Usina cooperada de Pernambuco mostra modelo podendo ser replicado ante outros fracassos
Usina parada no sertão cearense: onde deveria ter cana no entorno, tem mato e bananeiras
A nova safra de cana nordestina está pronta para começar e a Usina Coaf, de Pernambuco, já trabalha com previsão de superar em 123 mil toneladas (para 750 mil) a temporada passada. Tem sido assim, em alta (salvo prejuízos climáticos) desde que virou empresa cooperativada, em modelo de sucesso também replicado em outras duas unidades do Nordeste. Poderia haver uma quarta usina nessas condições, não fosse o gestor ter preferido outra solução.
O presidente da unidade e da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (parte deles são os cooperados), Alexandre Lima, usa o exemplo do fracasso da Usina Manoel Costa Filho, gerida pelo governo do Ceará, para defender o cooperativismo como uma alternativa a ser considerada para reativação de dezenas de unidades falidas ou em recuperação judicial Brasil afora.
Naturalmente não é em todo lugar que isso é possível – ou talvez mais no Nordeste, onde ainda há um contingente muito grande de fornecedores independentes, contra a minoria que restou no Centro-Sul.
A empresa do Cariri segue fechada 15 após o governo comprá-la. A intenção teria sido boa, já que era para botá-la para funcionar depois do fracasso dos antigos donos, só o modelo foi errado.
Sócio-economia
Na altura do governo de Cid Gomes, a União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), então presidida por Lima, apresentou os resultados promissores da Coaf (então ainda Cruangi), da Pumaty e Uruba (Pernambuco e Alagoas), não apenas em termos negócios, mas também, e por causa dele, como uma questão social, para um setor gerador de emprego na vasta região castigada do Nordeste.
“A Unida ainda defendeu que o cooperativismo deveria ser o modelo de gestão, envolvendo antigos engenhos do Cariri. Havia também até uma usina de PE interessada em tocar tais negócios”, recorda o produtor (da 6ª geração familiar), mas o Executivo cearense preferiu entregar a operação para um empresa neófita no setor. A Manoel Costa Filho, de Barbalha, já não tinha cana para moer, e tem menos ainda hoje, e a indústria está colapsando.
Também presidente da Feplana, a entidade nacional dos plantadores de cana, Lima lembra que a Coaf injetou cerca de R$ 143 milhões na economia da Zona da Mata Norte de Pernambuco na safra concluída em fevereiro/março últimos, além de agregar 450 cooperados. Majoritariamente pequenos produtores, seu familiares e milhares de outros cortadores de cana contratados por safra (por questões de topografia e até sócio-econômica não há colheita mecanizada).
Venda direta de etanol
Por falar nisso, a safra passada deu 627 mil toneladas e a que começará na quarta (28) deve chegar a 750 mil – dando a alta de 123 mil toneladas – contando com condições climáticas menos erráticas, especialmente nas canas que vão entrar em corte mais a frente.
A empresa de Timbaúba, como muitas das demais dos estados nordestinos, aguarda também a venda direta de etanol ser liberada aos postos para que haja ganhos de produção, na medida em que o etanol sem a intermediação das distribuidoras chegará mais barato às bombas.
Alexandre Lima, ao lado de Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar PE lideraram essa luta junto à ANP (que já deu parecer favorável), junto aos parlamentares (já há projeto do Senado aprovado, faltando passar na Câmara), juntos aos governos federal (falta fazer os ajustes tributários) e estaduais (Pernambuco e outras já fizeram as adequações tributárias) – e contra o peso das grandes empresas do Centro-Sul.
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