Sidnei Nehme: Se BC continuar fazendo mais do mesmo, dólar seguirá subindo dada a ineficácia!
Colunista faz análise sobre política monetária do Banco Central e seu impactos sobre a cotação do dólar
O mercado de câmbio à vista “pede” oferta de dólares “spot” pelo Banco Central do Brasil para suprir a carência do fluxo cambial, com o objetivo de mitigar a pressão advinda do custo do cupom cambial aviltado pela carência de fluxo e estreitamento da taxa de juro interna com a externa.
Simples e objetivamente assim!! Só isto!!
Sem nenhuma oferta “casada” de swaps cambiais reversos, nada mais, só ofertar dólares “spot” no mercado à vista. Não há necessidade de retirar liquidez do mercado futuro de dólar, deixa como está, pois a disfuncionalidade cederá com a queda do preço da moeda americana no mercado à vista, independente de qualquer ação focando ancorar o preço no mercado futuro.
A ação não precisaria ser programática como tem sido e que já antecipou a nova fase em setembro, mas sim firme e rápida, “cirúrgica”, para ser contundente e ter que explicar objetivamente e sem subterfúgios as causas e razões apenas uma vez, até porque o país tem notória situação de conforto no câmbio ostentada pela soberba posição de reservas cambiais, que lhe deixa imune a crises cambiais, mas naturalmente precisa ser utilizada comedidamente para tecnicamente evitar disfunções no mercado de câmbio ocasionado pelo fluxo cambial insuficiente no momento em que, ocorre também um fato inusitado nos últimos 10 anos, a taxa de juro interno está muito estreita em relação a do juro externo, com perspectivas de se tornar menor ainda o intervalo.
Faz 10 anos que o BC não precisava vender dólares ao mercado à vista de câmbio, mas como salientado, neste período também não teve a adversidade de fluxos cambiais insuficientes conjugados com juros internos e externos muito próximos e mais, tudo num ambiente de forte aversão ao risco em decorrência da crise global ensejado pelo conflito entre Estados Unidos e China.
Momento absolutamente atípico requer atitudes defensivas e estratégicas atípicas, mas precisam ser “letalmente” direcionadas ao ponto central da questão, sem delongas e sem constrangimentos, como parece conter na expressão utilizada pela autoridade: ✅“portanto sem afetar a posição cambial líquida do BCB”, que não é rigorosamente correta no nosso ponto de vista quando se trata de desembolso de moeda, pois a venda à vista envolve o dispêndio de moeda e o derivativo de “dólar sintético” (hedge) envolve uma operação referenciada em dólar mais liquidável por diferença em reais e não em dólares e que a autoridade está reduzindo o volume “em ser” no mercado com operação reversa, o que na essência são coisas diferentes, a despeito de tecnicamente ter impactos no mercado cambial.
A crise global que se iniciou comercial e se alastrou já envolvendo impactos nas atividades econômicas das principais potencias não é algo que se possa esperar encontre solução imediata, portanto não cabe esperar para adotar as medidas necessárias para evitar os impactos negativos no país, como a alta excessiva do preço da moeda americana no nosso mercado, até porque há um evidente problema operacional instalado no mercado cambial que requer a presença da autoridade monetária para ser solucionado, e este é o seu papel.
Não se trata de interferir na formação do preço do câmbio dentro da sua rotina, mas sim afastar da mesma situação pontual, anomalia, que provoca o seu travamento e formação inadequada aviltada de preço, ou seja, a disfuncionalidade.
Ilusório imaginar-se que o dólar alto beneficia as exportações pura e simplesmente. O Brasil é um exportador colonial por ser predominantemente agrícolas e metálicos, sendo raros os produtos competitivos com valor agregado, e assim sendo seus preços são formados em Bolsas de Mercadorias pelo mundo e naturalmente a formação é muito sensível ao que acontece nos países produtores o que, por vezes, contraria a visão primária, mas, evidentemente onera o custo dos insumos importados utilizados no plantio.
Há um hiato perceptível nos fluxos cambiais comerciais e financeiros para o Brasil, lamentavelmente de duração imprevista, mas sabidamente com perspectivas de superação lenta, então não se pode ficar esperando pelo que se sabe que não virá, sendo absolutamente inconsistentes as perspectivas de fluxos externos para a Bovespa na ocorrência de redução de juro americano pelo FED.
A volatilidade no mercado global e a incapacidade de se construir cenários prospectivos é absoluta, com tudo muito reflexivo em relação às declarações do Presidente Trump, que não permite que se vislumbre tendências.
Que preços terão os ativos? Os de ontem agregando os fatos novos de hoje!!!
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