2018 calcula que US$ 3,4 trilhões pertencentes a bilionários serão transferidos nas próximas duas décadas e o planejamento sucessório é preocupação dominante.
“Sucessão familiar é difícil”, reconhece Quentin Marshall, responsável pela área de private banking da Weatherbys. “À medida que a família cresce, os interesses divergem.”
Não há modelo que sirva para todos. Enquanto outras dinastias, como a dos Koch, tentam manter parentes no comando do negócio, os Walton há muito tempo terceirizaram a gestão da Walmart. Steuart e seu tio Rob, de 74 anos, integram o conselho, mas os demais concentram seus esforços longe da varejista.
Por ora, os investimentos do clã fora da Walmart representam uma fração da fortuna total, ancorada na rede fundada por Sam Walton em 1950. O veículo de investimento Walton Enterprises é dono de 50% da Walmart — a participação é avaliada em US$160 bilhões. Hoje aproximadamente US$ 40 bilhões de patrimônio familiar não envolvem ações da Walmart, segundo cálculos da Bloomberg.
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